Afinal, o celular pode causar câncer? Apesar do assunto ainda gerar controvérsias, os estudos mais atuais sugerem que isso trata-se apenas de uma lenda urbana. Não todos eles, porém. Em maio de 2011, especialistas em câncer da Organização Mundial da Saúde, após revisão de diversos estudos relacionados ao tema, publicaram uma nota onde diziam que as evidências científicas sugeriam uma associação entre celulares e cânceres cerebrais. Como são raras as pessoas que dispensam o uso do aparelho no dia a dia, a notícia foi motivo de grande preocupação, principalmente para as empresas do ramo.
Contudo, os próprios cientistas reconheceram a necessidade de estudos mais profundos para que a conclusão pudesse ser considerada como definitiva. O maior problema desse tipo de pesquisa é que ela requer um prazo muito longo (possivelmente décadas) para que sejam observados, com segurança, os resultados da exposição do nosso organismo aos aparelhos móveis.
Um outro estudo realizado no final do ano passado em quatro países nórdicos (Finlândia, Suécia, Noruega e Dinamarca) trabalhou durante um período interessante: 20 anos. Eles usaram as estatísticas da incidência de gliomas (tumor do sistema nervoso central) nessas localidades, onde o mercado de celulares surgiu com força total precocemente, antes mesmo de países como Estados Unidos e França. Apesar do alto uso de celulares na Escandinávia há mais de 15 anos, os cânceres no sistema nervoso central não são comuns por ali.
Assim, somos levados a acreditar na impossibilidade da doença se desenvolver após um período de 10 anos usando celulares. Contudo, existem tipos raros de cânceres que demoram 20 anos ou mais para se manifestar – e, portanto, o estudo ainda é insuficiente para esgotar o assunto.
Segundo a Forbes, diversas pesquisas atuais têm mostrado que a relação entre um e outro não existe. Mas, ainda assim, há quem lute contra essa ideia. Para finalizar — e deixar tudo ainda mais confuso — um outro estudo divulgado em fevereiro último afirmou: “Os casos de glioma de longo prazo e alto uso cumulativo de telefones celulares tiveram sobrevida menor.” Isso afirma uma associação positiva entre o gadget e nossos cérebro.
Mas mesmo que estudos apareçam para comprovar a não relação entre um e outro, é sempre bom que fiquemos atentos. O problema não são só os celulares, mas qualquer aparelho radioativo — pois é justamente esse fator, a radioatividade, que causa problemas em nosso organismo. Televisões, monitores de computadores, microondas, equipamentos de raio-x, são apenas alguns dos aparelhos suspeitos. Bem, sabemos do tamanho da indústria de eletrônicos e podemos imaginar o prejuízo que as empresas teriam caso a ideia de que celulares, computadores e outros eletrônicos sejam prejudiciais à saúde se alastrasse. Podemos suspeitar, então, que as pesquisas que concluem a favor da não relação entre eletrônicos e cânceres possivelmente tenham alguma pitada dessas grandes empresas. Mas apenas suspeitar.
Tendo em mente tudo isso, para responder de forma certeira a pergunta do título, vamos ter que esperar um pouco mais. No entanto, se você é dos que preferem prevenir do que remediar, procure manter o celular longe do rosto usando fones — porque a única coisa de que temos certeza é que sem eles não dá para ficar.