A cultura do estupro chegou ao fundo do poço esta semana. Uma pesquisa do Datafolha revelou que 1 em cada 3 brasileiros culpa as mulheres pelo estupro sofrido. Quer outro dado assustador? Até mesmo 30% das mulheres pensam assim.
“Ah, quem mandou ela beber tanto?”, alguns dizem. “Se ela não tivesse saído com uma roupa tão curta, nada teria acontecido”, falam outros.
É inacreditável saber que ainda há pessoas que pensam assim. Por favor, senhores. É hora de parar de culpar as vítimas — e começar a culpar a cultura do estupro.
MAIS DO QUE ESTATÍSTICAS, SÃO PESSOAS REAIS
Oficialmente, uma mulher é estuprada no Brasil a cada 11 minutos, chegando a 50 mil crimes por ano, segundo a Folha. Mas a estimativa é de que apenas 10% dos casos sejam registrados, então o número pode chegar aos 500 mil anuais.
A estatística é impressionante. Mas sabe o que é ainda pior do que os números? Eles representam pessoas reais e com sentimentos, que podem ficar traumatizadas pelo resto da vida por causa daqueles minutos de agressão.
Essa cultura de estupro afeta também mulheres que nunca foram vítimas, porque 85% delas vivem sob o eterno medo de sofrer violência sexual, diz o Datafolha. É um mundo destes que queremos para as nossas mulheres, filhas, mães e irmãs?
A IMPORTÂNCIA DO FEMINISMO NESTA LUTA
Muitos homens tremem ao ouvir a palavra “feminismo”. Mas não deveriam, porque ele é fundamental nesta luta contra a cultura do estupro.
Aliás, uma pergunta rápida: você sabe exatamente o que é o feminismo? Ele é um movimento social cujo objetivo é conquistar a igualdade do gênero entre homens e mulheres. Simples assim. As feministas não querem mais direitos do que os homens. Apenas os mesmos.
E isso começa pela segurança física.
Os homens podem beber sem medo de serem estuprados? Sim. Os homens podem andar por aí sem camiseta sem medo de serem estuprados? Sim. Então por que as mulheres não podem — e são “culpadas” quando sofrem um abuso sexual?
A verdade é que devemos agradecer as feministas por defender esta bandeira tão nobre, que deixará como herança uma sociedade muito mais civilizada para as nossas filhas no futuro.
O QUE PODEMOS FAZER PARA AJUDAR
A hashtag #RapeCultureIsWhen viralizou no Twitter, com o objetivo de combater a cultura do estupro conscientizando as pessoas sobre essa realidade. Selecionei alguns exemplos de post abaixo:
- A cultura do estupro é quando uma mulher que foi abusada é questionada sobre o que estava vestindo.
- A cultura do estupro é quando perguntam à vítima da agressão sexual: “Você estava bebendo?”
- A cultura do estupro é quando as pessoas dizem: “Ela estava pedindo por isso.”
- A cultura do estupro é quando ensinamos uma mulher a não ser estuprada, em vez de ensinar os homens a não estuprar.
- A cultura do estupro é quando a vítima vira “mercadoria estragada” e seu agressor “tem um futuro.”
Se não queremos que as mulheres da nossa vida sofram a opressão de uma sociedade tão injusta quanto a nossa, temos que nos movimentar. O primeiro passo? Nos conscientizar do problema. O segundo? Lutar pela sua erradicação, ao defender a igualdade dos gêneros sempre que a oportunidade surgir.
Não existe desculpa ou justificativa para o estupro. As mulheres são donas de seu próprios corpos. Sexo consentido significa um “sim” claro — e não a absência de um “não”.
As fotos que ilustram este post são do projeto “Still Not Asking For It“, de Rory Banwell, uma campanha de conscientização sobre a violência sexual.