Paulo Sérgio Oliveira da Silva, o Serginho, entrou em campo naquele 27 de outubro para, infelizmente, fechar as cortinas de seu próprio espetáculo.
O que traiu Serginho foi seu coração, o órgão que simboliza a essência do homem – e por sinal ele tinha um enorme, daqueles que cabe muita gente – sofreu uma entrada dura, de beque desleal, digna de vermelho direto. Cartão vermelho para aquele 27 de outubro, para a ambulância que não estava lá e demorou a chegar; nunca houve tantos vermelhos como naquele dia.
Foi aos 15 minutos. O mal súbito deu o tom do soar de um apito derradeiro. O cronômetro do jogo da vida estava na marca dos 30 do primeiro tempo para Serginho. 30 anos de batalhas, mas também de alegrias, tragicamente furtados em uma noite de quarta-feira, da mesma forma como comemoramos um gol segundos antes de ser mal anulado pelo árbitro: uma alegria indescritível, mas efêmera. Silenciou-se abruptamente o grito de felicidade; um Morumbi em festa se calou. Assim como em jogo bom, 30 minutos passaram voando, porém intensos e muito bem jogados.
O placar mostrava goleada: Serginho dava de 10! Mas a partida acabou bem antes do tempo regulamentar, não houve acréscimos, as luzes foram se ofuscando pouco a pouco, o apito final, uma arena em breu… Substituição no Morumbi: sai Serginho, entra a saudade. Esta virou titular.
O jogo para Serginho continua, talvez em um relvado mais belo, mais verde… Um dia, na noite de uma quarta-feira qualquer, estaremos nas arquibancadas para vibrar com os lances de um zagueiro que sempre jogou com o coração.
Para ele, a partida segue – em outro estádio, diga-se de passagem. Passaram poucos atacantes por ele. O que se passou serviu de lição.
Mas era para ele ter vencido naquele 27 de outubro de 2004.