O texto “5 motivos para amar os irmãos Coen” foi publicado originalmente em agosto/2012; veja aqui mais artigos da série “Clássicos ELH”, uma coletânea de textos atemporais em comemoração ao aniversário de 10 anos do El Hombre.
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Podemos considerar um cineasta genial quando suas marcas tornam-se tão influentes que se transformam em um gênero por si só. Foi isso que os irmãos Coen fizeram para o cinema independente americano. Seja aliando humor a drama, criando personagens excêntricos discutindo coisas comuns, ou colocando pessoas mundanas em situações extraordinárias, é indiscutível o impacto dos Coen para todos os cineastas indies hoje em dia. Com a retrospectiva que está sendo organizada em São Paulo sobre eles, decidimos colocar 5 motivos para amá-los ou, em outros casos, odiá-los – já que o cinema bem característico dos irmãos pode polarizar opiniões.
Edição
A atmosfera nos filmes dos Coen deriva muito da edição feita na maioria das vezes por Tricia Cooke, mulher de Ethan. Grandes momentos de humor também saem nessas sequências, que as vezes têm um tom épico e sério dentro de uma situação totalmente contraditória e comum/bizarra. Lembra aquela abertura de Fargo, que parece de um grande western? Está aí um bom exemplo. O ritmo também é interessante, sendo muitas vezes lento ao mesmo tempo em que muitas informações estão sendo passadas e coisas vão acontecendo.
Fotografia
A parceria com Roger Deakins tem provado ser muito frutífera. Independentemente do gênero da vez, Deakins sempre sabe como filmar e encontrar planos interessantes, seja nos momentos mais poéticos como em Bravura Indômita, em thrillers como Queime Depois de Ler ou no surrealismo das trips de O Grande Lebowski. Provavelmente o maior feito do diretor de fotografia tenha sido em E aí, meu irmão, cadê você?, com o visual mais especial em todos os filmes dos irmãos.
Atores
Diga o que quiser dos Coen, mas os caras sabem escolher seu elenco. Parece que depois de encontrarem bons talentos, sabem como utilizá-los ao máximo, interpretando diferentes personagens. E, aparentemente, os atores também gostam de trabalhar com eles, sempre retornando com ótimas participações, seja em papéis grandes quanto pequenos, como foi com Steve Buscemi em Fargo e Grande Lebowski, por exemplo. Impossível não achar Jeff Bridges e John Goodman perfeitos em O Grande Lebowski ou chorar de rir com Brad Pitt em Queime Depois de Ler. O grandalhão sueco Peter Stormare arrancando risadas em Fargo foi uma descoberta de tirar o chapéu aos dois.
Mistura de gêneros
Os Coen, assim como a maioria dos grandes cineastas da história, já transitaram por todos os gêneros possíveis – espionagem em Queime Depois de Ler, musicais em E aí, meu irmão, cadê você? e westerns com Bravura Indômita, Onde os Fracos Não Têm Vez e outros. Mas as marcas de seu cinema sempre estão lá, principalmente nos momentos no humor ácido que fazem das situações em que seus personagens se encontram. Há humor nas ocasiões mais tensas de Fargo e Raising Arizona, por exemplo (dois filmes que, coincidentemente, envolvem sequestros). O que dizer de cineastas que reproduzem o estilo de Hitchcock em uma comédia? Ou da narração que dá um tom de conto em O Grande Lebowski? É nessa brincadeira de estilos que eles tiram humor e tornam suas obras especiais e diferentes.
Roteiro
Na maioria dos casos, as tramas dos filmes dos Coen envolvem um personagem mundano (em muitos casos um perdedor) se enfiando em uma situação extraordinária – por engano ou por acaso – que vai acarretando mais e mais confusões até um momento em que se torna insuportável – seja em comédias como O Grande Lebowski, ou thrillers como Onde os Fracos Não Têm Vez. Pode escrever: essa formulinha (no bom sentido) está sempre lá. E as situações incomuns nunca perdem sua criatividade, por isso continua dando certo. Um cara que paga para sua mulher ser sequestrada para ficar com o dinheiro da família, já que não tem coragem de pedir emprestado para o sogro? Só podia ser dos Coen.
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