Dizer “não” é um dos grandes desafios da vida, sabemos disso. Extretamente preocupados com nossa imagem, geralmente nosso impulso natural é o de querer agradar os outros. Não queremos ser visto como o cara inconveniente. Então dizemos “sim”.
Mas não devemos ter essa preocupação. A não ser que você esteja lidando com uma pessoa extretamente melindrada, a autenticidade é vista com bons olhos. Uma pessoa autêntica e bem intencionada é sempre muito valorizada, mesmo quando apresenta ideias que venham representar o papel do “não”.
E quando falamos de amizade, então essa história ganha um valor ainda mais significativo.
Não há maior demonstração de amizade do que jogar a real para o parceiro. Aqui não estamos mais falando do dizer “não” literalmente, mas de chamar a atenção sobre algo que não está legal.
Sim, eu sei que às vezes é incômodo ter que tocar em aspectos delicados da personalidade de alguém. Mas se você está vendo um camarada caminhando para o buraco, vai deixá-lo cair?
Pense se fosse com você: como se sentiria se em algum momento se desse mal e descobrisse que um amigo percebia a situação mas se manteve calado para não te magoar? Certamente que preferiria ter tomado um esporro quando ainda havia tempo para mudar algo – mesmo que, naquele instante, ficasse puto.
Amigo não é apenas para curtir uma breja ou sair para balada. Isso também se faz com pessoas recém conhecidas, que não têm vínculo contigo.
A qualidade de um verdadeiro parceiro está em ajudar nos podres, em cutucar feridas, em escancarar problemas. E isso se faz dizendo: “Cara, você está viajando, acorda para a vida”.
Se você tem dificuldade em fazer isso, experimente agir assim da próxima vez que tiver oportunidade. Talvez seu comparsa fique bravo – mas se for amigo mesmo, em pouco tempo vai entender seu ponto. E essa é a melhor recompensa.
Perceber que o amigo acolheu nossa observação e reconheceu nesse gesto um gesto de camaradagem é a resposta da amizade. O resto é curtição de colega de trabalho.