I could lift you up
I could show you what you wanna see
And take you where you wanna be
You could be my luck
Even if the sky is falling down
I know that we’ll be safe and sound
We’re safe and sound
Se você esteve em alguma pista de dança neste planeta chamado Terra no decorrer do último ano, com certeza chacoalhou o esqueleto ouvindo os versos acima.
Com beat difícil de resistir, melodia grudenta e letra para encher de otimismo o maior dos pessimistas, “Safe and Sound” (que teve o clipe indicado ao Grammy desse ano) foi lentamente conquistando o seu lugar ao sol, ao ponto de se tornar um dos grandes hits da temporada 2013/14. “Quando escrevemos a música, nossa intenção era apenas compor algo realmente positivo, divertido e naturalmente orgânico. Não tínhamos ideia de que poderia crescer dessa forma”, diz Ryan Merchant, vocalista e guitarrista do duo californiano Capital Cities em entrevista exclusiva ao El Hombre.
Mas quando uma banda relativamente desconhecida lança um single e mais de 3 milhões de pessoas o compram, é sinal de que alguma coisa eles devem estar fazendo certo. “Você sabe que está fazendo algo excepcionalmente bem quando a seguinte pergunta é constantemente feita a você: ‘Como você fez isso?’”, completa ele.
Ryan formou o Capital Cities em Los Angeles, depois de conhecer o tecladista Sebu Simonian através de um anúncio na internet. Durante três anos, a dupla se dedicou a compor jingles (centenas deles, diga-se de passagem) para o mercado publicitário. Até que, em 2011, resolveram virar uma banda, criaram o seu próprio selo e lançaram um EP.
O sucesso mesmo veio dois anos mais tarde, na carona do primeiro álbum In a Tidal Wave of Mystery. Lançada em abril de 2013 para promover o disco, “Safe and Sound” foi top 10 nas paradas norte-americanas, soma mais de 3 milhões de vendas mundo afora e já embalou comerciais de marcas como Microsoft, Smart Car e Vodafone. Sem contar o seu vídeo oficial no YouTube, que tem mais de 80 milhões de views.
A coleção de bons números levou o Capital Cities a frequentar o grande circuito. Recentemente, fizeram show concorrido no cultuado festival South by Southwest, no Texas. Muito em breve, se apresentam também no Coachella – o principal festival de música hoje – e, logo depois, caem na estrada em uma turnê com a gigante pop Katy Perry. Entre um compromisso e outro, dão um pulinho no Brasil: no dia 5 de abril, a dupla é atração no Lollapalooza, que rola no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.
A apresentação no Lolla BR marca a estreia dos caras no país. Entre tantos acontecimentos que tem marcado a vida de Ryan e Sebu, é mais uma novidade que traduz o sucesso da dupla. “As nossas vidas mudaram completamente, não há como negar. Tem sido uma escalada firme e gradual até esse momento”, reflete o vocalista. Para logo acrescentar: “Nós trabalhamos duro criando para entreter as pessoas. Espero que elas queiram também descobrir o restante da nossa música”.
Ryan, é difícil ouvir uma música do Capital Cities e ficar parado. Fazer as pessoas dançarem é uma espécie de missão para vocês?
Creio que sim. Quer dizer, na verdade eu diria que fazer as pessoas dançarem é apenas um dos nossos objetivos. Quando a gente toca ao vivo, gostaríamos de ver as pessoas dançando sempre. Mas acima de tudo, o que queremos é que elas se divirtam.
O que pode acontecer de várias maneiras.
Exatamente. Isso pode acontecer quando uma pessoa estiver ouvindo o nosso disco no carro, em sua casa ou em qualquer outro lugar. Queremos que as pessoas sintam prazer em ouvir as nossas músicas, que o nosso som seja especial para o público. Acho que é isso.
E qual é o som especial para você, aquele álbum que mudou a sua vida?
Thriller, do Michael Jackson. Sem dúvida. O disco é uma das minhas grandes influências e o motivo pelo qual eu me interessei por trabalhar com música. Além de um ótimo cantor e compositor, Michael tinha uma performance incrível. Eu lembro de assisti-lo na época do Thriller. Tinha apenas cinco anos de idade e lembro como fiquei impressionado com as coisas que ele fazia no palco. Eu já ouvi o Thriller muitas vezes até hoje, muitas mesmo.
Se diversão está acima de tudo, o que faz uma festa perfeita?
Em primeiro lugar, uma boa iluminação, que não deixe o ambiente nem muito escuro, nem muito claro. O ideal é que todas as pessoas fiquem bem sob o jogo de luzes.
Achei que boa música estaria no centro das atenções para uma festa perfeita.
Boa música também é importante, sem dúvida. E ela não pode ser tocada em um volume muito alto, nem muito baixo. Além disso, é bom ter álcool, bastante álcool. Não para que as pessoas fiquem bêbadas, mas para que elas se sintam mais soltas e alegres. Por fim, eu acho necessário ter pessoas bacanas. Uma boa festa só acontece quando se tem pessoas legais junto de você.
O Capital Cities já teve músicas suas em comerciais da HBO, da Microsoft, Vodafone e ESPN. Nesse cenário maluco que é o da música hoje, o mundo publicitário também cair nas graças da banda pode ser uma boa para faturar alguns trocados a mais?
É uma das melhores maneiras de se ganhar dinheiro com música atualmente. Como todos sabem, as vendas de discos não são mais expressivas como eram no passado. Então, licenciar as suas músicas para comerciais e programas de TV acaba sendo uma ótima saída para vender o seu trabalho, mesmo que não seja daquela forma como as coisas funcionavam anos atrás, quando você tinha os discos nas lojas e tudo crescia a partir dali.
Muitas pessoas (artistas, inclusive) não concordam com esse tipo de uso para a música. É se levar a sério demais?
Talvez. Tem gente que não acha isso certo, realmente. Acha que não se deve vender música assim. Mas eu acredito que isso seja sempre um desafio. Afinal, você precisa ter um trabalho muito bom, uma música muito legal para ela acabar entrando em um comercial.
O que a música siginifca para você?
Muito boa a sua pergunta. Mas muito difícil também. (pausa) Acredite, eu não sei dizer o que a música significa para mim. Ela faz parte do que eu sou. Ela é a minha vida, entende?
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