Conforme os anos se passam, games antigos ficam cada vez mais cravados em nossas memórias, o que nos leva a diversos momentos pegar aquele jogo que você jogava há 10 ou 15 anos atrás para ter uma dose de nostalgia. O problema que ocorre junto a isso é que a maioria das companhias abandonam os clássicos que, quando são relançados em forma não-remake, não deixam de ser ports, adaptações para sistemas operacionais ou videogames recentes e, em alguns casos, mera emulação.
Para contornar a situação e acrescentar novas storylines novas, personagens, trilha sonora e conteúdo de jogabilidade exclusivo, fãs de todos os lugares do mundo decidem fazer suas próprias modificações, continuações “expansões não-oficiais” para títulos clássicos, muitas vezes superando remakes ou “remasterizações” não-oficiais (como é o caso daquela remasterização da trilogia 3D de GTA que nos encheu de falsas esperanças e, surpreendentemente, desapontou bastante).
Na lista de hoje, destacaremos 8 jogos clássicos com modificações não-oficiais fantásticas, com algumas recebendo aclamação pelas empresas originais, e outras… Nem tanto.
E pela extensa quantidade de MODs não-oficiais de extrema qualidade, pedimos desculpas de antemão por não ser factível incluir tantas aqui na nossa minúscula lista. Mas sem mais delongas, ao artigo!
O clássico Blood, que tem recebido bastante aclamação nos últimos anos e até uma remasterização pela Nightdive Studios nos anos recentes, recebeu duas expansões oficiais que seguiram seu lançamento: Cryptic Passage, autorizada feita por uma companhia externa, e Plasma Pak, produzida pela própria Monolith Productions – a desenvolvedora oficial de Blood.
No entanto, nenhuma das duas expansões oficiais superam a qualidade da não-oficial Death Wish, uma expansão feita por Dustin Twilley. Lançada na sua forma original em 2011, ela impressiona fortemente não só fãs do clássico cult da Monolith, mas também aqueles fãs de jogos de FPS clássico. Dustin desenvolveu todo o projeto/todas as fases sozinho, e sua expansão possui uma quantidade maravilhosa de detalhes para um jogo que roda em uma tecnologia de 1997, sendo considerada pela maioria dos fãs como a melhor modificação de Blood existente.
Entre 2017 e 2020, Dustin lançou versões atualizadas de Death Wish, com correções de bugs e fases novas. Atualmente, o autor continua trabalhando no projeto, com novos planos para o futuro. Em 2019, foi lançada a remasterização oficial de Blood para sistemas operacionais modernos (intitulada de “Blood: Fresh Supply”), com suporte total para Death Wish. Se você é fã de Blood ou de jogos FPS old-school, recomendamos que jogue assim que puder.
[Link do Death Wish no Moddb.com]
Grand Theft Auto 3D (ou simplesmente GTA3D), é uma das modificações mais ambiciosas e minuciosas já feitas para o primeiro game em 3D da famosa série de jogos de mundo aberto. O objetivo do MOD é tentar restaurar o jogo para seus estágios beta, isto é, para a versão “em desenvolvimento” do game.
Para realizar o trabalho, a extensa equipe de “modders” usou recursos como vídeos antigos de pré-lançamento do jogo, scans de revistas da época que anunciavam como o game estava naquele período e arquivos que não foram utilizados que permaneceram nos dados do game final. E como grande parte da modificação usa como base/referência as versões beta que não foram lançadas para o público em geral, os desenvolvedores de GTA 3D tiveram que criar cada um desses detalhes do zero.
A modificação só conta com a primeira ilha do jogo (Portland Island), já que foi a única em que houve exposição por parte da Rockstar Games na época de pré-lançamento. Mas toda a estética e conteúdo da beta foram recriados com maestria – o que inclui carros, personagens, armas, interface, etc. É impossível não admirar o que esses fãs estão fazendo aqui.
[Link/fórum da discussão do GTA3D]
Podemos seguramente dizer que Doom e Doom II são os jogos clássicos que mais receberam modificações, expansões e add-ons, já que sua popularidade dura quase três décadas. E não é de se surpreender que o site Doomworld.com, destaca os melhores WADs (as modificações para o game) lançados anualmente. Entre eles, encontra-se Memento Mori, uma expansão que adiciona 32 novas fases ao jogo, contando com uma excelente nova trilha sonora em MIDI muito bem escrita.
O primeiro Memento Mori (pois há uma sequel) foi lançado em 1995, um ano antes das expansões autorizadas/oficiais TNT: Evilution e The Plutonia Experiment, sem muita aclamação em relação aos mapas vistos nos jogos originais. O objetivo da equipe composta por 21 designers era criar um WAD com foco na jogatina cooperativa, embora possa ser jogado perfeitamente sozinho.
Os mapas são extremamente bem-feitos e capturam a essência de um produto oficial. Portanto, se você procura por um WAD para Doom II de extrema qualidade e fidelidade ao design do jogo original para jogar com amigos, Memento Mori é a primeira opção para se pensar.
Sua continuação, Memento Mori II, é igualmente boa, também podendo ser recomendada. É válido dizer que essas modificações gratuitas superam as mencionadas oficialmente lançadas para o game.
[Página de download do Memento Mori]
Esta modificação, feita por “modders” famosos de Nintendo 64 (em especial Kaze Emanuar, conhecido “inimigo” da Nintendo) é uma love letter para os fãs dos dois Zeldas lançados para o primeiro console totalmente em 3D da companhia japonesa.
The Missing Link é uma interquel, se passando após os eventos de Ocarina of Time e antes de Majora’s Mask, preenchendo o vão entre os dois games. Apesar da modificação ser curta (levando pouco mais de duas horas para ser finalizada pela maioria dos jogadores), a impressão que se tem é que este é um produto oficialmente feito pela Nintendo: além de incorporar elementos de jogabilidade dos dois jogos, o game também possui um visual e temática sombria, indo até um pouco mais além em relação ao Majora’s Mask (conhecido por ter como marca esses elementos), mas também tendo sua própria identidade. Mais uma vez, é impressionante o quão bem-feita é a modificação que pode ser considerada um game próprio.
Apesar de ser compatível com o console original e emuladores, infelizmente a Nintendo abriu um processo contra os três desenvolvedores do jogo, quebrando o site e o link que distribuíam a modificação. Na Internet, existem usuários que preservaram cópias da modificação. Não obstante, deixaremos apenas o vídeo do jogo completo como link.
[Gameplay completo de The Missing Link no YouTube (postado por ZeldaCentral)]
Enquanto a maioria das modificações não-oficiais são simplesmente ignoradas pelas empresas e outras recebem processos referente a infrações de direitos autorais, outras companhias chamam a atenção e conseguem transformar seu produto não-oficial em um produto comercial e oficial. Esse é o caso da antiga modificação The Forgotten, criada por uma pequena equipe de desenvolvedores independentes para Age of Empires II.
Em seus lançamentos iniciais, Age of Empires II: The Forgotten incluía campanhas novas, civilizações, melhorias na jogabilidade e fazia uma mistura de assets (gráficos) utilizados no primeiro Age of Empires com gráficos inteiramente novos para compor as unidades e construções vistas no jogo.
Após descobrir a existência da modificação, a Microsoft decidiu adquirir a companhia composta pelos fãs desenvolvedores e lançar o “mod” como uma expansão oficial. Para tanto, não só o The Forgotten está presente em todas as novas versões de Age of Empires II, como também a Forgotten Empires é responsável por todas as novas expansões de AOEII sob apoio da Microsoft. Seria muito bom se as demais companhias fizessem isso com pequenos desenvolvedores.
[Antigo site da Forgotten Empires]
[Página no Steam de Age of Empires II: The Definitive Edition]
Enquanto GTA 3D se propõe a recriar a forma beta de GTA III, a modificação Shine o’ Vice tem como objetivo ser uma continuação direta de Grand Theft Auto: Vice City.
O jogo se passa em 1987 (dois anos depois de Vice City) e possui seus próprios personagens, veículos, atmosfera (sendo aqui um misto de Vice City e Vice City Stories), missões, propriedades, novos elementos de jogabilidade e muito mais. E como o “mod” é uma continuação direta de Vice City, os desenvolvedores fizeram modificações sutis no mapa. Por exemplo, edifícios que se encontravam em construção do game oficial, que se passa em 1986, estão inteiramente completos na renderização da cidade de 1987.
A modificação é extremamente caprichada, feita aos moldes do jogo original de forma autêntica, mas sem jogar fora a atmosfera do clássico lançado em 2002, sendo talvez o maior e mais ambicioso mod para o game da Rockstar.
Shine o’ Vice ainda encontra-se em um estágio de desenvolvimento lento, mas uma demo com uma boa parcela do jogo já foi lançada por seus criadores no começo de 2019. Se você tem procurado por uma expansão para Vice City, parece que tem aqui a melhor resposta, com essa modificação tendo uma nota de 9.9/10 no ModDb.
Em mais um trabalho feito por Kaze Emanuar, temos Return to Yoshi’s Island, a mais ambiciosa e profissionalmente bem-feita modificação para Super Mario 64.
No jogo, que não possui qualquer relação com Super Mario World 2: Yoshi’s Island da Nintendo, Kaze quis implementar elementos e personagens dos novos jogos do mundo do Mario e ao mesmo tempo realizar diversas otimizações no jogo base.
Sumariamente, a modificação pode ser definida como um Super Mario 64 refinado, contendo mundos bem coloridos inteiramente novos, objetivos únicos superdivertidos e todas as características que fazem desse trabalho imperdível para aqueles que querem jogar um ‘novo’ SM64. É importante endereçar que o jogo também está em desenvolvimento, mas uma demo com bastante conteúdo já foi anunciada e postada pelo seu desenvolvedor.
Como já mencionado, Kaze tem tido problemas com a Nintendo devido seus “mods” ambiciosos e de larga escala. Então embora não tenha sido objetivamente tirado do ar, disponibilizamos aqui apenas o link correspondente ao vídeo/making-off da jogabilidade – neste caso, cortesia do próprio Kaze.
[Vídeo comentado do próprio desenvolvedor (Kaze Emanuar) no YouTube]
É impossível não falar de modificações e não citar Black Mesa, um mod que evoluiu para um remake não-oficial/autorizado do clássico Half-Life de 1998, e que recebeu aclamação universal pela sua qualidade extremamente profissional.
Desenvolvido como uma resposta ao “port” oficial da Valve de Half-Life de 2004 para a Source Engine (que basicamente transferia o antigo jogo para um novo motor gráfico com mínimas alterações), Black Mesa foi lançado como um mod gratuito em 2012 para Half-Life 2 por desenvolvedores independentes, que ficaram insatisfeito com o mínimo trabalho feito pela empresa. No entanto, Neste lançamento inicial o jogo se encontrava em um estágio preliminar/não-final, mas já era amplamente esperado por fãs que queriam um verdadeiro remake de Half-Life.
Impressionada com o trabalho feito pelos fãs, a Valve entrou em contato com a Crowbar Collective e fez um acordo para que fizessem do mod um lançamento oficial e comercial, tornando Black Mesa um dos raros casos de uma boa modificação transformando-se posteriormente em um remake de grande escala altamente profissional.
Após anos de desenvolvimento, Black Mesa recebeu lançamento oficial em Março de 2020 no próprio serviço da Valve, o Steam, com sua Definitive Edition chegando gratuitamente como uma atualização no final do mesmo ano, sendo facilmente uma das modificações feitas por fãs mais bem-sucedidas da história dos games.
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