A difícil arte de fazer amigos reais no trabalho

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É possível fazer amigos no trabalho?

Sim, é possível. Mas não é fácil, pois não há nenhuma garantia de que as relações pessoais vão se aprofundar a tal ponto que a simples camaradagem entre colegas evolua até o nível da amizade, no melhor sentido do termo.

As redes sociais se encarregaram de banalizar o significado da palavra amigo. Qualquer “solicitação de amizade” aceita gerará um novo amigo, instantaneamente. Dia desses ouvi alguém dizer que ter muitos amigos na rede social seria o mesmo que ficar rico no Banco Imobiliário. Faz sentido.

A origem da palavra amizade vem do latim amicitia, que por sua vez está ligada a amico, que se conecta com o verbo amare. Como você pode perceber, há um nível de identificação muito maior entre pessoas que se consideram amigas, quando comparado aos simples conhecidos ou mesmo companheiros de equipe.

O ponto que considero fundamental na distinção entre amizade e coleguismo são os interesses que surgem em torno das relações interpessoais no trabalho. Em tese, a amizade é marcada por um forte grau de confiança mútua, identificação entre os envolvidos, existência de interesses comuns e um desprendimento em relação a qualquer possibilidade de obter algum tipo de vantagem material em troca do relacionamento.

A maioria das relações entre integrantes de uma empresa não chega a ser de amizade. O pragmatismo e a competitividade estimulados por vários tipos de ramos de negócio não deixam que a amizade verdadeira se desenvolva. Lembra daqueles pretensos “grandes amigos” que simplesmente se afastaram de você quando a empresa lhe demitiu? Não passavam de colegas de escritório, com os quais é comum manter um tipo de relacionamento apenas burocrático e altamente perecível.

A cada dia que passa, tenho chegado à conclusão de que é mais fácil conseguir inimigos que fazer amigos no trabalho.

Por isso, recomendo que você seja bastante cuidadoso no relacionamento interpessoal. Analise bem o perfil daqueles que se aproximam de você. Tente rastrear em suas palavras e atitudes as verdadeiras intenções ocultas. Evite compartilhar informações pessoais e sigilosas com gente que você interage pouco. O risco de sentir-se decepcionado com o “roubo” de uma ideia, ter um projeto sabotado ou perder uma promoção por ter seu nome queimado será iminente.

Amizades não são eventos e, sim, processos. Deixe o tempo fazer uma filtragem e lhe mostrar aqueles para os quais vale a pena usar o termo amigo. Provavelmente serão poucos, mas valerão muito.

Flávio Emílio Cavalcanti

Flávio Emílio Cavalcanti é professor universitário, consultor organizacional, administrador e mestre em Gestão de Recursos Humanos.

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