Você é tão confiante quanto gostaria de ser? Todas as pessoas podem desenvolver a autoconfiança, contanto que dêem o seu melhor.
Como dizia o filósofo grego Epicteto, “a felicidade e as realizações pessoas são consequências naturais de atitudes corretas”, não um privilégio natural de determinadas pessoas, tampouco algo adquirido por acaso ou por sorte. O que importa é o trabalho em si mesmo, dia após dia. Tal trabalho nos lança em uma progressão de etapas que gradualmente nos deixa mais próximos de nossos ideais.
A autoconfiança, a liderança e o carisma são qualidades que podemos ensinar a nos próprios. Para sermos confiantes e nos sentirmos dispostos a dar o nosso melhor e a expor de modo franco nossos interesses e ideias, sem temermos a reação alheia, precisamos de coragem, integridade, imaginação e um coração resiliente.
OS LIMITES DA AUTOCONFIANÇA
E qual seria o limite dessa autoconfiança? A partir de que momento ela se tornaria algo excessivo e desagradável? “A autoconfiança e a auto-indulgência desenfreadas nos levarão ao perpétuo conflito com os outros, e são prejudiciais ao nosso caráter”, afirma Bryan Magee, “mas a inibição pode ser igualmente desvantajosa”.
Pense, portanto, em Aristóteles e em Buda, dois grandes homens da Antiguidade que, cada qual em seu local de origem, desenvolveram a doutrina do meio, segundo a qual a virtude é o ponto médio entre dois extremos. Entre a pretensão e a modéstia excessiva, podemos encontrar uma autoconfiança temperada com suavidade, e é esta a qualidade à qual devemos aspirar. Veja a seguir 18 dicas para desenvolver a sua autoconfiança:
1# RESISTA AOS PENSAMENTOS NEGATIVOS
Uma pesquisa realizada há alguns anos revelou que as pessoas têm cerca de 65 mil pensamentos diariamente, sendo que 85% a 90% destes são negativos e envolvem coisas com as quais nos preocupamos ou tememos. Entenda o fato de que o seu cérebro funciona dessa maneira, e mantenha a negatividade em seu devido lugar.
2# SAIBA ONDE QUER CHEGAR
Conhecer os seus objetivos é essencial para alimentar a sua autoconfiança e se tornar alguém mais propenso a atingir o topo – seja lá o que o “topo” signifique para você. Você deve saber o que quer e onde deseja chegar, e calcular as suas ações de maneira que estas se adequem aos propósitos pretendidos. Para tanto, é preciso que cultive quatro características: energia, confiança em sua própria capacidade, bom humor e habilidade de pensar por conta própria.
3# SAIBA SE ADAPTAR ÀS MUDANÇAS
O sucesso raramente despeja as suas bênçãos sobre aqueles que não possuem uma certa dose de flexibilidade. Ser mentalmente flexível é necessário, porque quando as circunstâncias são alteradas de maneira súbita, é crucial não entrarmos em pânico, mas sim sermos pragmáticos, buscando uma nova solução e nos adaptando rapidamente.
A ex-primeira dama dos Estados Unidos Eleanor Roosevelt afirmou certa vez: “Quase todas as grandes civilizações pereceram porque haviam se cristalizado, porque perderam a capacidade de se adaptar às novas condições, aos novos métodos e aos novos pontos de vista. É como se as pessoas tivessem preferido morrer a mudar. Nós precisamos aprender a pensar com frescor sobre o nosso novo mundo, libertar a nossa inteligência das garras do medo e fazê-la funcionar”.
Ou, seguindo a linha da filosofia estoica, lembre-se que as coisas não ocorrem no intuito de atender às nossas expectativas. Elas acontecem do jeito que devem acontecer.
4# ENTENDA QUE NEM TUDO ESTÁ SOB SEU CONTROLE
Acabamos de mencionar o fato de que temos que nos adaptar às circunstâncias, certo? Há uma outra questão que dialoga diretamente com essa – se você acreditar que possui domínio total sobre o mundo, seus esforços poderão ser frustrados e você correrá o risco de se tornar uma pessoa ansiosa e amargurada. Ao tentar evitar coisas inevitáveis, causará sofrimentos a si mesmo e aos outros.
5# NÃO DEPENDA DAS COISAS EXTERNAS
“As coisas que você possui podem ser excelentes”, diz Epicteto, “mas sua excelência pessoal não deriva delas”. Não apoie a sua autoconfiança naquilo que é externo a você. Em vez disso, desenvolva a sua musculatura interior.
6# AJA AGORA
Voltemo-nos para Eleanor Roosevelt, a ex-primeira dama dos Estados Unidos que mencionamos há alguns parágrafos. De acordo com ela: “À longo prazo, não há nada mais libertador, e nem experiência mais empolgante, do que determinar suas próprias posições, declará-las corajosamente e então agir com audácia. A ação possui a sua própria coragem, a sua própria energia, um crescimento de autoconfiança que não poderia ser adquirido de nenhuma outra maneira”.
7# APRENDA COM SEUS INSUCESSOS OU EQUÍVOCOS
Tudo o que acontece conosco deve ser visto de acordo com uma perspectiva voltada para o futuro, pois este só pode ser enfrentado através das lições que aprendemos no passado. Nós nem sempre acertaremos. Em alguns casos, a responsabilidade dos erros será nossa. Em outros, será de um outro indivíduo. Em determinadas ocasiões, as circunstâncias ou a falta da sorte nos terão prejudicado.
Mas não importa. Se você não for bem-sucedido na primeira tentativa, tente novamente. Para conquistarmos o que quer que seja, precisamos ter a humildade de tropeçar, de nos perder de vez em quando e de cometermos erros.
Em vez de personalizar um acontecimento e tirar conclusões desalentadoras no que se refere a si mesmo ou à humanidade, veja de que maneira pode tirar o melhor proveito possível de determinados aspectos do que ocorreu. É provável que encontre um benefício — como uma lição — menos evidente que um olhar mais sensível poderia discernir.
8# SEJA GENEROSO CONSIGO MESMO
Olhe ao seu redor. Pense nas principais conquistas de sua vida. Cada uma delas foi o fruto de sua capacidade, de seus talentos e de seu esforço. Do mesmo modo, evite se comparar o tempo inteiro com os outros nem com o que você gostaria de ser. Deseje ser a sua melhor versão – a sua versão mais atraente, esforçada e íntegra –, e não copiar um modelo ao qual não pode se adequar.
9# NÃO SE CONSIDERE UMA VÍTIMA
Quando passamos por certas situações, convencemos a nós mesmos de que os outros são indignos de nossa confiança, de nossa estima, de nosso amor. Aprendemos a julgá-los de maneira severa, mas somos indulgentes com a nossa própria pessoa.
“Eu pensei que, em um mundo corrupto, somente eu permanecera virtuoso”, declara um personagem de Kokoro, a obra-prima do escritor japonês Natsume Soseki. Obviamente, não era o caso.
De fato, há casos em que as pessoas são vítimas das circunstâncias. Em sociedades pouco igualitárias, nas quais as minorias não são devidamente respeitadas e representadas, isso ocorre com mais frequência. E vale a pena lutar para mudar isso. No entanto, lembre-se de não atribuir aos outros a responsabilidade das suas más ações. Tome em suas mãos as rédeas de sua vida e lide com as consequências.
10# CONTROLE A SUA CONFIANÇA
Um grau inaceitável de amor-próprio e uma confiança excessiva consistem num perfeito mapa rumo ao desastre. Preste atenção nessa descrição de um personagem de Ressurreição, do russo Tolstói: “A capacidade intelectual daquele homem era grande; mas a sua própria opinião a respeito de si mesmo era incomensuravelmente grandiosa e já havia ultrapassado há muito tempo as suas capacidades. Sua autoconfiança era tão grande que aqueles que o cercavam eram obrigados a se afastar ou a se submeter. Os camaradas o respeitavam por sua coragem e determinação, mas não gostavam dele”. São essas as coisas que você gostaria de ouvir a seu próprio respeito? Creio que não.
11# DIFERENCIE CONFIANÇA DE ORGULHO
Bruce Lee, o astro do cinema e das lutas marciais, dizia que “o orgulho é um senso de dignidade que deriva de algo que é externo a nós, enquanto a nossa autoestima é fruto de nossas potencialidades e de nossas conquistas”.
Quando temos muita dificuldade para conquistar uma dose adequada de autoestima, nós tendemos a nos afastar de nossa própria essência e nos tornarmos orgulhosos – sendo o orgulho, para o astro chinês, “o explosivo substituto para a autoestima”.
A autoconfiança e a arrogância são qualidades opostas. De modo geral, aqueles que estão confiantes de sua capacidade são os que criam uma ilusão de imponente autoconfiança, arrogância e autoridade opressiva.
12# ENTREGUE-SE DE CORPO E ALMA AOS DESAFIOS
Não desanime diante de um desafio. Ao contrário, faça com que sua confiança em si mesmo aumente com as dificuldades. Ao alimentar o seu temperamento empreendedor, colocar toda a sua alma no estudo de cada questão e trabalhar exaustivamente em busca dos seus objetivos, você conseguirá lidar com a maior parte dos problemas da vida.
O escritor espanhol Baltasár Gracián sugere: “Encare as tarefas fáceis como se fossem difíceis, e as difíceis como se fossem fáceis. No primeiro caso, a fim de que a sua confiança não adormeça; no segundo, para que ela não esmoreça”.
13# MONITORE A SUA MEMÓRIA
Em um tratado que deveria ser lido por todos nós, a Retórica, Aristóteles afirma que nós “experimentamos confiança quando acreditamos ter-nos saído sempre muito bem e não termos sofrido reveses, ou ter afrontado o perigo e dele escapado com segurança”.
É um excelente raciocínio, mas há uma maior complexidade nisso. Muitas vezes, a nossa memória não retém as informações exatamente como estas foram apresentadas a nós. Em vez disso, nós tendemos a extrair a essência da experiência e a guardá-la da maneira que nos parece fazer mais sentido.
Você já notou que pessoas que testemunharam o mesmo evento contam versões bastante diferentes a respeito dele? Muitas vezes, nenhuma delas está mentindo. O fato é que nós retemos as nossas lembranças de modo que estas dialoguem melhor com nossas crenças, valores e auto-imagem.
Por exemplo: se você tiver uma autoestima demasiadamente baixa, o seu cérebro tenderá a reter as informações que confirmam a sua falta de confiança. Não se esqueça que nem sempre a sua memória lhe providenciará uma informação muito precisa. É importante que você dê o seu melhor para ter uma perspectiva mais impessoal dos fatos.
14# AFASTE-SE DAS PESSOAS TÓXICAS
Sabe aquelas pessoas que são incapazes de nos fazer um elogio? Ou, o que é ainda pior, que estão sempre prontas para criticar-nos e para fazer com que nos sintamos pesarosos e infelizes em relação a nós mesmos e às coisas que fazemos?
Corte-as de sua vida ou estabeleça limites. O seu tempo e a sua energia lhe são muito preciosos e não podem ser desperdiçados com pessoas que não estão dispostas a apreciar a sua companhia e a compartilhar de seu sucesso ou felicidade.
No entanto, lembre-se de fugir de aduladores. É essencial que seus amigos o apoiem, e é igualmente importante que você faça o mesmo por eles, mas não tente se cercar única e exclusivamente por pessoas que alimentam e insuflam a sua vaidade. Aceite que, em sinal de confiança, aqueles com quem se importa lhe digam a verdade.
15# CUIDE DE SUA SAÚDE E DE SUA APARÊNCIA
Alimentar-se adequadamente, dormir bem e se exercitar são coisas que afetam, e muito, o nosso estado de espírito e a nossa produtividade. Ao mesmo tempo, nós nos sentimos mais confiantes quanto nos consideramos atraentes, belos e elegantes. Cuide de sua aparência, vista-se bem, ande com confiança.
Nesse sentido, penso sempre em um trecho do livro de memórias de uma das prostitutas mais famosas da Inglaterra de duzentos anos atrás, Harriette Wilson. Referindo-se a um de seus amantes, Lorde Ponsonby, célebre pela sua beleza aterradora, Harriette diz: “Tudo em Ponsonby indicava uma única coisa: sucesso. O rapaz mais inseguro teria se tornado confiante se tomasse emprestado o seu reflexo naquela noite – e ao lado do espelho ele se sentou, observando a sua própria imagem enquanto conversava comigo”.
Guardadas as proporções, siga o exemplo de Lorde Ponsonby e vista-se para o sucesso.
16# MANTENHA-SE INFORMADO
“Se suar com antecedência”, diz George Plimpton, um dos fundadores da revista The Paris Review, “não o fará no palco”. Plimpton referia-se a apresentações, mas podemos muito bem expandir as suas palavras e considerá-las em um sentido mais amplo.
Estar preparado e reter o máximo de conhecimento é importante para aumentar a sua autoconfiança. Leia, pratique, pesquise, ensaie, informe-se. Consulte livros, artigos e ensaios. Para Plimpton, somos sempre recompensados quando “agimos de modo consciencioso, nos preparamos adequadamente e estamos convictos das ideias que professamos”.
A curiosidade é uma qualidade que devemos estimular. Não se esqueça do que diz Dorothy Parker, a talentosa escritora e roteirista americana: “A cura para o tédio consiste na curiosidade, mas a curiosidade não tem cura”.
17# SAIA DE SUA ZONA DE CONFORTO
A zona de conforto nem sempre é algo ruim. Os seus benefícios são muito claros: uma felicidade regular, ainda que morna, e um grau reduzido de ansiedade e estresse.
No entanto, nem sempre a nossa zona de conforto envolve as melhores coisas para nós, e é importante aprendermos a deixá-la de tempos em tempos a fim de desenvolvermos novas habilidades e talentos, o que certamente nos deixará mais confiantes, porque nos ensinará a lidar com eventos inesperados e provará a nós mesmos que somos capazes de agir por contra própria.
18# CONTINUE A SEGUIR ESSE CAMINHO DIA APÓS DIA
A manutenção da autoestima é uma tarefa contínua que envolve todo o poder e todos os recursos íntimos de cada um de nós. Dia após dia, é necessário que continuemos a nos oferecer evidências de nossa força interior, de nossas conquistas e de nossa preciosidade.
Como em todos os processos, lembre-se que damos dois passos para a frente e um para trás. Em alguns dias, você se sentirá pior; se recomponha, obrigue-se a sorrir e siga em frente. Cumpra os seus deveres, alimente as suas melhores qualidades e é muito provável que a sua admiração por si próprio tenha se recuperado.