Sempre que alguém quiser discutir a definição de arte, esquive-se: entrar nessa é uma fria. Ainda mais quando for para classificar o que se encaixa nessa categoria e o que fica de fora. Mas quando o assunto envolver a apreciação artística, aí sim, pode se deliciar. A internet nos trouxe incontáveis benefícios e um deles é ver como existem pessoas que reúnem criatividade, habilidade e talento no mesmo pacote trabalhando das mais diversas maneiras. Pensando nisso, fizemos uma varredura na net para encontrar os artistas que apresentaram ao mundo as obras que mais impressionam nossos olhos, seja pelo talento, pela habilidade, pela criatividade ou pelas três qualidades juntas. Nossa lista é composta por 14 nomes, mas com certeza, a esse número poderiam ser acrescidos muitos zeros. Conhece algum artista contemporâneo incrível que não está aqui? Nos conte nos comentários.
#14 Heather Dewey-Hagborg
O trabalho dessa artista em si não tem nada de muito impressionante, com exceção de um projeto: o Stranger Visions. Heather é uma artista da informação, segundo seu próprio site, e se interessa em explorar a arte como forma de pesquisa pública. A ideia do Stranger Visions é tão maluca quanto genial: pegar material genético (chicletes e bitucas de cigarro) em lugares públicos, decodificar seu DNA e fazer uma escultura facial correspondente ao código encontrado. Os rostos não são idênticos aos donos daquilo que aparentemente era um lixo, “mas vão parecer mais um possível primo”, de acordo com a artista. Como eu disse: doido, mas genial.
#13 Anthony Howe
O trabalho de Anthony Howe é um tanto quanto hipnótico. Ok, você não vai perder a consciência, mas vai ficar observando o movimento de suas obras por um bom tempo antes de piscar. O que Howe faz é construir objetos que se movimentam com o vento. Acontece que esses objetos são simétricos e a forma como eles se mexem impressiona pela perfeição de sincronia. Parece que as peças, feitas de fibra de vidro e aço inoxidável, têm vida própria. Confira os vídeos e verá o que quero dizer.
#12 Ilana Yahav
“Eu ficava assistindo até o desenho desaparecer, percebendo que tudo é transitório e temporário.” Essa era a percepção que Ilana Yahav tinha quando assitia a onda apagar seus desenho na areia na época em que era criança. Ilana sempre foi artista, mexendo com esculturas, pinturas e artes plásticas no geral. Mas só depois de um tempo ela percebeu que seu caminho era mesmo com areia. Com uma habilidade impressionante, Yahav manipula, com as mãos, os grãos sobre uma mesa iluminada, formando imagens que contam histórias super dinâmicas. O engraçado é que a impressão que Ilana tinha da onda sobre seus desenhos na infância é a impressão que nós temos ao assistir o trabalho da artista: tudo é muito rápido, transitório e temporário. Mas a onda, nesse caso, é a própria Ilana.
#11 The Alternative Limb Project
Esse projeto entrou na lista tanto pela beleza quanto pelo potencial de utilidade. A cabeça do projeto é Sophie, uma moça que estudou Efeitos Especiais na London Arts Academy e trabalhou com próteses para filmes e séries de TV. Após isso trabalhou durante 8 anos fazendo próteses realistas para pessoas que tiveram seus membros amputados. Agora a artista tem seu próprio estúdio onde faz, além das próteses realistas, próteses surreais e irreais. “Uma prótese alternativa pode ajudar a quebrar as barreiras sociais, deliciar os olhos e oferecer um ponto de fala alternativo”, é o que acredita a moça. Acredito que quanto ao “ponto de fala alternativo” ela esteja se referindo à Stereo Leg, prótese que carrega um alto-falante. É sério, basta ver as fotos abaixo para ver até onde a moça vai.
#10 Scott Weaver
O máximo que eu fiz na minha vida com palitos de dente foi brincar do jogo do palitinho. E o máximo que Scott Weaver fez com palitos do mesmo tipo foi construir a cidade de São Francisco. Ok, Weaver é o cara e eu um simples bastardo — mas pelo menos eu economizei três mil horas da minha vida, pois foi esse o tempo que o rapaz calculou que precisou para terminar a obra de arte. Além disso, foram necessários também aproximadamente cem mil palitinhos e mais de 35 anos para finalizar o projeto (é claro que com descanso de anos durante o processo). Mas que o resultado ficou bonito e imponente, ah, isso ficou. Ou melhor, confuso e imponente. À primeira vista é difícil de entender aquele amontoado de palitinhos, mas aos poucos o cérebro vai captando (bem, mas bem aos poucos). Quando Weaver solta as bolinhas de ping-pong para passearem pelos quatro caminhos que construiu no meio da cidade fica ainda mais fácil de entendê-la. Assim, resta a nós, meros mortais, apreciar o Rolling Trough the Bay.
#9 James Corbett
Australiano nascido em Queenland, James Corbett faz esculturas com peças de carros velhos. Ele começou esse trabalho em 1999, em seu país natal, e passou a ganhar visibilidade imediatamente, tendo sua primeira exibição nesse mesmo ano. As obras de James vão de motos e carros a ovelhas e galos. O interessante é que o artista não deforma os pedaços de carros que utiliza no trabalho, ele procura manter a forma original das peças. “As próprias partes são muitas vezes interessantes. Algumas chegam a ter 80 anos”, diz o moço. James Corbett já ganhou diversos prêmios, já apareceu em grandes programas de TV e sua arte está espalhada pelo mundo todo.
#8 Nathan Sawaya
Eu tenho um pouco de inveja desse cara. Sempre que eu pegava as peças de lego na mão desejava construir algo magnífico, pois sabia que era possível, mas nunca passei das incríveis torres coloridas. Nathan Sawaya, no entanto, é capaz de produzir esculturas de pessoas com expressão. Detalhe: em tamanho real, apenas usando essas pecinhas que marcaram nossa infância. O trabalho do artista é realmente uma coisa de louco. Se não bastasse a habilidade e criatividade, Nathan ainda é capaz de sensibilizar e fazer refletir qualquer um que pare para admirar suas obras.
#7 Markus Reugels
O que esse rapaz, Markus Regel, faz é quase inacreditável. A ideia é muito simples e eu nem diria original: fotografar uma gota d’água em queda no momento de seu contato com alguma superfície líquida. Acontece que ele faz isso de uma forma tão caprichosa que em muitas fotos é quase impossível imaginar que está sendo registrado esse fenômeno aparentemente tão simples. Quando observamos a foto abaixo, como não imaginar um abajur? E como não pensar: “Mas como isso?” Pois é, meu amigo, simplesmente é isso. O rapaz ainda tem projetos bem interessantes, como o Refractions, onde ele capta alguma imagem dentro de uma gota d’água. Vale a pena conhecer.
#6 Maurizio Savini
O italiano Maurizio Savini é escultor, mas não usa mármore, granito, bronze, argila ou — sei lá — gelo em suas obras. Sabe o que ele usa? Goma de mascar. É, isso mesmo, chiclete. Segundo Savini, o material é muito mais versátil. Ele esquenta o chiclete para que fique mais manipulável e dá as formas para as esculturas com uma faca comum. O trabalho do artista já foi exposto nas cidades mais importantes do mundo, como Londres, Edimburgo, Roma e Berlim, e algumas peças alcançaram a bagatela de 40 mil libras (mais de cem mil reais) ao serem vendidas. É brincadeira?
#5 Dalton Ghetti
Dalton Ghetti é um carpinteiro brasileiro que vive nos Estados Unidos e está nessa profissão há décadas — mas podemos classificá-lo como artista tranquilamente. Dalton faz esculturas em lápis, focando, basicamente, no grafite. É uma arte quase microscópica. E, muito por conta disso, o trabalho impressiona. Os lápis que Ghetti utiliza para trabalhar são na maioria dos casos encontrados nas ruas e calçadas. As ferramentas de trabalho são uma agulha de costura, uma lâmina de metal pequena e triangular, uma luz bem forte (seja de lâmpada ou do sol) e o olho nu, nada de lupas. O artista trabalha em intervalos pequenos (de uma ou duas horas por dia) e geralmente demora meses para completar as obras. Mas teve um lápis que demorou dois anos e meio para ficar pronto. Dalton Ghetti não vende sua arte em ponta de lápis. Ele faz isso por hobby e diz que é uma forma de meditação que requer muita paciência. Os objetos ou ficam com ele ou servem de presentes para amigos. Se ele quiser me dar um, eu aceito.
#4 Michael Grab
Esse não é o trabalho mais criativo da lista, mas, certamente, um dos mais difíceis. Michael Grab é um rapaz que equilibra pedras. Somente — e tudo — isso. A forma como ele as equilibra é muito impressionante. “Gravity Glue [o nome do projeto] foi feito para registrar e partilhar minha experiência e jornada pela arte de equilibrar pedras. A gravidade é a única cola que segura essas estruturas em equilíbrio”, diz Grab. Além de ser arte, equilibrar pedras serve também como meditação. É necessário uma paciência sobrehumana para mantê-las nas posições incríveis que as fotos mostram.
#3 Federico Uribe
Esse cara usa qualquer coisa pra fazer suas esculturas: cabos elétricos, garfos descartáveis, cadarço de tênis, lápis, moedas, grampos e outras coisas que eu não consegui identificar. Federico Uribe nasceu em 1962 em Bogotá, Colômbia, e se formou em 1988 na Universidade de Los Andes. “Sua formação começou como pintor com telas sensuais e tristes influenciadas por suas reflexões negras sobre o senso de dor, culpa e sexualidade da Igreja Católica”, está escrito em seu site. Uribe fez uma exposição no Hudson River Museum chamada Fantasy River onde criou esculturas da natureza com tênis e livros. “Pessoas matam animais para fazer tênis e eu uso tênis para fazer animais. Pessoas cortam árvores para fazer livros e eu destruo livros para fazer árvores”. Dentre suas dezenas de trabalhos, um dos que mais chama a atenção é a Conectado, onde o artista utiliza cabos elétricos para fazer cenários incríveis. Sua obra é algo que realmente impressiona.
#2 Agricultores japoneses
Isso é incrível. Alguns agricultores japoneses decidiram cultivar arroz de vários tipos e cores diferentes organizando-os meticulosamente para formar desenhos que podem ser vistos quando observados por cima. Essa arte é chamada de Tambo Art e se iniciou em 1993 na vila de Inakadate, no Japão. Nesse ano foi descoberto, através de pesquisas arqueológicas, que o local serviu como plantação de arroz por mais de 2000 anos. Para honrar a cultura os agricultores locais resolveram cultivar o grão com 4 tipos diferentes que lhes permitiram produzir um grande desenho no campo. Para que fosse possível observar o trabalho, foi construída uma torre em um castelo de 22 metros de altura. O local hoje é alvo de turistas e em 2006 mais de duzentas mil pessoas foram visitar os campos de Inakadate.
#1 Brusspup
Brusspup é um cientista/ilusionista, mas que nós também chamamos de artista. Ele ficou famoso ao postar seus vídeos que apresentam experiências que, ao serem trabalhadas com cálculos precisos, confundem nossas mentes e causam impressões incríveis. Em um experimento que ele chamou de Resonance Experiment!, Brusspup utilizou uma placa metálica, areia e vibrações sonoras em diferentes frequências. O resultado surpreende aos nos mostrar que os grãos de areia se agrupam de um jeito específico conforme a frequência muda formando desenhos impressionantes. O trabalho até nos faz pensar sobre a inteligência da natureza. Parece que tem alguém organizando os grãos de areia, mas é apenas a vibração. Contudo, Brusspup não ganha o primeiro lugar de nossa lista somente pela Resonance Experiment!, mas por todo o seu trabalho que você pode conferir no canal dele no YouTube. Utilizando cálculos precisos o artista manipula o nosso cérebro de uma forma que em alguns casos é preciso voltar o vídeo repetidas vezes para entender o que realmente está acontecendo. Brusspup me impressionou. E a você?
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