LONDRES – Seguindo os passos de Alec Baldwin, Harrison Ford e Ben Affleck, Chris Pine é o mais recente ator a estar na pele de Jack Ryan, o agente relutante da lendária CIA. Em Operação Sombra – Jack Ryan, dirigido por Kenneth Branagh e filmado em Londres, Pine assume o papel icônico na companhia de Kevin Costner, que interpreta o chefe da CIA e seu mentor, Keira Knightley, como a esposa de Ryan, e o próprio Branagh, como um oligarca russo conspirando para destruir a economia dos EUA.
Baseado no personagem criado pelo falecido Tom Clancy, este será o primeiro filme de Jack Ryan que não é realmente baseado em um romance de Clancy. Mas Pine traz um tipo diferente de sensibilidade e seriedade intelectual para o papel que o distingue dos atores que já interpretaram Ryan.
“Eu tenho tido uma sorte incrível até agora e eu olho para isso como mais uma grande oportunidade que me deram”, diz Pine. “Eu não sou Alec Baldwin, eu não sou Harrison Ford, então eu tenho que levar algo de mim para o personagem e definir Jack Ryan em uma nova forma, mantendo-o fiel à sua essência.”
Alguns observadores da indústria sugeriram que é arriscado para a Paramount Pictures entregar o papel icônico para Pine, que é quase exclusivamente conhecido do público como James T. Kirk nos dois últimos filmes de Star Trek (também produzido pela Paramount). Mas há algo sobre o jovem ator, de olhos azuis e inteligente, que sugere que ele pode ser o homem certo para reviver a franquia de filmes de Jack Ryan.
Chris, este é o primeiro filme de Jack Ryan que não foi diretamente baseado em um romance de Tom Clancy. O que você acha disso?
Nós usamos todos os fundamentos do mito Jack Ryan para fazer um filme original. Estamos fazendo a nossa própria história ambientada no mundo atual em vez de usar épocas anteriores, em que era mais fácil identificar mocinhos e bandidos. Um exemplo é a guerra fria. A geopolítica é muito mais complicado hoje.
Você vê Jack Ryan diferente de outros heróis de franquias como James Bond ou Jason Bourne?
Ele é mais fácil de entender. Esta é a situação clássica de um cara normal jogado em situações extraordinárias. Ele é alguém que pensa qual será o melhor caminho para escapar de apuros e é muito mais calculista e deliberativo. Você pode se colocar na cabeça de Jack Ryan e ser capaz de imaginar qual seria sua resposta em determinadas situações. Ele é mais parecido com a gente. Ele não pode confiar em artes marciais para escapar problemas. Com Bond e Bourne é difícil se imaginar fazendo o que eles fazem.
Você é mais conhecido por interpretar o Capitão James T. Kirk. Quão diferente é Ryan de Kirk?
Realmente, o que me excita mais é o fato de ele ser tão diferente de Kirk. Ryan é pensativo, é um herói silencioso. Na verdade, ele tem muito mais qualidades que se assemelham a Spock do que qualquer outra coisa. Acho que ele é um personagem que se sente mais confortável usando sua mente e sua inteligência, que são suas armas, em vez de seus punhos e sua força.
Fazer parte de duas grandes franquias de filmes é como ganhar na loteria duas vezes?
É um pouco cansativo, mas eu tenho tido sorte por ser cercado de pessoas muito, muito talentosas em uma forma de arte que é uma das mais colaborativas de todas. Você precisa se cercar de pessoas talentosas e eu tive muita sorte com JJ Abrams e agora Ken Branagh, que me dirigiu no novo Jack Ryan.
Como você compararia o estilo de direção de Abrams e Branagh?
Abrams está muito preocupado com o componente visual, os gadgets, os figurinos, o olhar, e até mesmo com a paleta de cores. Kenneth tem uma conexão diferente com os atores, porque ele era um ator antes de ser diretor. Ele possui um atalho para falar com a gente, que é muito útil. Foi bastante impressionante vê-lo dirigir um filme bem complicado com uma grande equipe e, em seguida, ver ele se transformar para o seu personagem instantaneamente.
Quais foram suas impressões sobre Keira Knightley, enquanto trabalhava com ela?
Keira é simplesmente adorável e muito fácil de trabalhar. Ela é uma atriz talentosa e também uma mulher muito amável e interessante.
Você vem de uma família de atores e, mesmo assim, você não queria ser ator até fazer vinte e poucos anos. Isso foi decisivo para sua carreira?
Eu estava realmente interessado no beisebol até que vi que provavelmente não era tão bom quanto eu precisava ser. Mas, quando era um adolescente, era muito tímido. Eu tinha acne e usava óculos de lentes grossas. (NE – ele agora usa lentes de contato.) Eu estava mais interessado em me afastar do mundo e me manter longe dos olhares alheios do que seguir uma profissão em que você está chamando a atenção para si mesmo. Esse tipo de sentimento levou-me para um mundo de livros e de auto-reflexão. Eu realmente nunca deixei esse mundo, embora esteja tentando ser o mais aberto e engajado possível.
O que o levou a atuar?
Eu comecei a fazer teatro na Cal Berkeley e achei apaixonante subir no palco e interpretar. Foi uma experiência libertadora e eu meio que sabia que tinha que dar uma chance para a carreira de ator, mesmo não tendo nenhum plano ou expectativas.
Star Trek foi o filme no qual você se transformou em uma estrela. Como essa experiência afetou você?
Foi uma experiência muito bizarra. De repente há toda essa atenção em você e você se encontrar dirigindo em velocidades inseguras para fugir dos paparazzi que estão te perseguindo.
Existe algum outro fator para você não agir como um estrela de cinema e manter-se fora da agitação?
Eu vi que o mundo da celebridade pode ser um mundo muito irreal e fazer parte de Hollywood significa que você tende a viver em uma bolha estranha. Você está constantemente rodeado de pessoas que estão cuidando dos diferentes aspectos de sua carreira e você acaba se estragado pelo tratamento preferencial que recebe. Eu tento ser muito vigilante para não mudar minha essência. É preciso saber que isso não é real.
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