Quem me conhece um pouco mais sabe a importância do café na minha vida: não existo sem uma boa xícara de café. A qualquer hora do dia. Ele vai ser o pano de fundo da minha reflexão sobre o tempo.
Recentemente trouxe aqui artigos falando sobre a importância do tempo. E de como a vida e o mercado se movimentam em ciclos.
O mercado de café passou por diversos momentos e cumpriu uma jornada desenhada por diversos atores em diversos momentos.
Houve uma época, um pouco antes da virada do século, em que o café era oferecido como cortesia ao final da refeição. O garçom deixava em sua mesa um bule de inox com diversas xícaras e você consumia o seu café, quantas vezes desejasse. Lembro de meus almoços com clientes e fornecedores no centro antigo de São Paulo, recém chegado à cidade.
Como atuava com negócios internacionais, pude ver o movimento dos produtores de café gourmet, para inserção do café expresso nos restaurantes e cafeterias. Uma argumentação de qualidade e sofisticação, que gradativamente fez desaparecer o café coado dos restaurantes, assim como passou a coexistir, nas padarias, as opções de café espresso e coado.
Então veio uma nova onda, um novo ciclo, dos fabricantes de cápsulas de café. Surgiu inicialmente para residências, com máquinas e cápsulas exclusivas de cada sistema e depois começou a ocupar o espaço nos restaurantes, até surgir os serviços corporativos, para escritórios, bares e restaurantes.
As máquinas de cápsulas coexistem com as máquinas de café espresso de grãos moídos na hora, bem como com as cafeteiras de café coado. Cada tipo de estabelecimento, cada segmentação foi criando seu modelo. Assim vemos nas padarias máquinas de espresso de grãos junto com o café coado das cafeteiras. Nos restaurantes, ou usam máquinas de grãos ou de cápsulas. Nas cafeterias, há uma alternância entre grãos e cápsulas.
Pois há alguns anos começou um novo movimento: novamente liderando dos produtores de café gourmet, defendendo o retorno das máquinas de grãos nos restaurantes, alegando que os cafés em cápsulas têm bem menos qualidade que os blends feitos com grãos nobres. E que isso gera um desalinhamento com o propósito do restaurante, da gastronomia. Principalmente nos restaurantes de alta gastronomia.
Movimentos como estes são mais comuns do que percebemos. Eles acontecem cotidianamente com tecnologia, moda, alimentos, veículos…
Já tivemos diversos ciclos no segmento automotivo: primeiro fornecendo para empresas, depois estímulo ao consumidor, então frotas e locadoras de veículos (que são os maiores vendedores de carros usados do país), depois cada montadora criou seu serviço de assinatura de carro, para os clientes que não tinham interesse em comprar nem ter que cuidar de manutenção, seguro, impostos, etc… Passa a ser uma oferta de conveniência com a mesma relevância que a qualidade e performance do veículo.
Bem, o fato é que praticamente todas estas iniciativas foram bem sucedidas e possuem algo em comum: foram feitas para ter sua conversão a longo prazo.
Estratégias como essas utilizam alguns pilares essenciais para seu sucesso: (i) planejamento, (ii) propósito, (iii) processo, (iv) paciência, (v) perseverança, (vi) prudência e (vii) prontidão.
PLANEJAMENTO: Estudo e desenho prévio da estratégia, do passo a passo e resultados esperados com metas, responsáveis e prazos.
PROPÓSITO: Ter claro seu propósito e solução que vai oferecer ao mercado é importante para que todos estejam engajados e na mesma página. (“Mas Saade, por que propósito não vem primeiro?” Para deixar claro que ele é importante, mas sozinho não tem valor).
PROCESSO: Siga os processos. Sempre. Eles permitirão que a performance seja fluida, medida e melhorada.
PACIÊNCIA: Entender que há um tempo de maturação da estratégia e do negócio, bem como é necessário um tempo para o mercado conhecer e entender a sua oferta.
PRUDÊNCIA: O arrojo é super importante, na mesma medida da prudência. Um passo maior que a perna no começo do negócio pode colocar tudo a perder.
PERSEVERANÇA: Nem todos os passos da estratégia vão funcionar como previstos. É importante aprender com o erro, corrigir e seguir em frente, determinado.
PRONTIDÃO: Esteja sempre atento e pronto para ajustar o leme. A velocidade de reação no ajuste da rota, da estratégia, traz grandes ganhos e evita possíveis perdas de tempo, recursos e energia do time.
Hora de olhar para dentro: sua estratégia tem um horizonte de longo prazo? Você tem metas a alcançar no médio prazo? Tem passos a seguir diariamente?
Estratégico, tático e operacional trabalham juntos para o sucesso do seu negócio.
Mãos à obra.
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Artigo publicado originalmente na newsletter do autor Alessandro Saade no Linkedin
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