Um caipira, como o próprio se define, saiu de Atibaia e depois de trilhar um caminho árduo, que teve início no Brasil com uma trajetória pela República Dominica, chegou, ainda com muito gás e motivação, ao topo do beisebol internacional e tem ajudado o Brasil a ficar no mapa mundial da modalidade. O El Hombre conversou com André Rienzo, de 25 anos, arremessador do Chicago White Sox e o segundo brasileiro a chegar na Major League Baseball — a MLB, principal competição da modalidade no mundo.
Ao lado do batedor Yan Gomes, que segue no Cleveland Indians desde a temporada de 2012, André Rienzo conta como foi seu início no esporte. De 2006 até 2009, ele passou por categorias inferiores, já contratado pelo White Sox, até conseguir chegar aos Estados Unidos para continuar sua trajetória rumo à glória. Foi em agosto deste ano que o brasileiro conquistou seu espaço no time principal de Chicago e estreou na categoria à MLB. Aos hombres, André conta um pouco de seu caminho no beisebol:
Como foi o seu início no beisebol?
Minha mãe tinha três filhos homens e ela era sozinha para educar todos. Então ela resolveu colocar a gente no beisebol que é de uma colônia japonesa muito regrada e educada. Eu com os meus dois irmãos comecei no beisebol com quatro anos de idade. No começo eu ia meio forçado porque era obrigado a ir. Foi assim que começou meu caminho e hoje tem mais de 20 anos que pratico beisebol pelo Brasil.
Como foi parar nos EUA?
Joguei aqui no Brasil e morei um ano e meio na academia em Ibiúna, que é o centro de formação de jogadores de beisebol do Brasil. Aprendi muito, cresci demais no esporte e como pessoa. E enquanto estava lá teve o interesse do Seattle Mariners, que queria me levar quando estava terminando o terceiro colegial. Meu pai não aceitou, porque ele disse que antes teria que terminar os estudos. Aí quando eu terminei o terceiro colegial o interesse deu uma dispersada, porque tinham contratado outro jogador. Aí veio o interesse do White Sox e deu certo. Eles me contrataram e em 2007 eu estava na Republica Dominicana jogando por este que é meu clube atualmente.
Antes da MLB tiveram algumas longas etapas…
Coloca longa nisso! [rs] Foram sete etapas. A primeiro foi a República Dominicana e depois mais seis ligas inferiores. É difícil chegar no topo. Hoje eu agradeço por ter conseguido. No meu primeiro ano eram 30 atletas por quarto, cada um de um lugar do mundo. Foi uma experiência de vida.
Já está no topo. Agora é tranquilo?
Que nada. Agora é tão difícil quanto no começo. Tive a abertura de uma porta, mostrei quem eu sou, a qualidade que eu tenho no beisebol e o que posso evoluir. Mas a cada ano é um novo desafio porque é preciso garantir a vaga.
Como é ser um jogador no Brasil?
Quem quer fazer do esporte uma profissão aqui no Brasil já começou errado. A gente joga porque ama o esporte e no começo tirávamos dinheiro do nosso bolso para jogar. Aqui no Brasil é preciso pagar para começar. Então tem que gostar muito.
Para o brasileiro é ainda mais difícil, não é?
Para a gente chegar é ainda mais difícil que qualquer outro. Lá eles, em forma de brincadeira, fazem um deboche, entre aspas. Pedem para que a gente pegue a bola e faça embaixadinhas. É uma forma, mais simples, de perguntar o que eu estou fazendo lá já que no meu país não tem gente boa no beisebol. Temos que passar por cima disso também para jogar.
Só você e o Yan Gomes conseguiram chegar à MLB. Qual o tamanho da satisfação?
É uma emoção muito grande. No primeiro jogo sabia que não podia olhar para a torcida, caso contrário, perderia o foco porque é uma emoção muito grande. O coração estava acelerado. Vieram lágrimas de alegria e de satisfação por tudo que passei. Tenho certeza que outros brasileiros aparecerão para fazer companhia para a gente e assim colocarmos o Brasil no mapa do beisebol mundial.
Por fim, e o teu futuro na MLB?
É chegar agora na pré-temporada da melhor maneira possível. Eu começo a pré-temporada com chances de ficar e também de estar fora. É manter o que eu estava fazendo e esperar a decisão dos chefões. Se eles me mandarem para a categoria de baixo, vou respeitar. Mas vou lutar até o fim para não deixar isso acontecer.