A pandemia mudou muita coisa nas nossas vidas. A calistenia foi uma alternativa para manter a forma durante essa época, com exercícios que usavam o próprio corpo e não requeriam experiência própria. Bem simples e prático, virou moda e é adotado até hoje por muitos. Mas muitas dúvidas surgem conforme a modalidade torna-se popular, e há muita desinformação.
A prática da calistenia é muito antiga, e tornou-se uma modalidade oficial para promoção da resistência muscular natural em meados dos anos 1820. O princípio básico é usar o próprio peso do corpo como resistência a ser vencida além de não depender de nenhum tipo de equipamento ou sequer um local específico.
Por isso ficou muito popular durante a pandemia, por ser muito simples de iniciar. Mas junto dela, vieram vários mitos e ideias fantasiosas, como ela sendo uma substituta definitiva para academia, que promove hipertrofia muscular tal qual um praticante de musculação ou mesmo ganhos rápidos, e até mesmo que ela pode ser praticada por qualquer um sem restrições. Uma fórmula mágica talvez para promover a estética corporal junto com funcionalidade, mas não é bem assim…
Ela substitui a musculação de forma definitiva?
Depende. Se o seu objetivo é hipertrofia, ou seja, músculos grandes e definidos, a calistenia não é a melhor forma de promover esse resultado. Corpos mais voltados aos parecidos com os de bodybuilders só podem ser conquistados através da musculação. É necessário pesos muito maiores do que o corpo pode oferecer de acordo com o exercício.
Um agachamento por exemplo, dentro da calistenia, sempre será o do seu corpo, enquanto numa academia, aparelhos podem oferecer cargas muito maiores, promovendo assim a evolução de força física, além do incremento do volume e densidade muscular.
A calistenia sozinha pode oferecer, desde que você seja sedentário, hipertrofia e força, mas há um platô que é alcançado muito antes do que de um praticante de musculação, e que acabaria exigindo um volume de treino muito grande, com repetições passando da casa da centena. Logo, ela não pode ser uma substituta definitiva para a musculação, mas pode ser uma forma de iniciar a adoção de um estilo de vida com exercícios físicos de resistência, ou de forma concomitante com a musculação, como uma forma alternativa de treinamento, quebrando a rotina.
Você ganha músculos de forma rápida?
Se você é uma pessoa sedentária, que nunca praticou nenhum tipo de exercício de força ou musculação, os primeiros meses são fantásticos e promovem um aumento significativo na força e no tamanho dos músculos. Mas esse fator ocorre com praticamente qualquer tipo de exercício de força. Independentemente da prática calistênica ou de musculação, o indivíduo terá resultados.
Ao passo que a musculação permite o aumento das cargas, criando um cenário linear de ganhos por um longo período, a calistenia atinge um platô muito cedo, e para aumentar o volume de treinamento, realizando a manutenção dos ganhos, o praticante recorrerá ao aumento da quantidade de séries e repetições dos exercícios, ao ponto de um dia de treinamento poder atingir uma carga horária muito grande. Portante inicialmente pode até promover tanto quanto um aluno de musculação, mas logo a curva de ganhos se achata e requer cada vez mais tempo investido.
Qualquer pessoa pode praticar?
Tecnicamente, qualquer pessoa que pode praticar musculação pode praticar a calistenia. Um dos erros mais comuns e propagados durante a pandemia, e que promoviam a modalidade, era a sua indicação irrestrita. A calistenia no final das contas é uma forma de exercício físico vigoroso e requer alguns cuidados antes do início da prática.
Individuos com problemas cardíacos, problemas em ligamentos ou nas articulações, devem procurar um médico especializado antes de iniciar, para poder elaborar melhor a rotina de treinamento, que pode ser criada a fim de contornar o problema ou até mesmo tratar. A praticidade e simplicidade dos exercícios não deve ser confundida com a permissão irrestrita do tipo de exerício calistênico.
