Carros que dirigem sozinhos já são realidade de um futuro próximo

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Quem já ultrapassou a casa dos 30 anos lembra bem do famoso seriado de TV chamado Knight Rider – ou A Super Máquina como ficou conhecido aqui no Brasil.

Nele, o astro principal era um Pontiac Trans AM preto dotado de uma inteligência artificial quase humana que atendia pelo nome de K.I.T.T, uma super lataria capaz de resistir a todo tipo de munição e que ainda contava com uma série de acessórios que o permitiam dar saltos absurdos e atingir velocidades impossíveis.

Usando toda essa tecnologia, K.I.T.T. era utilizado como um perseverante combatente do crime e se transformou no sonho de quase toda a molecada apaixonada por carros da época. Afinal de contas, o que poderia ser melhor do que possuir um carro ultra moderno, bonito e que ainda podia conversar com você como se fosse outra pessoa.

Sempre imaginávamos se um dia a nossa tecnologia chegaria a tal patamar e agora, com o avanço supersônico da indústria eletrônica – e o anúncio quase que diário de novidades que beiram a ficção -, concluímos que a chance de vermos alguns K.I.T.T.s rodando por aí em nossas ruas é pura questão de tempo.

O primeiro grande passo, que foi a chegada dos veículos elétricos, já foi dado e agora alguns dos maiores fabricantes de automóveis do mundo têm investido pesado na novidade que promete ser a próxima grande revolução do setor: o carro autônomo.

E se os protótipos que têm sido testados atualmente ainda estão um pouco longe de serem “super máquinas” da vida real, pode-se dizer que eles têm avançado cada dia mais rapidamente neste sentido.

O CONCEITO

Como o próprio nome diz, o carro autônomo vai ter como principal função dispensar o motorista.

E isso, na visão dos fabricantes, vai aumentar em muito a segurança da condução e diminuir drasticamente os acidentes de trânsito. E com menos acidentes também vêm a economia de recursos, pois teremos menos gastos com seguro e tratamento médico de vítimas, por exemplo.

Pessoas se distraem, máquinas não. Além disso, ter um carro que nos leve a qualquer lugar que apontarmos, além de nos dar mais tempo livre para fazer outras coisas, com certeza aliviaria em muito o nosso stress.

COMO FUNCIONAM

O ato de dirigir compreende, basicamente, o aprimoramento da visão espacial, dos reflexos e do uso dos nossos sentidos – audição e visão.

Todas as informações são absorvidas e tratadas pelo nosso cérebro que toma as decisões (quando frear, quando acelerar, etc) em milionésimos de segundo.

Basicamente podemos dizer que o desafio do carro autônomo é emular um cérebro humano praticando esta atividade.

Logo, um modelo autônomo é equipado com dezenas de sensores, câmeras e scanners a laser ao redor de toda sua carroceria que têm por função fazer as vezes de olhos e ouvidos do sistema.

Todas as informações colhidas por estes aparelhos vão para um computador de bordo que as utiliza para tomar as ações necessárias. São utilizados equipamentos de última geração, chips ultra rápidos e algoritmos complexos capazes de definir quando se deve andar, onde se deve parar e etc.

O sistema de condução autônoma mantém o carro na pista correta literalmente “lendo” as marcações delimitadoras pintadas no chão. Ele é capaz de manter uma distância segura do veículo que trafega à frente, controlando a velocidade e acionando os freios sempre que o outro carro diminuir ou parar.

Acrescente à lista de habilidades o ato de estacionar sozinho, o controle do consumo, a escolha das melhores rotas, o sistema de controle de obstáculos que toma ações evasivas caso algo – ou alguém – cruzar na frente do veículo e teremos um verdadeiro motorista robô à nossa inteira disposição.

A única tarefa que o condutor humano terá, será de informar o destino ao GPS.

PRINCIPAIS PROTÓTIPOS

Apesar do fato de termos grandes montadoras trabalhando em projetos de condução autônoma, a primeira companhia a apresentar um protótipo com essas características foi uma empresa de tecnologia: a Google.

Para tanto, foi utilizado como “cobaia” um Toyota Prius, o primeiro modelo híbrido de série fabricado. Com um visual nada discreto – que contava com uma grande antena de radar no teto – o projeto do engenheiro Sebastian Thrum percorreu mais de 220.000 km em testes.

Ele era recheado de sensores e levava no porta-malas os computadores responsáveis por armazenar as bases de dados necessárias para a navegação, contendo mapas e informações do gênero.

Tratava-se de não um projeto de um veículo novo, mas sim uma adaptação implementada em um carro normal de passeio. Mesmo assim não deixa de ser um precursor.

Atualmente a Google trabalha em um projeto de um automóvel totalmente novo (e com um visual extremamente estranho) 100% autônomo, ou seja, que não necessita de nenhuma interação humana. Ele se encontra em testes e circula somente dentro do campus da empresa.

  • Nissan

A japonesa Nissan é outra pioneira no assunto. Para tanto, produziu uma versão autônoma do modelo elétrico Leaf – o elétrico mais vendido no mundo.

Diferente do Prius, ele não traz nenhuma diferença aparente em seu visual além de algumas câmeras posicionadas em torno da carroceria semelhantes àquelas utilizadas nas câmeras de estacionamento que conhecemos.

O modelo já foi testado com êxito na via expressa Sagami no Japão na cidade de Kanagawa situada a sudeste de Tóquio. Foi o primeiro modelo autônomo a fazer testes em uma via de uso regular, fora da pista de testes preparada.

O Leaf sabe decidir sozinho quando andar, parar, trocar de faixa, ultrapassar e ainda conta com um recurso surpreendente: ao chegar em um shopping, por exemplo, você pode simplesmente largá-lo sozinho na porta do estacionamento que ele se encarrega de procurar uma vaga, se estacionar e depois ainda vem pegar você na hora de ir embora. Simples assim.

 

  • BMW

A alemã BMW apresentou entre os dias 6 e 9 deste mês, no evento de tecnologia Consumer Electronics Show que ocorre em Las Vegas, nos EUA, um protótipo semelhante.

O sistema foi instalado em um BMW i3, o novo modelo elétrico da marca que também esteve nos visitando no Salão do Automóvel de São Paulo.

Chamado de “Remote Valet Parking Assistant” ele também se encarrega de estacionar sozinho ou também pode ser controlado pelo próprio condutor fora do carro através de um smartwatch. Assim como o modelo da Nissan, o i3 também vai buscar o dono em um determinado ponto quando necessário.

  • Volvo

A Volvo, outra marca que é pioneira em evoluções tecnológicas na área automotiva, também está se mexendo para lançar seu modelo autônomo. Eles igualmente apresentaram no Salão de São Paulo o seu protótipo que se encontra em estado avançado de testes.

O sistema da Volvo deriva do já utilizado AAC (condução autônoma ativa), que já equipa alguns carros da marca. O AAC funciona como um piloto automático inteligente que acelera e freia sozinho, de acordo com a posição do carro que viaja à sua frente.

2015 marca o início dos testes do modelo sueco em condições normais de uso, nas ruas de quatro cidades inglesas, que vão durar um ano e meio.

E a Volvo também apostou no Brasil como cenário para o desenvolvimento dessa tecnologia. O Volvo S60 Drive Me já roda por algumas ruas canarinhas em caráter experimental. Ele ainda precisa de alguma supervisão do motorista, mas o objetivo da empresa, claro, é que no futuro o carro possa fazer tudo sozinho. Assista no fim do texto o vídeo publicitário do #ProjetoDriveMeBrasil.

  • Audi

A alemã Audi também está no páreo e não economizou em suas demonstrações.

O modelo da montadora dotado de direção autônoma, o A7, também foi exposto na Consumer Electronics Show, só que com um pequeno detalhe: ele veio rodando sozinho desde São Francisco até Las Vegas, onde ocorre o evento. Ao todo foram 900 km de passeio, levando a bordo três jornalistas americanos confortavelmente acomodados como meros espectadores. Imagino como isso deve ter sido assustador. O vídeo da experiência você pode conferir aqui.

Em matéria de condução autônoma, a Audi não brinca em serviço mesmo. Além dessa incrível proeza, os alemães também testaram um modelo autônomo em uma pista de corrida, o RS7.

Correndo contra um adversário humano a mais de 300 km/h, o bólido robô venceu a corrida chegando alguns segundos na frente do rival.

PROJEÇÕES PARA UM FUTURO PRÓXIMO

A pergunta que sempre fazemos quando novidades assim são demonstradas é: “quando, afinal, vamos poder usufruir disso tudo?”.

O CEO da japonesa Nissan, Carlos Ghosn, diz que a meta da companhia é começar a oferecer os veículos autônomos ao público em 2020.

Recentemente, a Nissan firmou um contrato de parceria com ninguém menos do que a agência espacial americana (NASA) para o desenvolvimento dessas tecnologias. A ideia é aprimorar o sistema no meio automotivo e exportar essa tecnologia para os veículos espaciais.

A BMW prometeu disponibilizar já em 2016 o sistema Remote Valet Parking Assistant para os automóveis da luxuosa série 7. Já o modelo autônomo i3 completo ainda não tem data para entrar em produção.

Especialistas estimam que, até 2030, essa tecnologia movimente um mercado de aproximadamente 87 bilhões de dólares.

Com a difusão da nova onda, já existem previsões de que os carros formarão gradativamente uma grande rede móvel que conversará entre si de forma muito dinâmica. Isso significa que ao se aproximar de um cruzamento, por exemplo, o carro possa receber um “aviso” de outro que vem chegando ao cruzamento (algo como “espere que eu estou passando”).

As aplicações para esta rede serão praticamente ilimitadas.

É inegável o sentimento de obsolescência que notícias assim fazem surgir. A inteligência artificial parece fadada a nos tirar do controle, como se quisesse nos mostrar como somos ineptos.

No entanto, mesmo com a tendência natural do sistema se tornar 100% automático ao longo do tempo, todos os projetos em andamento atualmente são opcionais, ou seja, a qualquer momento o motorista humano pode tomar o controle do veículo, bastando para isso um leve toque no freio ou um simples movimento no volante.

Afinal de contas, para muitos o ato de dirigir ainda é um prazer e, dependendo da máquina que se está pilotando, praticamente essencial.

Maurício Souza

Profissional de TI, colecionador de miniaturas, apaixonado por carros, viciado em tecnologia e escritor amador nas horas vagas. Quando não está trabalhando ou jogando PS3, Mauricio Souza está explicando para as pessoas que ele não é o pai da Mônica.

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