• Carro voador da Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer, fez um voo experimental em São Paulo.
• O trajeto partiu da região da Faria Lima e simulou uma viagem até o aeroporto de Guarulhos.
• A Embraer confirmou que pretende iniciar as operações comerciais com esse tipo de veículo até 2026.
A paisagem da cidade de São Paulo ganhou um toque futurista nesta semana. A Embraer, por meio de sua subsidiária Eve Air Mobility, realizou o primeiro voo de demonstração do carro voador que vem desenvolvendo há anos. A rota simulada foi de um dos centros financeiros da capital, a Faria Lima, até o aeroporto de Guarulhos, usando um helicóptero adaptado para representar o futuro veículo elétrico de decolagem vertical (eVTOL).
Embora o veículo definitivo ainda esteja em fase de construção, a simulação visou demonstrar o potencial de integração desse novo modal à malha urbana, com foco em deslocamentos rápidos e sustentáveis em grandes centros urbanos. A ideia da empresa é iniciar as operações comerciais com os eVTOLs até 2026, com voos curtos e frequentes, voltados principalmente ao transporte executivo.
A proposta da Embraer com o carro voador
Segundo a Autoesporte, o voo de demonstração durou 6 minutos e percorreu cerca de 30 quilômetros, simulando o trajeto mais rápido entre a Zona Oeste e o aeroporto de Guarulhos. A experiência, embora feita com um helicóptero convencional, reproduziu as condições de voo, embarque e desembarque planejadas para os futuros veículos elétricos. A estrutura de embarque foi montada no heliponto da Azul Conecta, na Faria Lima, e a de chegada, no heliponto da Voom no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
O veículo definitivo, que está sendo desenvolvido pela Eve, será 100% elétrico, com capacidade para quatro passageiros e um piloto. O objetivo é que ele seja mais silencioso, leve e econômico do que um helicóptero tradicional, com emissões zero de carbono. A proposta da Embraer é posicionar-se como uma das líderes na chamada “mobilidade aérea urbana”, segmento que vem atraindo o interesse de empresas do mundo inteiro, como Airbus, Joby Aviation e Lilium.
A operação é pensada para funcionar por meio de aplicativos, como os serviços de transporte por aplicativo já existentes, com reservas antecipadas e valores ainda não divulgados. A promessa é de tarifas mais acessíveis do que as de táxis aéreos convencionais, facilitando o uso frequente por um público mais amplo.
Parceria com empresas e investimentos no setor
A Eve tem buscado parcerias estratégicas para viabilizar a operação dos eVTOLs. De acordo com a Autoesporte, a empresa já firmou acordos com companhias como Azul, Helisul e Flapper, que poderão atuar na operação dos voos. Além disso, tem investido em pesquisas com foco em infraestrutura, como a criação dos chamados “vertiportos”, pontos de pouso e decolagem adaptados para esse novo tipo de aeronave.
O modelo que está sendo desenvolvido ainda precisa passar por certificações nacionais e internacionais. A Eve informou que já trabalha com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e outras autoridades regulatórias para garantir a homologação necessária até 2026. Segundo a Embraer, a montagem do primeiro protótipo já começou em Taubaté, no interior de São Paulo, e os testes com o veículo real devem ocorrer ao longo do próximo ano.
Internacionalmente, os eVTOLs também estão sendo testados em países como Estados Unidos, Alemanha e Emirados Árabes. A corrida tecnológica envolve desafios como autonomia de voo, segurança, integração com o espaço aéreo urbano e aceitação social. Mesmo assim, o setor tem atraído bilhões de dólares em investimentos, com a promessa de revolucionar o transporte em cidades congestionadas.
Planejamento urbano e impacto na mobilidade
Além da inovação tecnológica, o uso de carros voadores depende de uma profunda transformação na logística urbana. De acordo com o G1, a Eve já iniciou conversas com a Prefeitura de São Paulo para estudar a integração desses veículos à mobilidade urbana da cidade. O planejamento prevê a utilização de helipontos já existentes e a construção de novos pontos de embarque e desembarque em regiões estratégicas da capital.
O impacto na mobilidade urbana pode ser significativo. Estima-se que um trajeto como Faria Lima–Guarulhos, que pode levar mais de uma hora em horários de pico, seja feito em poucos minutos por eVTOL. A proposta também mira a sustentabilidade: os veículos são elétricos e prometem operar com baixo ruído, o que reduziria o impacto sonoro nas áreas residenciais.
Mesmo com o entusiasmo, especialistas alertam para a complexidade da implantação desse tipo de transporte. Segundo a CNN Brasil, será preciso adaptar o tráfego aéreo urbano, criar regras específicas de segurança, garantir o treinamento de pilotos e fiscalizar os operadores. Também há o desafio de tornar o serviço financeiramente viável e acessível, para não se limitar a um público de alta renda.
A expectativa da Embraer é realizar os primeiros voos comerciais no Brasil, aproveitando a ampla rede de helipontos já existente em São Paulo, que abriga mais de 400 locais homologados. A cidade também é considerada um dos maiores mercados de táxi aéreo do mundo, o que torna o ambiente propício para a adoção dessa tecnologia.
Curiosidades
• A Embraer foi fundada em 1969 e é uma das maiores fabricantes de jatos comerciais do mundo. A criação da Eve marca sua entrada no setor de mobilidade aérea urbana.
• Os eVTOLs são projetados para ter autonomia de até 100 km com uma única carga. Eles usam múltiplos rotores elétricos, o que aumenta a estabilidade do voo.
• A região da Faria Lima é um dos principais polos financeiros do Brasil. Por isso, foi escolhida como ponto de partida simbólico para a demonstração do carro voador.