É hora do Spider se inspirar no Fenômeno

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Quem não se lembra da cena marcante, deprimente e agoniante do atacante Ronaldo ao se lesionar quando tentava realizar um drible em uma partida pelo Inter de Milão em 2000? A priori, ninguém imaginava um retorno memorável e esplendoroso de um dos melhores jogadores de futebol do mundo. Esta é a mesma sensação que tenho no momento (e imagino que você também) sobre o futuro do maior lutador de MMA de todos os tempos – o brasileiro Anderson Silva, de 38 anos. Tomara que eu esteja enganado, assim como todos estiveram com o Fenômeno.

É claro que a dúvida surge e ascende nos mais apaixonados pelo esporte em virtude da forma trágica como terminou o UFC 168. A grave fratura na fíbula da perna esquerda de Spider foi o momento mais duro de todos os tempos na modalidade. Não à toa fica a pergunta: será que a era da maior lenda da modalidade teve um fim melancólico aos gritos de dor?

Luto para imaginar que o reinado de Spider não acabou desta forma. Apego-me, portanto, à reviravolta que Ronaldo conseguiu dar à sua carreira quando todos imaginavam que era o fim do maior atleta de futebol da época. Para quem não se recorda, o Fenômeno sofreu um dura lesão no joelho esquerdo em abril do ano 2000, na partida que marcava o seu retorno aos gramados depois de passar cinco meses em recuperação do mesmo joelho. Foram quinze meses de recuperação, além de um retorno lento aos jogos. Estava apto apenas no fim de 2001, a seis meses da Copa do Mundo de 2002, no Japão e na Coreia.

Mesmo ainda em processo de recuperação, gerando dúvidas quanto ao seu desempenho, o técnico Luiz Felipe Scolari confiou no atacante que estava sendo utilizado ocasionalmente em partidas pela Inter e lhe deu mais uma chance. Ronaldo, como em um roteiro de um filme, foi o melhor jogador da Copa e deu a volta por cima. Foi o artilheiro do torneio, com oito gols, tornou-se o maior artilheiro de todas os Mundiais com 15 gols e levantou a taça do pentacampeonato. Foi condecorado ainda com o prêmio de melhor jogador do mundo pela Fifa naquela temporada. Um exemplo que já fora inúmeras vezes levantado.

Agora servirá mais uma vez como inspiração ao Spider, que pode se espelhar em um de seus ídolos – ele é assumidamente fã de Ronaldo. É claro, porém, que existe uma ressalva, que me desapego no momento. Em 2000, Ronaldo tinha 23 anos, enquanto agora Anderson Silva tem 38 anos. Serão de três a seis meses de recuperação da lesão, mais um período de adaptação aos treinos, para depois uma preparação para a luta. Anderson pode entrar, caso queira efetivamente (ele não anunciou qual será o rumo de sua carreira), em um octágono com 40 anos.

Espero que assim faça apenas se estiver em aptas condições para vencer uma luta e não apenas para mostrar que é capaz de voltar ao maior evento de UFC ou por acordos comerciais. Creio que, sim, será viável, e ele fará novamente um gol de placa em sua carreira para recuperar o cinturão da categoria dos pesos médios em breve para assim pôr fim de forma merecida a sua espetacular carreira no mundo das lutas. E tomara que no fim possamos ver os amigos Anderson Silva e Ronaldo abraçados comemorando o feito e deixando mais um exemplo de garra e amor ao esporte para todas as próximas gerações.

Felipe Piccoli

Felipe Piccoli é especializado em jornalismo esportivo desde 2008. Com passagens pela Rádio Bandeirantes e pelo jornal Marca Brasil, hoje ele é coordenador de reportagem da Band.

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