Diz a lenda que a câmera da televisão aumenta as pessoas.
Após conhecer Anderson Silva pessoalmente, cheguei à conclusão de que isso é uma tolice.
Desde 2010, quando o Spider derrotou Demian Maia no UFC 112, não perdi uma luta sua. Nunca tive a ilusão de que ele era pequeno, obviamente. Estamos falando, afinal, de alguém com 1,88 metro de altura e 84 quilos.
Mas, ao vivo, o homem é um verdadeiro touro.
Ao cumprimentá-lo durante uma passagem do atleta por São Paulo, onde estava divulgando seu novo trabalho como embaixador da Duracell, fiquei até intimidado.
E pensei, imediatamente, no impacto que a solada no queixo de Vitor Belfort, pelo UFC 126, deve ter causado.
Se fosse eu ali, teria ido direto do octógono para o rabecão.
Graças a Deus sou um jornalista e não um lutador — portanto estava ali apenas para entrevistá-lo amigavelmente, não trocar uns sopapos com aquela mão que mais parece uma peça maciça de presunto cozido.
Dá para imaginá-lo precisando de alguém para o protegê-lo?
Difícil.
Mas Anderson contou ao El Hombre que, até hoje, essa é a relação que tem com seus irmãos mais velhos.
“Nunca fomos de brigar”, disse o atleta, fazendo uma referência à declaração de Arthur Jones de que ele sempre derrotara o seu irmão Jon na infância e de que poderia surrá-lo quando quisesse.
“Temos uma regra básica em casa: o mais velho protege sempre o caçula, que em troca acata suas ordens. É uma filosofia que se estende até hoje e que respeitamos muito.”
Em outras palavras?
Se mexer com Anderson não fosse intimidador o suficiente, você também teria de lidar com o sargente Elson Cardoso, 13 anos mais velho e ainda maior do que o Spider. Indigesto, não?
Além dos assuntos familiares, falamos também sobre outras coisas com o Anderson.
Entre elas, o cinturão dos médios, que ele perdeu para Chris Weidman em agosto passado, após 7 anos seguidos como campeão e 17 vitórias consecutivas no UFC.
“Estou torcendo muito para o Lyoto trazê-lo de volta para o Brasil”, afirmou. “Esse título é um patrimônio brasileiro e tem que ser mantido aqui.”
Se ele deseja disputá-lo novamente? “Não quero pensar nisso agora. Apenas pretendo voltar a lutar, sem me preocupar com o que pode acontecer lá para a frente. Mas se pintar a oportunidade no futuro, vou treinar forte como sempre para tentar vencer”, diz.
Seja lá quem for o adversário quando (e se) isso acontecer, eu não gostaria de estar em seu lugar.
Gosto demais do meu nariz para colocá-lo em rota de colisão com Anderson.
Ou, pior ainda, seu irmão Elson.