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Como o jet lag social está atrapalhando sua vida

Todo mundo já ouviu falar alguma vez do jet lag, ou seja, a modificação de fuso horário que ocorre quando você vai de um país para o outro (ou até mesmo de uma cidade para a outra, dependendo de onde você mora).

Como o nosso corpo está acostumado geralmente a despertar em um determinado horário e realizar todas as suas atividades seguindo uma determinada rotina, quando ele muda de local nós temos de reajustar não apenas nosso relógio eletrônico, mas também o biológico. Se quiser umas dicas de como amenizar o jet lag leia o texto 8 Dicas Para Amenizar o Jet Lag. Óbvio, não?

Contudo, a mudança de fuso horário não é a única vilã da harmonia do nosso organismo. Na verdade, estamos o tempo todo brigando com o nosso relógio biológico, já que ele não tem a mesma duração de um dia comum – ele dura quase vinte e cinco horas.

Mas, afinal de contas, como funciona esse negócio de relógio biológico?

Bom, o corpo humano é regulado pelo que chamamos de ciclo circadiano, um ciclo que tem duração próxima de um dia. Ele é regulado por duas coisas: a glândula pineal, que funciona de acordo com a exposição solar, e o eixo hormonal do corpo, que é regulado pela genética.

A genética de cada um é bastante variável. Aqueles conhecidos como madrugadores, que gostam de acordar cedo, pela sua genética acordam um pouco antes de o seu relógio biológico mandar acordar. Por outro lado, aqueles conhecidos como corujões acordam um pouco depois do que o seu próprio relógio biológico manda.

Além disso, durante a vida o nosso ritmo de sono muda. Adolescentes necessitam dormir mais tarde, acordar mais tarde e dormir por mais tempo do que adultos. E isso tem um impacto inevitável na vida deles. Um estudo americano mostrou que mudar o horário de início das aulas em 25 minutos – isso mesmo, 25 – teve um impacto significativo na diminuição de acidentes de trânsito entre este grupo etário (não se esqueça de que nos estados unidos eles podem começar a dirigir com dezesseis anos).

E se isso já acontece com adolescentes, imagine o que não faz conosco, adultos.

Estamos constantemente tentando manter o nosso sono em dia, pois temos de acordar muito mais cedo do que gostaríamos e também dormir muito mais tarde do que deveríamos. Com isso, é como se vivêssemos eternamente em outro país, só que, em vez de nos ajustarmos ao fuso horário, a cada dia nós vamos para um país diferente, ficando sempre atrasados. E, infelizmente, dormir mais no fim de semana não adianta para compensar o estrago.

Essa diferença do padrão de sono nos dias em que trabalhamos e nos dias em que estamos livres é o tal de jet lag social – o outro vilão da harmonia do nosso organismo.

O jet lag social é um problema sério, pois deixa nosso corpo em constante estresse. O sono não é reparador o suficiente, pois acordamos antes do que deveríamos. A liberação de hormônios que dependem de um ciclo circadiano bem regulado também fica comprometida, o que prejudica o nosso desempenho mental, aumenta o ganho de peso, altera até mesmo a liberação de nossos hormônios sexuais e, para aqueles que praticam atividades físicas, compromete o ganho de massa.

A solução? Infelizmente ainda não há nenhuma fórmula mágica. Enquanto não chegarmos ao tão sonhado ponto de trabalharmos apenas por hobby, enquanto os robôs não fizerem tudo por nós, teremos de continuar neste ritmo.

O que você pode fazer é tentar administrar melhor o seu tempo para não deixar seu relógio biológico tão maluco. Dormir mais cedo, acordar mais tarde. Mas nem sempre isso é possível.

Mas, se você quer uma dica mais prática, aqui vai: evite dormir demais no fim de semana, pois, se você acorda todos os dias as cinco e no fim de semana decide acordar as onze, é como se tivesse mudado de São Paulo para Los Angeles da noite para o dia. Você vai ver como as coisas podem melhorar.

David Nordon
David Nordon
David Nordon é médico e escritor.