De jogadores de futebol aos de pôquer, passando por lutadores de MMA e atletas das mais diversas natureza, já conheci dezenas de esportistas ao longo da minha carreira no jornalismo.
E posso afirmar, com segurança, que poucos me impressionaram como Vitor Belfort. Para citar um colega aqui de El Hombre, o cara é casca. Não digo isso apenas pelo seu currículo impressionante como lutador — mas também pela atitude e filosofia fora do octógono.
Conversei com Vitor ontem, durante um hangout promovido pela Netshoes. Minha ideia inicial era publicar um ping-pong aqui no site, como de costume. Mas pensei bem e cheguei à conclusão de que, em vez disso, melhor seria escrever as 6 razões pelas quais eu o admiro — para você, caro leitor, entender quem é o homem por trás do mito.
1# Ele realmente tem algo a dizer
Ao entrevistar um atleta, a coisa mais comum é ele se esquivar das perguntas com respostas políticas e sem sentido. Com Vitor? Não. E ele não apenas fala o que pensa — mas tem coisas interessantes a dizer. Por exemplo? Ao comentar sobre o ato racista que Daniel Alves sofreu, ele parafraseou líderes do movimento negro (Martin Luther King e Nelson Mandela), citou um caso da NBA e ainda sugeriu um filme sobre o tema, A História de uma Lenda, sobre o primeiro jogador negro do beisebol profissional americano.
2# A sua simpatia não é ensaiada
Eu jogo pôquer há 11 anos. E, modéstia a parte, percebo no ato quanto alguém está atuando e fingindo ser simpático, para fazer uma média com a imprensa. Vitor é o oposto disso: conversar como ele é como conversar com um amigo de infância no bar. “Quando eu chego em casa, às vezes falo com meus filhos sobre os fãs que conheci no dia”, disse. “Eu sei que é difícil acreditar nisso, mas é verdade. Vocês fazem parte da minha família.” Parece conversa mole? Talvez. Mas depois de dezenas de entrevistas, você passa a saber quando alguém realmente está sendo sincero. E Vitor, garanto, faz parte deste grupo.
3# O cara não foge da luta
“Quero lutar com o Jon Jones de novo”, disse ele. “Com certeza. Essa luta está entalada na minha garganta.” Marketing? Não, Vitor é um cara que não foge da luta. De verdade. Quando algum atleta se lesiona, ele rapidamente se oferece para o lugar, seja lá quanto tempo tiver de preparo — como aconteceu na primeira luta contra Jon Jones, quando Dan Henderson se machucou e ele assumiu o posto poucas semanas antes do evento. E Vitor está sempre desafiando quem aparecer pela frente, seja lá o peso ou o nome do adversário.
4# O legado é mais importante do que dinheiro para ele
“Não estou lutando por dinheiro, estou fazendo porque quero deixar um legado”, disse. “Meu único desejo pessoal é conquistar o cinturão. Quero ser o primeiro atleta a ter três títulos no UFC e fazer história.” Em tempos de Neymar fazendo propaganda de cueca até durante o jogo, é um alívio ouvir isso de alguém, não?
Para quem não sabe, em 1997 ele venceu o UFC aos 19 anos, quando a organização ainda era em formato de torneio e não havia divisão de peso, portanto um evento que se encaixa na categoria de peso-pesados. Depois, em 2004, tomou o cinturão dos meio-pesados de Randy Couture. E, agora, pode conquistar o dos médios contra Chris Weidman.
5# O otimismo é a sua bandeira
Vitor está hoje com 37 anos, uma idade delicada para atletas — a maioria dos esportistas chega ao seu ápice durante os 20 ou começo de 30. Quando a quarta década se aproxima, isso costuma significar decadência. Então perguntei: “Como você compara o Vitor de hoje com o de 10 anos atrás?” Ele respondeu que não acredita estar hoje no ápice — mas não porque esse tempo já passou e, sim, pois está para chegar. “Eu ainda vou melhorar muito mais”, disse. “Não existe limites para o ser humano, a prova disso são os recordes mundiais quebrados anos após ano.”
6# Sua fé em Deus é autêntica
Não sou um cara exatamente religioso, mas admiro quem é. Isso quando é uma fé autêntica, claro. Quantos atletas existem por aí que citam a palavra “Deus” em seus discursos com uma frequência irritante — e não sabem nada sobre religiosidade? Já Vitor é um cara que quase te converte à sua crença, tamanha é a propriedade e segurança com as quais fala de Deus. “Acreditando em energia ou não, se você colocar o dedo na tomada vai tomar um choque”, ele diz, numa referência bem humorada ao ateísmo.