Don Draper é um dos anti-heróis mais fascinantes da história da TV. Se você nunca assistiu “Mad Men”, eis aqui um resumo: a série retrata os Estados Unidos da década de 1960, a Era de Ouro da publicidade no país.
Interpretado brilhantemente por Jon Hamm, Don é o diretor de criação da agência fictícia Sterling Cooper, localizada na Madison Avenue, em Nova York. Por isso o nome da série é “Mad Men”. As grandes agências de publicidade do país ficavam naquela área e seus profissionais eram chamados assim. Os homens da Mad.
Vários publicitários reais inspiraram o personagem – e muitas das histórias que vemos ao longo dos episódios de fato aconteceram. Por isso “Mad Men”, cujas 7 temporadas estão disponíveis no Netflix, é quase um documentário romanceado daquela época.
E podemos aprender muito com a série. Don é um cara bonitão, sedutor, bem-sucedido. Numa análise superficial, ele seria o modelo do homem perfeito que todos nós gostaríamos de ser. Mas ao prestar mais atenção ao personagem, podemos ver que ele também é depressivo, infeliz e melancólico.
Quais lições de vida podemos tirar, então, de um personagem tão complexo quanto Don Draper? Fizemos uma lista tomando o maior cuidado possível para não dar spoilers a quem ainda não assistiu “Mad Men”.
Uma das maiores virtudes de Don Draper é a confiança. Ele não se intimida com nada ou ninguém. Está sempre com uma postura segura, firme, decidida. Fala com propriedade e sem hesitação. Tanto nos relacionamentos amorosos, como nas relações profissionais, essa atitude faz Don se destacar dos outros. Por isso boa parte do seu sucesso pode ser creditada à autoconfiança.
Você já deve ter ouvido a expressão “separar meninos de homens” em alguma transmissão esportiva. Mas o que significa isso? A capacidade de crescer sob pressão. Como Michael Jordan, que tinha uma média de pontos maior nas finais da NBA – apesar da dificuldade superior dos jogos – do que na temporada regular.
Don apresenta essa mesma habilidade: ele gosta de desafios. Quando tem reunião com um cliente importante, Don leva seu jogo ao próximo nível e, muitas vezes, concebe ideias geniais durante a própria apresentação.
Mas não se deixe enganar pelas ideias inspiradas que Don às vezes tem no meio uma reunião difícil. A criatividade é fruto do conhecimento. Ele sempre prepara seus projetos com extremo esforço. É um pesquisador incansável. Isso que alimenta a sua inspiração.
Vamos falar, agora, sobre um problema sério de Don. Ou melhor: dois. Ele passa o dia inteiro fumando e bebendo. Na série isso é apresentado de uma maneira glamourizada. Acontece que na época os perigos do tabagismo e do alcoolismo não eram tão claros quanto hoje. Prova disso é que as propagandas de cigarro às vezes tinham a presença de médicos receitando tal marca ou outra.
Hoje, por outro lado, sabemos muito bem como os excessos da bebida e do cigarro fazem mal para a vida de uma pessoa. Então é preciso aprender a diferenciar as qualidades e os defeitos de Don. Os seus vícios, por mais que pareçam charmosos na série, são um problema muito sério. Não se iluda.
Sejamos honestos agora: Don não é um homem feliz de verdade. Pode até parecer que sim. Bonitão. Pegador. Bem-sucedido. Mas ao longo da série, dá para perceber que ele é melancólico e depressivo. Por quê? Don vive atormentado pelo seu passado.
Não existe felicidade sem paz de espírito, então os momentos de alegria dele são como oásis no meio de um deserto de melancolia. Don não se abre com ninguém e nunca procura ajuda para resolver seus problemas. Isso cria uma bola de neve emocional que só vai crescendo dentro dele.
Todos nós precisamos aprender a lidar com as nossas fraqueza e fragilidades. Afinal, ninguém escapa 100% delas. E não adianta fingir que elas não existem, porque isso só piora a situação. Don demora um pouco para aprender essa lição, mas num momento da série ele se dá conta disso.
Não poderíamos deixar de comentar, aqui no texto, a espetacular capacidade de Don Draper de projetar uma imagem pessoal de sucesso. Como o grande estadista romano Júlio César disse certa vez: “À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta.”
O mesmo conceito pode ser aplicado às nossas carreiras. Don é um publicitário formidável, com um poder de criação que beira a genialidade. E ele projeta uma imagem pessoal à altura, sempre impecavelmente estiloso e com uma linguagem corporal que demonstra a mais absoluta confiança em si mesmo.
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