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Como sanar suas dívidas

Eu começo: “Oi, meu nome é André”, digo. “Olá, André, seja bem-vindo”, recebem-me. Mais confiante, continuo. “Perdi a noção no cartão e agora tô endividado até as tampas”. Logo, confortam-me. “Relaxa, bro, há esperança”. Ufa! Viu como foi fácil? Agora é tua vez, hombre. Se você, ó glutão dos créditos infindáveis, está no vermelho, é hora de falarmos sobre isso.

Estar endividado não é vergonha pra ninguém, muito menos no Brasil — de acordo com a última amostra da pesquisa Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), produzida e divulgada em agosto pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 63,1% das famílias brasileiras têm dívidas. O importante é como você vai renegociar e liquidar esse passivo e limpar seu nome na praça. Vamos a algumas dicas.

A primeira coisa a se fazer é mapear a sua dívida, ter uma visão geral dela. Recorra a um papel, uma planilha, sei lá eu, e liste: quanto e pra quem você deve; quando essas dívidas vencem; e quais são os juros de cada uma delas. Se você não tiver essas informações, vá até o seu credor — um banco ou instituição financeira — e peça esses detalhes.

O segundo passo — e o mais importante — é renegociar. Inspire-se em Harry White — secretário do tesouro norte-americano que venceu Keynes, um dos maiores economistas da história, na mesa de negociação que selou o tratado de Bretton Woods, em 1944. Com o credor à sua frente, verifique se ele pode diminuir os juros; reajustar o valor em caso de pagamento à vista; ou abater as taxas do empréstimo. Enfim, alguma coisa ele há de fazer, acredite. É do total interesse dele que você consiga arcar com seus compromissos. Ao negociar, procure acordar um valor que caiba dentro do seu orçamento.

Vale a pena contrair uma dívida para pagar as outras? Se for uma dívida única (de um único credor), com juros e taxas mais baratas do que as que você já tem, sim; caso contrário, esqueça. Pra que essa estratégia funcione, porém, pechinche bem: vá a todos os bancos possíveis e pergunte o que eles podem oferecer a você em termos de preço e prazo.

Pronto, você absorveu sua dívida e a tem na mão. Pra que a coisa não saia do controle mais uma vez, porém, faça seu planejamento financeiro e gaste dentro dos seus limites. Impulsividade é para os fracos nessa hora, controle-se. Se mesmo assim você não resistir ao cartão, procure pelas melhores condições de pagamento do produto: à vista, em quantas vezes, etc. Outra medida é cancelar o limite do seu cartão, ele te dá uma falsa ideia do tamanho de sua capacidade de consumo.

Por fim, nem pense em pedir emprestado e contrair dívida de qualquer outra instituição que não faça parte do sistema financeiro. A não ser que você queira levar a vida no limite da agiotagem, o que é muito mais nocivo que lidar com cartão de crédito. Pode apostar.

André Rossi
André Rossi
Jornalista especializado em finanças, André Rossi passou pelo curso de jornalismo econômico do Estadão e atualmente é repórter da revista Capital Aberto. Toda noite, antes de dormir, ele acende uma vela para Jesus ajudar o seu Palmeiras a subir.