Imaginem a seguinte situação: você tem uma consulta médica e o consultório fica em um bairro movimentado. Você pega trânsito pesado, já chega meio atrasado e por estar com muita pressa estaciona na rua mesmo em uma vaga bem próxima ao prédio. Quando sai, alguns minutos depois, encontra seu carro se equilibrando em cima de singelos tijolinhos e sem as quatro rodas.
Visualizou? Infelizmente nas últimas semanas essa tem sido uma cena recorrente no trânsito de Porto Alegre. Muitos motoristas têm encontrado seus carros desse jeito. A polícia há pouco tempo havia desbaratado uma quadrilha que se especializara em depenar carros que ficavam muitos dias estacionados no aeroporto da cidade. Esses outros criminosos, no entanto, resolveram diversificar e andam metendo medo nas pessoas (esperemos que por pouco tempo).
Desnecessário narrar toda a via-sacra que o pobre coitado do condutor assaltado vai ter de percorrer para colocar seu carro rodando de novo. O ponto é que, salvo nessas situações inusitadas, nunca – ou quase nunca – damos muita importância para pneus. Vez ou outra fazemos os rodízios necessários quando somos avisados pelo mecânico ou algo assim. Mas, via de regra, muitos nem sabem ao certo que tipo de pneus seu carro utiliza.
Na verdade, todo pneu traz consigo um código de letras e números que explicam detalhadamente o seu propósito e seus limites. E entender o que esse código nos diz faz muita diferença na hora de escolher “sapatos” novos para nossa caranga. Eis então a explicação:
Onde fica o código ?
Preste atenção no pneu do seu carro e você verá uma inscrição em relevo, como essa do desenho acima. Ela é a identidade do seu pneu e contém todas as informações necessárias sobre ele, desde seu tipo de uso até a média de velocidade que suporta. Vamos usar o código acima como exemplo para nossa explicação: P225/45R17 91V
1# Tipo de veículo
A primeira letra do código, o “P”, indica o tipo de veículo para o qual esse pneu foi desenvolvido. A grande maioria que vemos por aí são de pneus do tipo “P”, que significa “Passengers”, ou seja, é um pneu de um veículo comum de passeio em que se enquadram carros, minivans, pick-ups leves com capacidade de até ½ tonelada e algumas SUVs. Os outros tipos que existem são:
2# Tamanho
O número que vem logo após a letra que determina o tipo, indica a largura do pneu em milímetros. É interessante ressaltar que, mesmo em países como os Estados Unidos que seguem um sistema métrico diferente do nosso (polegadas), essa medida é mostrada em milímetros. O fato é que a indústria de pneus utiliza o sistema métrico europeu que é mais difundido. No nosso caso, o pneu tem 225 mm de largura quando está montado.
3# Altura ou perfil
Logo após o número que indica o tamanho, temos outro número (45) precedido por uma barra separadora. Este número indica a medida da parede lateral do pneu, ou o perfil, como chamamos. A conta que se faz é a seguinte: mede-se o raio da roda, deste o aro central até o exterior da banda de rodagem do pneu. Depois mede-se o raio da parede lateral, ou seja, só a “parte pneu”. Feito isso, calcula-se o percentual de um sobre o outro.
No nosso exemplo, o número nos diz que o raio do pneu representa 45% do raio da roda. Quanto menor este valor, mais baixo é o perfil do pneu e mais “fininho” ele parece. Costumamos ver pneus assim em modelos esportivos e de alta performance.
4# Construção interna
Logo após o número 45 temos a letra “R”, e eu aposto que muitos pensariam que ela significa “raio”, certo? Pois essa letra define o tipo de construção interna do pneu e não o raio. Neste caso, o “R” significa que este é um pneu radial. Os outros dois tipos que existem são o “D” (tipo bias ply – ou de estrutura diagonal) e o “B” (tipo belted ou cinturado) que quase não são mais usados. Quer ver qual a diferença entre os radiais e os diagonais? Siga este link aqui, eu recomendo.
O raio da roda vem, sim, logo após o indicador de construção e ali no nosso exemplo temos que o pneu foi construído para “vestir” rodas de 17 polegadas. E vejam bem, esta medida é expressa em polegadas, não em centímetros. As medidas mais comuns de raios que existem são: 8, 10, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 26 e 28.
5# Índice de carga e taxa de velocidade
A última combinação do nosso código, o 91V, nos diz qual a carga e a velocidade máxima que o pneu suporta. Existe uma tabela de índice de carga que categoriza o peso máximo. O nosso número 91, no caso, corresponde a 615 kg.
A letra “V” é o indicador de velocidade máxima aprovada e também tem uma tabela de classificação. Note que, na tabela, as faixas VR e ZR possuem asteriscos indicando ressalvas.
Isso acontece porque os pneus construídos para estas faixas obedecem a critérios especiais que nem sempre seguem a tabela, logo, recomenda-se sempre consultar as especificações dos fabricantes – tanto do carro quanto do pneu.
A escolha do pneu certo para o carro é tão importante quanto a escolha do combustível que usamos. Por isso que sempre se recomenda cautela quando o assunto é trocar o jogo original por outro maior ou mais chamativo. Existem regras que nos garantem mais segurança, performance, menor custo e que precisam sempre ser levadas em conta neste momento. E conhecendo um pouco mais sobre a “linguagem” dos pneus, fica bem mais simples de compreendê-los.
Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
Saiba Mais