A academia se tornou algo tão generalizado que, muitas vezes, sinto que estamos menosprezando os cuidados necessários na hora de realizar os exercícios físicos. Os instrutores perderam o valor e até mesmo o planejamento (traçado naquela ficha amarela que nunca saiu do arquivo desde a avaliação física) ganhou tons de capricho inútil. Se você se identificou com esse tipo de pensamento, aconselho fortemente a leitura da lista abaixo com bastante atenção antes, de sair reclamando que Deus te deu um corpo que não desenvolve.
1# Execução adequada é pouco valorizada
O fato de muitas pessoas não terem ideia do que estão fazendo ao realizar um movimento não é surpresa para ninguém. Acontece que o problema não está somente com os alunos, mas também com professores e instrutores, que orientam equivocadamente os movimentos mais complexos como o agachamento e o terra. Perigo à vista. Isso coloca a integridade física da pessoa em risco.
2# No pain, no gain, no brain
A velha frase do “sem dor, sem ganho” começa a ganhar novos limites. Recentemente, vi uma pessoa na academia fazendo 4-5 exercícios de bíceps com o maior esforço do mundo utilizando 14-16 kgs em uma rosca alternada – quando o ideal seria algo em torno da metade dessa carga. Não, isso não é produtivo. É preciso aliar inteligência ao treinamento.
3# Aluno sabe tudo
É comum observarmos pessoas (que acham) que sabem mais que os professores nas academias. Eles são formados em áreas não relacionadas à saúde e fizeram seus PHDs em fóruns da internet. Parece confiável, não?
4# Circo funcional
Nos dias atuais, o exercício funcional caiu na rotina: todos realizam algum tipo de movimento “funcional” em seu treinamento. Com isso, alguns entusiastas estão se superando nas invenções — e não estou me referindo à novos equipamentos ou modalidades. A criatividade humana surpreende e é capaz de gerar exercícios como, por exemplo, uma remada serrote com a mão de apoio na bola (sim, somente a outra mão na bola). Mas, ei, isso não é um exercício funcional.
5# 8 ou 80 na execução
Quando pesquisamos filosofias de treinamento, encontramos alguns pensamentos que valorizam execuções mega-lentas, concentradas, com muita consciência corporal e carga baixa. Por outro lado, existem as que pregam cargas elevadas, execuções roubadas e saúde articular zero. Mas se você quer resultados a curto, médio ou longo prazo, procure achar um equilíbrio entre ambos os pensamentos.
6# Medo dos exercícios livres
A valorização das máquinas é evidente: a academia com as máquinas mais bonitas é a melhor. Talvez por isso as pessoas estão cada vez menos realizando exercícios multi-articulares e livres. É comum observarmos pessoas que realizam cadeiras extensoras com toda a carga da máquina não ser capaz de fazer um agachamento. É uma pena, pois os exercícios livres são ótimos para adquirir consciência corporal e, principalmente, gerar um ganho de massa muscular e/ou auxiliar no emagrecimento.
7# Postura? O que é isso?
Todas as pessoas possuem algum desvio postural ou falta de mobilidade causado por um encurtamento, falta de força, genética ou hábitos inadequados. A verdade é que você pode treinar, ficar mais forte, aumentar sua massa muscular, emagrecer, sem melhorar a postura. Mas também é verdade que você se lesionará no caminho e sentirá dor e desconforto nas articulações. Para solucionar o problema, dedique-se a uma reeducação completa. Você pode achar bobagem, mas é melhor do que viver com dor quando ficar mais velho.
8# Professor YouTube
Nada mais comum do que pesquisar no YouTube sobre algum exercício que está gerando dúvidas. Mas muito cuidado com os vídeos que assiste. Procure ter certeza de que o que está sendo ensinado está correto. Assista a mais de um vídeo sobre o assunto, se informe sobre os autores. Não seja mais um na triste estatística do “eu vi um bodybuilder dizendo num vídeo que assim é melhor”.
9# Não sentir o movimento
Já ouviu alguém dizer que você tem que sentir o exercício? Isso não é filosofia barata. Se você está treinando adequadamente, sentirá as musculaturas que aquele movimento trabalha. Existem algumas pessoas que só sentem os músculos quando realizam exercícios isolados e outras que nunca sentem nada, já que a execução é péssima. Uma dica: não se encaixe em nenhum dos dois perfis.
10# Correr, correr, até emagrecer (ou lesionar)
A corrida é um esporte cada vez mais popular, Isso está, em parte, relacionado a um dos grandes problemas mundial: o sobrepeso. Por isso, é fundamental salientarmos que, antes de sair correndo igual a um maratonista, é preciso desenvolver um fortalecimento muscular, obter postura adequada e, no geral, aprender a fazer o exercício de forma correta. Mas o que vemos é o oposto: pessoas que já começam em nível profissional e só vão aprender o básico depois que se lesionam.
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