Atendo no consultório muitos pacientes com dores intratáveis nas costas, pernas e pescoço. Quando lhes digo que o problema está na cama, a maioria deles não acredita – mas, quando resolvem pôr à prova o que falei, depois vêm me agradecer. E você, sabe qual é a forma correta de se dormir? Porque não basta apenas se jogar na cama de qualquer jeito. Por isso decidimos fazer um guia das melhores posições para se dormir.
1# Costas: É a mais tradicional, porém, é uma das que mais causa problemas. Além de predispor ao ronco, se a cervical e a lombar não estiverem apoiadas da forma correta, podem ocorrer dores. Assim, se você for uma pessoa que dorme mais de barriga para cima, adote um travesseiro adequado (hoje em dia, vendem travesseiros para cada tipo de posição de dormir: de costas, de lado ou bruços) e comece a colocar outro travesseiro, de média altura, sob os joelhos. Ele vai bascular a sua bacia para frente e aliviar a tensão da lombar. Um travesseiro para a cabeça muito elevado, nesta posição, pode piorar e muito o seu ronco e o refluxo pós-alimentar. Por isso, cuidado na hora de escolher.
2# Lado: A posição de lado é excelente para dormir. Entretanto, para ser adequada, além do travesseiro certo, é preciso passar o travesseiro de sob os joelhos para entre eles. Isto vai adequar a sua coxa que fica por cima, evitando repuxar o quadril e aliviando a carga nele e na lombar. Também é importante adotar um travesseiro baixo a médio, de acordo com o seu tamanho, para apoiar o braço que fica por cima. Com isso, evita-se a sobrecarga no ombro e na coluna cervical. Dormir com o braço inferior por baixo do travesseiro é mau negócio; você com certeza irá acordar com uma mão ou braço adormecido. O ideal é deixar os dois braços simétricos, à sua frente. O mesmo vale para as pernas. É interessante saber, também, que dormir do lado esquerdo do corpo diminui o refluxo, pela própria posição anatômica do estômago, enquanto as outras posições pioram.
3# Bruços: É a pior posição para se dormir, mas tem gente que não consegue dormir de outra forma. Virar a cabeça para o lado, para poder respirar, é a solução, mas, se for feito com um travesseiro, força demais o pescoço, o que pode causar dores e até mesmo comprometimento motor do seu braço. Desta forma, deve ser usado um travesseiro muito baixo (de acordo com o tamanho do seu tórax, para não deixar a cabeça inclinada para baixo) ou nenhum. Além disso, os braços devem ficar para baixo, esticados ao longo do corpo, e não para cima, ou vão adormecer ao longo da noite. E nem pense em colocá-los embaixo do tórax – é fria! Vai precisar de ajuda para se virar de manhã. A posição de bruços também força muito a lombar. A única forma de compensar a curvatura excessiva é puxar o travesseiro da perna e colocá-lo sob a barriga. Com isso, a coluna ficará alinhada.
Quanto ao colchão, não existe um modelo melhor ou pior que o outro; é a gosto do freguês. Entretanto, atualmente já não se recomendam mais aqueles ortopédicos, que eram feitos apenas de uma placa de madeira com pano. É importante tomar o cuidado de virar e girar o seu colchão com frequência, para não tomar o formato do corpo, e trocá-lo quando já estiver afundando. A curvatura que se forma por causa do peso do corpo é o que geralmente causa mais dores no usuário.
Por fim, vale a pena falar também sobre o travesseiro. Do ponto de vista médico, pelo acúmulo de pó, fungos e outros micro-organismos, recomenda-se trocá-lo no máximo a cada dois anos. E, do ponto de vista ortopédico, quando ele perdeu a sua consistência – ou seja, está mole demais, baixo demais ou virou só um bolo de enchimento de cada lado – está na hora de trocar. Também não existe travesseiro melhor do que o outro – contudo, atualmente não se recomendam mais os travesseiros de pena e pluma, pois não dão sustentação suficiente para a cabeça.
