Conheça a próxima rede social que promete destronar o Facebook

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“Nós percebemos que uma rede social que tem propagandas é uma rede social criada para publicitários e não para pessoas”. Esses são os dizeres dos desenvolvedores do (ou seria “da”?) Ello, uma nova rede social que tem uma proposta bem diferente das que conhecemos. E a proposta se difere por um único motivo: eles não têm a intenção de fazer dinheiro. Ao menos é o que dizem.

Na verdade, a partir desse motivo outros surgem. Digamos que a real proposta do Ello é proporcionar troca de conteúdos entre seus usuários; é fazer com que eles interajam; é promover o aumento do seu círculo social; é favorecer para que sua vida se torne mais interessante com a aproximação de gente interessante.

“Ué, mais o Feicibuqui não faz isso?”, você pode perguntar.

Segundo Paul Budnitz, um dos criadores do site, não. E eis seu argumento, dado numa entrevista ao Vice: “O Facebook e o Tumblr não são redes sociais de verdade – são espaços de publicidade. A missão deles é vender”.

Um raciocínio tão simples quanto objetivo. E, eu diria, apropriado.

O Ello começou o ano passado de uma forma bem intimista. De saco cheio com o funcionamento das redes sociais que temos à disposição, um grupo de amigos criou o site, que aceitava pessoas novas apenas por meio de convites. Acontece que os convites foram se multiplicando, a rede foi crescendo e o negócio foi dando certo.

Então chegou em um ponto que os caras resolveram começar tudo do zero. Eles reconstruíram o projeto passando a considerar que a rede social receberia muito mais pessoas do que eles imaginavam inicialmente. E assim nasceu a proposta atual do Ello.

A rede continua funcionando por convite, no entanto, você não precisa mais esperar que alguém que já esteja fazendo parte te introduza na brincadeira. Ao entrar no site oficial é possível fazer uma requisição de convite. O problema é que, por conta do projeto estar ainda em função beta, uma resposta pode demorar semanas ou mesmo meses. “Mas o Ello vai fazer valer a pena”, eles garantem.

A página inicial de um usuário

Outra coisa que o pessoal dessa nova rede social odeia é o fato de nossos dados pessoais serem vendidos por Facebook e companhia para outras empresas.

Nós sabemos que essa turma utiliza cada um dos nossos mínimos movimentos em suas redes para traçar nosso perfil e oferecê-lo a quem estiver interessado e apresentar um poderio financeiro interessante. Isso já não é novidade há tempos e é justamente o que tem incomodado muita gente. Talvez por esse motivo uma pesquisa no começo do ano apontou que o Facebook perderá 80% de seus usuários em 3 anos.

Mas o Ello promete que não haverá nada disso em seu trabalho e que os dados que rastrearem de você permanecerão apenas com eles. Afinal, “você não é um produto”.

Além disso, esses dados servirão somente para que eles tenham algum parâmetro para saber como melhorar o site e não revelarão sua identidade pessoal. Ou seja, serão dados gerais que manterão o anonimato de cada um de seus usuários. Eles explicam melhor sobre essa política aqui.

Mas, se não cobram por inscrições (o cadastro é gratuito, claro), não vendem anúncios e nem nossos dados, como fazem dinheiro e sobrevivem?

Os desenvolvedores se inspiraram na maneira como o Radiohead trabalhou em seu álbum “In Rainbows”, que funcionou no pague-o-quanto-você-acha-que-vale. Então os usuários têm a opção de adquirir, de forma paga, alguns recursos especiais que forem sendo desenvolvidos na rede social. Os valores, segundo os desenvolvedores, serão bem baixos e é uma forma de ajudar o trabalho a ficar cada vez maior.

Você ainda tem dúvidas de que a ideia do projeto é mais humana do que financeira? Então veja essa resposta em uma FAQ.

  • Pergunta: “Dessa forma vocês nunca desejarão ganhar US$30 bilhões como o Facebook?”
  • Resposta: “Não estamos interessados em dominar o mundo. Nós pensamos que as pessoas que estão motivadas a fazerem coisas como essas têm problemas psicológicos não resolvidos”.

Ei, Mark, não fique bravo, eles estão apenas expondo suas ideias.

Ainda em entrevista ao Vice, Budnitz diz:

(No Ello) Você pode se conectar com seus amigos, postar, fazer comentários, conversar, e interagir com o conteúdo de diversas formas. A diferença entre o Ello e outras redes sociais é que a nossa interface é muito organizada, intuitiva e veloz. Nela, quase tudo que você posta fica agradável aos olhos.

Ainda nesse contexto alternativo – vamos chamar assim -, o Ello aposta em um design minimalista e de bom gosto. Tanto é que o logo da rede social é um smile preto com o sorriso branco. Só. Nada de olhos ou nariz. Não poderia ser mais simples.

A rede é caracterizada por um espaço limpo, sem muitas informações para que a nossa passagem por lá possa ser a mais confortável possível. Tudo muito clean.

E quem desenvolve o projeto são artistaa conceituado no universo do design. O próprio Paul Budnitz já espalhou seu nome pelo mundo, principalmente por conta da loja de brinquedos Kidrobot, (bastante famosa lá fora), que mostra o tamanho da habilidade do rapaz.

Enfim, eis mais uma proposta para derrubar o gigante Facebook. Vale lembrar que a própria rede social de Zuckerberg iniciou sem propagandas. Mas quando o dinheiro começa a bater na porta as ideias podem sofrer alterações.

Vejamos se o Ello conquistará a preferência das pessoas e, caso conquiste, se manterá a bela – e muitos diriam utópica – ideologia.

Pedro Cohn

Um dos fundadores do El Hombre, hoje vive na Califórnia à beira do mar. Se você quer irritá-lo, basta falar mal da Apple. Mas prepare-se para tomar um pontapé na orelha.

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