Cassius Marcellus Coolidge (1844-1934) foi um pintor americano que, apesar de não ter a dimensão artística de um Monet ou um Van Gogh, certamente é o artistas mais querido entre os apostadores.
A razão? Ele imortalizou o pôquer canino numa série de nove quadros históricos.
Entre 1903 e 1934, o ano de sua morte, Coolidge produziu a série “Cachorros Jogando Pôquer” para a empresa Brown & Bigelow, uma fornecedora de calendários e artigos promocionais.
São cenas clássicas do pôquer pré-Texas Hold’em: sala pouco iluminada, jogadores fumando charuto, copos de uísque na mesa. E, eventualmente, uma fêmea surrando seu companheiro ao flagrá-lo numa sessão de cartas.
Só que, no lugar de homens, buldogues, boxers e etc.
Das 16 telas da série, sete não retratam o pôquer em si. Elas mostram os cães gamblers em situações diversas, como um baile ou uma partida de sinuca.
Num dos quadros, intitulado “Um Cachorro Solteiro”, um collie está sentando numa poltrona confortável, fumando charuto, com um drink ao lado. Ele lê o jornal do dia e, pelo contexto da série, supõe-se que esteja relaxando antes – ou depois – de alguma jogatina.
Um dos quadros mais famosos de Coolidge, “A Simpatia no Pôquer”, mostra um buldogue esparramado na cadeira e sete cachorros rindo dele. O motivo é que o azarado fez quadra de ases e encontrou um adversário com straight flush – o pesadelo de qualquer jogador de Pôquer Fechado.
O poble buldogue, aliás, foi uma vítima regular do pintor. Em duas telas (“Sua Estação e Quatro Ases” e “Oprimido Com Quatro Ases”), ele tinha quadra e a mão foi interrompida antes de ser concluída. No primeiro caso, porque o trem em que a partida corria chegara à estação; no segundo, pois uma batida policial acabou com a diversão da turma.
O senso de humor é marcante na série, especialmente no caso de “Fazendo Companhia a Um Amigo Doente”. Na pintura, um grupo de quatro cachorros estaria, supostamente, dando suporte a um quinto colega doente, como sugere o título.
Mas duas cadelas terrier descobriram o real motivo do encontro – o pôquer – e decidiram encerrar a partida de maneira nada amistosa. Um dos parceiros, ao tentar escapar de fininho, apanhou de guarda-chuva.
“Cachorros Jogando Pôquer” virou cultura pop.
As cenas criadas por Coolidge hoje estampam canecas, calendários e os mais variados tipos de souvenir. Em forma de pôster, decoram paredes de cassinos e clubes de pôquer ao redor do mundo.
Mas, se é fácil ter uma cópia dos quadros de Coolidge, ter os originais é duro – e caríssimo.
Que diga o dono de “Um Blefe Arrojado” e “Waterloo”. Em fevereiro de 2005, o par foi a leilão na Doyle New York. A expectativa era de que fossem vendidos juntos por US$ 30 mil. Quando o martelo bateu, porém, o lance vencedor havia sido de US$ 600 mil.
O comprador? Ninguém sabe, pois tratava-se de colecionador privado e anônimo.