InícioAtitudeDesvendando as táticas dos manipuladores: 6 estratégias comuns

Desvendando as táticas dos manipuladores: 6 estratégias comuns

“Se o diabo existisse”, afirmou a psicóloga Martha Stout, especialista na área de relacionamentos abusivos, “ele nos convenceria a sentir muito por ele”.

Quando pensamos em manipulação, muitas vezes imaginamos vilões estereotipados, quando na verdade os grandes manipuladores estão frequentemente escondidos à vista de todos, vestindo-se com o manto da simpatia ou até – algo bastante frequente – do amor.

Compreender as táticas de manipulação é o primeiro passo para se proteger delas. Aqui, desvendamos seis estratégias que os manipuladores usam para explorar a confiança, a insegurança e as emoções de suas vítimas, com o objetivo de impedi-las de pensar claramente, fazendo-a se sentir sempre abaixo de suas expectativas e levando-as a crer que, um dia, mesmo que distante, conquistarão a aprovação pela qual anseiam.

1# LOVEBOMBING

Comecemos com os princípios do relacionamento com o manipulador, uma técnica conhecida como lovebombing, que envolve um derramamento excessivo de atenção e afeição no início de um relacionamento ou interação. O objetivo é desarmar a vítima, fazendo-a sentir-se especial e única. Para isso, o manipulador revelm informações íntimas sobre si mesmo cedo, a fim de criar um senso falsificado de intimidade e ganhar a sua confiança. Eles dividem seus objetivos, pensamentos, medos, sonhos, gostos, sucessos e fracassos e te levam a fazer o mesmo. Contudo, uma vez que o manipulador estabeleceu controle, essa atenção pode rapidamente se transformar em críticas e abuso.

2# REFORÇO INTERMITENTE

Esta primeira técnica se assemelha ao comportamento de jogadores compulsivos. O manipulador elogia, recompensa ou mostra afeição, sexo, adoração e declarações de amor de forma irregular e imprevisível. Esta inconsistência deixa a vítima ansiando por aprovação ou validação. Como a recompensa não é garantida, a vítima pode se sentir obrigada a trabalhar mais duro ou se adequar ainda mais ao manipulador, na esperança de obter a recompensa desejada. O reforço intermitente cria uma atmosfera de dúvida, de medo e de ansiedade que leva a sua vítima a buscar persistentemente atos de reforço positivo por parte do manipulador, o que crê que aliviaria a sua ansiedade. O vínculo da vítima com o manipulador se torna mais forte em resposta ao reforço intermitente, e também o seu desejo de agradá-lo e medo de perdê-lo.

3# MUDANÇA DE FOCO

Na mudança de foco, o propósito do manipuador é criar uma cena emocional que seja confusa e que distraia a vítima do assunto com o qual ela possa tê-lo confrontado (por exemplo, uma traição ou insensibilidade). Ao desviar a atenção da questão central e concentrar-se no “descontrole” de sua vítima, o manipulador cria confusão, tornando mais difícil para aesta discernir a realidade. Tal estratégia é frequentemente utilizada para evitar responsabilidade ou desviar a culpa. Em vez de responder diretamente a uma acusação ou preocupação, o manipulador redireciona a conversa e leva a vítima a sentir-se culpada.

4# GASLIGHTING

Popularizado através do filme que leva seu nome, esse termo refere-se a uma forma de manipulação psicológica onde o manipulador faz com que a vítima duvide de sua própria realidade, memória ou percepção. Ao questionar constantemente a memória da vítima ou distorcer fatos, o manipulador cria um ambiente onde a vítima pode começar a questionar sua própria sanidade, tornando-se cada vez mais dependente do manipulador para definir a realidade.

5# TRIANGULAÇÃO

Uma das táticas mais efetivas dos manipuladores é a triangulação. Nela, o manipulador cria um triângulo entre você, ele ou ela, e uma terceira pessoa fora da relação. A intenção é fazer com que a vítima se sinta insegura sobre esse relacionamento, e portanto se torne mais fácil de manejar. Ao trazer essa terceira pessoa (que pode ser qualquer uma) para a dinâmica, o manipulador cria situações de rivalidade ou ciúme. A vítima pode sentir que precisa competir pela atenção ou aprovação do manipulador, o que pode aumentar a dependência emocional. E, se confrontado, o manipulador negará qualquer interesse nessa terceira pessoa e alegará que todos os problemas de seu relacionamento giram em torno da sua insegurança e baixa autoestima.

6# VÍNCULO TRAUMÁTICO (TRAUMA BOND)

Por fim, chegamos ao resultado disso tudo: os manipuladores e as suas vítimas criam, no fim do dia, um vínculo traumático. Como os primeiros frequentemente alternam entre tratamento cruel e atitudes carinhosas, levam as suas vítimas a formarem um forte laço emocional com eles. Inclusive, isso é explicado pelos nossos hormônios, segundo atesta a própria ciência. A vítima pode sentir que, apesar dos maus tratos, existe uma ligação especial entre eles, e que ela está quase a ponto de “dar um jeito” na relação, algo que dificulta o rompimento dos laços.

Camila Nogueira Nardelli
Camila Nogueira Nardelli
Leitora ávida, aficcionada por chai latte e por gatos, a socióloga Camila escreve sobre desenvolvimento pessoal aqui no El Hombre.