Muitos de nós que já passaram da casa dos 30 lembram bem de como era andar de carro nas décadas de 70 e 80. Varios motoristas daquele tempo acreditavam, por exemplo, que o cinto de segurança era um item totalmente descartável em um automóvel e uns ainda diziam que, caso você se acidentasse, o cinto só serviria para prendê-lo dentro do carro enquanto ele estivesse pegando fogo.
Meu velho pai era uma dessas pessoas da antiga escola. Enquanto eu e meu irmão passeávamos com ele – no banco da frente, lógico – em seu flamante Ford Corcel II, ouvíamos estórias horríveis sobre os tais cintos. Naquele tempo não tínhamos cadeirinhas para crianças, airbags, ABS, nem barras de proteção lateral. Talvez por isso, via de regra, grande parte dos acidentes acabava sendo fatal.
Eis que então veio o progresso, as pessoas começaram a mudar seus conceitos em relação a muitas coisas e a indústria automotiva logicamente teve de acompanhar essa evolução. Assim como o design e a funcionalidade dos modelos, o item segurança passou a ser um ponto de incontestável preocupação dos fabricantes. A exigência por segurança cresceu e se tornou um forte critério de escolha na hora de uma compra. No final da década de 1990 organizações de apoio ao consumidor, como a NCAP, surgiam para analisar a segurança dos carros e categorizá-los neste quesito.
Hoje podemos ver com clareza que a cada novo lançamento os itens de segurança têm sido notadamente cada vez mais destacados e apontados como diferenciais. E com a evolução galopante da tecnologia eles se tornarão cada vez mais precisos e acessíveis a todos.
Eis alguns exemplos de dispositivos que já estão em uso e outros que ainda farão história.
1# Park Assist
Já existem alguns modelos em nosso mercado que trazem como opcional (um opcional por enquanto bem caro) um sistema conhecido como “Park Assist”, que consegue avaliar uma vaga de estacionamento qualquer, calcular se o seu carro cabe dentro dela e manobrar sozinho para se encaixar no lugar. O sistema não é 100% automático, o condutor ainda precisa controlar os pedais do freio e do acelerador.
No entanto, empresas como Nissan e Audi já tem protótipos que utilizam sistemas que vão muito além disso. Estes modelos são capazes de andar por todo um estacionamento, procurar por uma vaga e estacionar sozinho sem absolutamente nenhuma intervenção humana. Basta o condutor descer do carro, ativar o sistema via SmartPhone e pronto: lá vai a máquina se virar sozinha para achar de vagas. E depois, na hora de ir embora, o carro ainda vem buscá-lo. Simples assim.
Especialistas acreditam que até 2020 esse sistema vai equipar muitos modelos de luxo por aí.
2# Comandos de voz
Uma das tecnologias que tem ganho muita importância em termos de sistemas automotivos é o comando de voz. Com ele pode-se garantir que o motorista passe mais tempo com os olhos na estrada e as mãos no volante. Alguns modelos já vêm com essa novidade a bordo, mas ainda têm problemas em entender certas palavras, dada a complexidade e a diversidade de línguas e sotaques.
No entanto, a tecnologia tem melhorado cada vez mais e logo será parte integrante do sistema de GPS do automóvel, dispensando o ato de digitar um destino. Prepare-se, pois muito em breve vários botões do painel do seu carro vão sumir…
#3 Dispositivo para calibragem
Alguns modelos como o Nissan Altima, por exemplo, possuem sensores nos pneus que acionam a buzina com três rápidos toques para avisar quando a calibragem está perfeita. Basta colocar a mangueirinha no pneu e esperar pelo aviso. Além disso, você pode controlar pela tela do computador de bordo, em tempo real, a calibragem de cada uma das rodas.
#4 Vidros hidrofóbicos
Muito útil para lugares em que fatalmente você vai enfrentar chuvas fortes, os vidros à prova d’água (ou hidrofóbicos) agem literalmente expulsando a água de sua superfície. Basicamente, eles funcionam como as penas de um pato. A ave secreta uma substância que mantém as penas impermeabilizadas, impedindo que elas se encharquem e que o animal afunde.
Assim, mesmo que a chuva seja forte a água não consegue se depositar nos vidros. Isso diminui o trabalho das palhetas e mantém a visão do motorista mais clara em meio às tormentas. Alguns modelos da KIA Motors comercializados nos USA já usam esse recurso.
#5 Lane-Keep Assist
Conhecido como “Lane-Keep Assist”, esse sistema tem por função monitorar a trajetória do automóvel, avisando ao motorista por meio de um sinal sonoro agudo que ele esta invadindo a pista contrária.
É comum em casos de fadiga ao volante as pessoas acabarem adormecendo e deixar o carro rolar para a faixa ao lado inconscientemente. Os sensores utilizam as marcações da própria estrada como referência. Em alguns modelos da Mercedes são geradas pequenas vibrações no assento do motorista em sinal de alerta.
O VW Jetta utiliza um sistema que mapeia os olhos de quem está dirigindo em busca de sinais de cansaço e sugere pausas na condução quando entende ser necessário. O “Lane-Keep Assist” também monitora os pontos cegos do veículo, avisando da presença de motociclistas por exemplo.
#6 Detecção automática de pedestres
A Volvo é conhecida mundialmente por estar sempre um passo à frente em relação à segurança automotiva. Não é por acaso que os modelos da montadora sueca são mundialmente conhecidos pela primazia neste quesito. A maioria das grandes novidades neste setor vem dos laboratórios desses sujeitos. Como o airbag externo, por exemplo, que é acionado em casos de atropelamento e se infla sobre o capô para minimizar o impacto do pedestre contra o carro.
Este novo sistema da Volvo é capaz de detectar em tempo real quaisquer obstáculos que apareçam em frente ao veículo e acionar os freios automaticamente, sem a intervenção do motorista. Pode ser uma pessoa, um cone ou um bovino desavisado atravessando a estrada – tanto faz. Esse sistema também atua durante o funcionamento do piloto automático, mantendo uma distância segura do carro que vai à frente, controlando a velocidade do veículo.
A tecnologia provavelmente vai chegar ao ponto em que nos substituirá e nos possibilitará uma aposentadoria da posição de motoristas, nos tornando meros passageiros. E talvez seja essa a solução definitiva para os nossos problemas no trânsito, já que mudar atitudes e conceitos arraigados na cabeça das pessoas parece ser uma tarefa muito mais complicada do que criar um carro inteligente.