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Como os estoicos lidam com o sentimento de rejeição

A rejeição, venha de onde vier, não é um prazer para pessoa alguma. Com frequência, ela é desagradável e nos leva a temê-la e a reagir pobremente a ela, quando se apresenta em nossas vidas. Nesse artigo, publicado originalmente no site The Wise Mind e traduzido por nossa equipe, discutiremos alguns ensinamentos dos filósofos estoicos sobre como lidar com o sentimento de ter sido rejeitado.

Cada vez que somos rejeitados, somos tomados por sentimentos negativos que provocam a ideia de que não somos necessários nem desejados. De que somos substituíveis. De que há pessoas melhores do que nós. Ademais, é muito comum começarmos a questionar o nosso valor. Por vezes, essa dúvida pode nos conduzir a questões mais profundas ainda, questões sobre o significado de nossa existência. E, evidentemente, todos esses pensamentos são problemáticos.

A rejeição faz parte da vida. É impossível evitá-la inteiramente. No entanto, a filosofia estoica pode ensiná-lo a reagir positivamente diante dela. Examinaremos, portanto, três conselhos estoicos sobre como lidar com o sentimento que a rejeição costuma impor àqueles que passam por ela.

1# Se torne imune às opiniões alheias

Os estoicos acreditavam que cada impressão que temos sobre um objeto ou uma situação é meramente uma opinião. As coisas em si não possuem valor. Elas não são boas ou más. A única coisa de valor é a nossa mente e a nossa alma. Isso, no entanto, não nos impede de conceder valores às coisas e, assim como nós o fazemos, os outros fazem o mesmo. Por esse motivo, com frequência as pessoas têm opiniões diferentes sobre uma mesma coisa.

Isso se torna problemático quando discordamos de alguém e tentamos impor a nossa opinião a essa pessoa. Estamos tentando controlar sua mente e assemelhá-lo a nós. Nosso desejo de nos sentirmos aceitos e reconhecidos nos leva a desejar que as nossas opiniões sejam parte do consenso geral. Mas, quando nos sentimos rejeitados, é comum que façamos o oposto e que as nossas mentes se encolham e se isolem dos outros.

É importante encontrarmos um meio-termo, um no qual não façamos questão da aprovação alheia e que tenhamos uma paz de espírito totalmente independente dela, mas também no qual não nos sintamos inteiramente alheios aos outros quando rejeitados. Esse caminho do meio só está disponível a mentes suficientemente maduras.

A sua mente, nesse caso, precisa se tornar independente a fim de amadurecer. Não leve em consideração as opiniões alheias. Preserve os seus próprios valorizes. Examine sua dignidade e seus esforços. Uma rejeição depende de outras pessoas, a quem não podemos controlar. Somente os nossos próprios pensamentos e emoções são suficientemente controláveis.

Uma boa pessoa tinge os eventos com a sua própria tonalidade… E tudo o que acontece é para o seu benefício.

Sêneca

2# Entenda que nada é bom ou mau em si mesmo

Os estoicos acreditam que a rejeição per se sequer existe. Ela não é uma constante, nem pertence ao mundo externo de objetos. Quando nos sentimos rejeitados, é algo pessoal, que não necessariamente corresponde com a verdade ou com o que está realmente acontecendo.

“A pessoa X foi aprisionada”. O que aconteceu? Ela foi aprisionada. Mas se adicionarmos: “Essa pessoa tem má sorte”, então isso é somente a nossa própria opinião.

Epicteto

Essa é a relatividade das coisas. Segundo Epicteto, a rejeição não existe; o que existe é a nossa interpretação sobre um evento, que chamamos de “rejeição”. Podemos nos sentir rejeitados quando somos preteridos em uma entrevista de emprego, ou se alguém se recusa a sair conosco. No entanto, não existe um valor objetivo a essa rejeição, o que significa que eventos como este não podem ser usados para medir seu sentido de dignidade.

Há muitas razões pelas quais algo ou alguém é rejeitado, mas se tirarmos nossas percepções individuais de jogo, seremos capazes de enxergar com mais clareza e nos distanciarmos das implicações.

3# Redescubra o seu valor próprio

Aqueles que se preocupam demais com o que os outros pensam precisam trabalhar em reconhecer o seu valor próprio. Quando temos baixa autoestima, mesmo as críticas construtivas podem parecer uma forma cruel de rejeição.

Conheça o seu próprio valor, sem necessitar que os outros remarquem-no constantemente a você. Medite diariamente, concentre-se em examinar as suas forças e se sentir melhor sobre si mesmo. Espaço e tempo são necessários para essa mudança, mas seja persistente e tenha em mente que uma rejeição não é a palavra final – você definitivamente terá novas oportunidades.

Camila Nogueira Nardelli
Camila Nogueira Nardelli
Leitora ávida, aficcionada por chai latte e por gatos, a socióloga Camila escreve sobre desenvolvimento pessoal aqui no El Hombre.