A Disney se especializou em comprar estúdios e empresas que se tornam subsidiárias da sua área de filmes. Foi assim com a Pixar, a Marvel Entertainment e, recentemente, a Lucas Films. Assim, ela consegue trabalhar em conjunto com outros estúdios bem estabelecidos e agrega-los à sua marca, auxiliando no marketing e distribuição.
A compra da Lucas Film, além de ter surpreendido a todos pelos valores envolvidos (estima-se que George Lucas tenha arrecadado, sozinho, US$ 4 bilhões com a transação), causou euforia aos fãs com o anúncio de que Star Wars ganharia uma nova trilogia, como continuação dos episódios IV, V e VI.
O grande objetivo do estúdio, obviamente, é conseguir adicionar à sua marca franquias que já têm sucesso e lucrar com a expansão deste universo – foi assim com a maioria dos super-heróis da Marvel culminando em Os Vingadores (que terá em 2015 sua sequência); o mesmo acontece na Pixar, que trouxe sequências de Toy Story, Carros (que esse ano terá companhia de um spin-off com o novo Planes) e Procurando Nemo (que terá a sequência Procurando Dory).
Isso tem seu lado positivo e negativo, na minha opinião. Enquanto não há dúvidas que essas são boas produções, a constante tentativa de voltar a elas (algo que vem sendo rotineiro em toda a indústria hollywoodiana), seja com sequências, prólogos ou derivados, traz sempre o risco de uma banalização ou reciclagem de histórias que já foram contadas, sem buscar nada novo – é claro que, na maioria dos casos, é preciso notar, isso não tem acontecido.
E já era de se imaginar que esse era o plano da Disney ao comprar a Lucas Films: aproveitar o legado de Star Wars. Tanto é que, não só o estúdio anunciou a nova trilogia, como também prometeu a produção de derivados – um filme baseado na vida de Yoda foi o primeiro rumor de um desses spin-offs.
A escolha de J.J. Abrams, criador de séries como Lost e diretor do reboot de Jornada nas Estrelas, pareceu acertada. Abrams, tido por muitos como um discípulo de Spielberg, já mostrou que entende do gênero, sabe trabalhar em produções dessa escala e é competente. A contratação de Michael Arndt, vencedor do Oscar por Pequena Miss Sunshine e autor de Toy Story 3, também foi um bom indicador.
Mas o deadline parece ser muito apertado para duas pessoas que devem imaginar o começo de uma nova trilogia (não se sabe se eles estarão envolvidos nos outros capítulos da série, mas, no caso de uma trilogia, o mais correto seria que estivessem já planejando toda a jornada), uma vez que o estúdio pretende lançar o Episódio VII no meio de 2015 – e, até onde sabemos, o roteiro sequer está pronto (muitos até apostavam que Abrams faria coro para um adiamento do lançamento do filme).
Se já não bastasse, essa semana a Disney anunciou que irá lançar um filme deste universo por ano, intercalando os episódios da nova trilogia com seus derivados (como o filme de Yoda citado anteriormente).
Por mais empolgante que esta notícia possa ser para os fãs da série, há sempre o risco de, com a constante produção destes capítulos e spin-offs e a polarização de vozes entre os cineastas envolvidos (como foi dito, Abrams ainda não sabe se fará parte da nova trilogia e com certeza não dirigirá seus derivados), acabe ocorrendo uma banalização de um universo que foi tão icônico na história do cinema.
É torcer para que a Disney e Lucas Films coloquem a qualidade desses filmes como prioridade ao invés de pensar apenas na bilheteria que eles inevitavelmente trarão – e esperar que a supervisão da nova presidente da Lucas Film, Kathleen Kennedy, tenha pulso firme para manter o legado de Lucas intacto e que a expansão desse universo faça jus ao que foi feito até hoje. O tempo dirá.
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