E finalmente o ano de 2015 chegou. Não apenas o ano de 2015, mas a data de 21 de outubro, que é justamente o dia em que Marty McFly e Doc Brown chegam ao futuro em De Volta para o Futuro II (1989).
Estava esperando ansiosamente essa oportunidade para escrever esse artigo.
O segundo filme é tido como o pior de todos e o mais cheio de furos. Mas o mais divertido dele não é isso – é observar como as pessoas da época — quase trinta anos atrás — imaginavam o que as aguardava.
1# Carros voadores
É a primeira inovação que vemos no filme. O projeto de um carro voador existe desde antes de 1999. Mas, até hoje, nunca foi posto em prática. Em primeiro lugar, devido aos custos; em segundo, pela regulação do trânsito aéreo, que envolveria criar pistas virtuais a determinadas altitudes, alto o suficiente para não atrapalhar os prédios.
A única forma de dirigir seria com pilotos automáticos, que seriam comandados por centrais, como aviões. Senão, é muito capaz de ter gente tirando rachas e se estatelando nos prédios.
E, enquanto não conseguimos sequer instalar o sistema de piloto automático no chão – embora já esteja em testes em alguns países da Europa – é muito improvável que consigamos carros voadores para as próximas décadas.
Se vier a ocorrer, de forma modesta, eu chutaria para depois de 2050. Mas acredito que a humanidade desenvolverá formas mais eficientes de tráfego até lá. Congestionamentos, porém, já eram previstos, até mesmo nas aerovias, como o Doc fala.
Uma curiosidade: o filme mostra a propaganda dos custos da conversão de um carro comum para um voador: uma bagatela de 40 mil dólares, que para 1985 era uma fortuna. Hoje este é o preço de um carro de luxo e duvido que a conversão custaria somente isso.
2# Binóculo com medição automática e óculos multinfuncionais
O Doc, quando chega, usa binóculos para identificar o filho de McFly. Eles focalizam o local e dão medidas instantâneas. Não sei se já está disponível para o público em geral, mas tenho certeza de que o exército já deve usar este tipo de tecnologia. Afinal, se já existem medidores a laser, por que não binóculos do tipo?
Os filhos de McFly também usam óculos multifuncionais, com televisão e telefone. A internet estava tão nos primórdios, que os criadores da trilogia não investiram muito nela — senão, com certeza, não seria telefone, mas sim voip e coisas do tipo.
De qualquer forma, este óculos já existem. Tudo bem que a versão do Google não deu muito certo, mas o jogo ainda está acontecendo.
Portanto, ponto para o filme.
3# Serviços automatizados
Não que barman, garçom ou frentista sejam atividades que não merecem respeito, mas o tão sonhado desejo da revolução industrial chegou para Hill Valley em 2015. Estas tarefas são totalmente automatizadas.
No entanto, ainda estamos longe disso – por que, eu ainda não sei. Já temos telas touch screen e interfaces com inteligência artificial que poderiam muito bem ocupar estes cargos. E, na falta disso, no Japão já existem robôs cuidadores de idosos.
Acho que só faltou alguém assistir ao filme para ter esta ideia…
4# Lixeira ambulante
Estilo R2D2. Só não serve para o sistema público, pois, no Brasil, não continuaria inteira por nem 2 horas.
Entretanto, já existem similares: desde robôs aspiradores, até programas para fechar a sua cortina da casa e desligar seus aparelhos em caso de chuva. Portanto, até agora, 2013 está melhor que 2015 neste quesito.
5# Hidratador alimentar
Este vamos ficar devendo. Nada de pegar uma pizza da Pizza Hut (que ainda continua de pé hoje em dia!) do tamanho de uma esfirra e transformá-la em uma pizza gigante em um aparelho da Black & Decker (que já foi melhor no mercado) em 2 segundos.
Fruto de uma época empolgada com o desenvolvimento de ração espacial, dá para entender de onde surgiu esta ideia. Mas, até hoje, não fomos muito mais longe do que o forno de microondas.
Uma pena. Bem que queria uma pizza em 2 segundos…
6# Controle por voz e fechadura com digital
Isto já não é novidade para ninguém. Especialmente para Bill Gates, que tem uma casa assim. Só não caiu na graça popular, mas até as televisões hoje em dia já aceitam comandos assim e com movimentos das mãos. E, no caso de Stephen Hawking, só do olhar.
Ponto para o filme, novamente.
7# Pagamento com a digital
Biff, perseguindo o Doc e Marty, paga o táxi em uma máquina igual à de cartão de crédito de hoje em dia, mas só usa a digital. Estamos caminhando para que isso se torne uma realidade na vida cotidiana. A PayPal e a Samsung, por exemplo, já têm uma parceria desenvolvendo esse mecanismo.
Mas, na prática, hoje no máximo podemos pagar com o celular. Acho que até 2020, se não antes, já teremos pagamento por digital.
8# Coleira que passeia sozinha com o cachorro
Pena que não existe. Ia economizar um bom tempo — e nos tornar ainda mais sedentários.
9# Televisões
Há várias no filme: de tela fina, que mostra vários canais ao mesmo tempo e atende o telefone; estilo retroprojetor; e pequenas. Todas elas, curiosamente, com um aparelho de fax acoplado (até na pasta de serviço!), que, convenhamos, já saiu de moda há muito tempo.
E nossas televisões dão de dez a zero nessas daí.
10# Hologramas
A famosa cena do Tubarão 19 engolindo Marty no meio da rua é clássica. E, até hoje, apenas de ficção.
A televisão avança a lentos passos para o 3D e, talvez algum dia, chegue aos hologramas. Mas com certeza ainda não esse ano. Quem sabe, 2025?
11# Hoverboards
Meu sonho de consumo, mas algo bem difícil de acontecer como no filme. A Lexus desenvolveu recentemente um hoverboard. É bem legal, só que sua movimentação se limita ao caminho traçado com os indutores de campo magnético. Algo ainda distante do meu sonho projetado no filme.
Infelizmente, até alguém criar um soro antigravidade, nada de hoverboards para nós. E isso, eu devo dizer, acho que nunca virá mesmo.
Portanto, das 11 previsões tecnológicas que temos aqui, o filme acertou 3,5 (considerando que perdeu meio ponto no quesito de televisões por causa do fax).
Já está melhor que muita quiromante por aí, não?
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