Entrevistamos o líbero Serginho sobre sua volta à seleção brasileira

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Foram quase três anos longe da seleção brasileira. Tempo para apaixonados por vôlei sofrerem com sua ausência e sentirem saudades de um dos maiores líberos do mundo e um dos melhores atletas da modalidade no Brasil.

Era inaceitável vê-lo em atividade pelo time Sesi (atual vice-campeão da Superliga) e fora da seleção.

Contudo, para bem do esporte, Serginho, o Escadinha, voltou para aumentar sua expressiva história de mais de 12 anos repletas de conquistas com a amarelinha.

O líbero desistiu de sua ideia de aposentadoria da seleção, anunciada após a medalha de Prata na Olimpíada de 2012, em Londres, e aceitou o pedido do técnico Bernardinho para disputar a Liga Mundial, no próximo mês.

“Eu fiquei longe da seleção por um bom tempo, mas sempre acompanhei e torci muito por ela. Sempre torci para o Bernardo. Estou de volta e também estava com saudades”, contou Serginho, 39 anos, ao El Hombre.

“O Bernardo me ligou e a gente conversou. Ele me explicou a situação e disse que estava precisando de mim. Fez o pedido. Não tinha como eu negar, até porque eu tinha dito que estava à disposição para quando ele precisasse. Esperava que não fosse preciso”, disse Serginho, que pensou que nunca mais fosse vestir a amarelinha.

“Eu 2012 eu já sabia que seria minha última Olimpíada. A seleção já vinha em um processo de renovação e eu estava com idade avançada. Sabia que uma hora teria que sair da Seleção. Eu decidi que ali seria a minha hora até porque tinha muito serviço prestado nesses meus 12 anos de seleção”, contou.

“Eu sabia que na posição seria preciso testar outros líberos para preparar outro atleta na posição para a Olimpíada no Rio, porque a gente precisa. Infelizmente a posição é carente, temos jogadores bons, mas que são muito novos e precisam ser lapidados, como eu fui quando cheguei na Seleção. Se eu ficasse ali depois de Londres outros jogadores não teriam espaço. Por isso eu decidi me afastar”, revelou Serginho.

Um currículo muito respeitável: 1 medalha de ouro, em 2004; 2 de prata em 2008 e 2012; bicampeão do Campeonato Mundial (2002 e 2006); campeão da Copa do Mundo (2003); bicampeão dos Jogos Pan-Americanos (2007 e 2011); e heptacampeão da Liga Mundial (2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2009).

“Uma coisa que me deixou muito feliz foi, depois de conversar com o Bernardo, que eu não voltei agora para a seleção pelo nome que tenho no vôlei, mas, sim, pelo que estou rendendo na Superliga e por estar jogando em alto nível apesar da minha idade.”

Atualmente ele atua pelo SESI

PERÍODO DE AUSÊNCIA

Durante seu período de ausência, Mário Júnior e Felipe foram os líberos convocados por Bernardinho para preencher o espaço. Após o anúncio de Escadinha em 2012, o Brasil não conseguiu subir ao lugar mais alto do pódio em grandes competições, ficando com a prata na Liga Mundial, na Itália, e no Campeonato Mundial da Polônia, ambas em 2014.

“O Felipe é um menino muito bom, mas que precisa ser lapidado da mesma forma que eu fui no meu começo. Vai ser bom eu estar perto deles para poder passar um pouco minha experiência e um pouco do que eu já vivi no voleibol para que eles continuem seguindo isso com a camisa da Seleção. O importante é que eu vou estar lá para ajudar, jogando ou não jogando, vou estar lá para ajudar meus companheiros, o Mário e o Felipe, para que eles possam se sair bem se precisarem jogar”, explicou Serginho, que fugiu do rótulo de melhor líbero do Brasil.

“Eu não me considero o melhor líbero do Brasil como todos falam. Me considero um jogador de vôlei. Eu me espelhei em vários jogadores, principalmente da geração de 1992 (medalha de ouro). Então me considero um jogador de voleibol, sem ser um ídolo ou algo assim”, emendou.

FUTURO

Um dia de cada vez: esse é o lema de Serginho. Atuar na Olimpíada de 2016? Ele prefere não comentar a possibilidade. “Eu falo que não tenho prazo de validade e vamos deixar as coisas acontecerem”.

O técnico Bernardinho, contudo, já mandou o recado. Ele disse que Olimpíada “não é lugar para testes” e que “teria de levar os melhores” em cada posição. Serginho se enquadra e sua ida para o Rio é um quesito que só depende dele.

Questionado qual sua projeção para o futuro, ele responde de forma bem descontraída: “Conseguir treinar no dia seguinte, dar minhas manchetes e não tomar nenhuma bolada na cara. Até porque eu estou ficando velho e se tomar não sei se eu aguento (risos). Quero me divertir de vôlei. E jogar e jogar, sem pressa”, explicou Serginho, que, bem humorado, revela um angustia.

“Eu sempre brinco que meu sonho era ser jogador de vôlei e hoje meu sonho é parar no momento certo com esse negócio de voleibol. Vou tentar parar daqui a uns anos.”

O primeiro desafio de Serginho em seu retorno à Seleção Brasileira será a Liga Mundial, torneio no qual o líbero dará prioridade, pelo menos neste momento. O Brasil estreia no dia 29 de maio, contra a Sérvia, em Belo Horizonte. Além dessas duas equipes, Austrália e Itália completam o Grupo A.

Serginho estava no outro em Atenas, 2004
Felipe Piccoli

Felipe Piccoli é especializado em jornalismo esportivo desde 2008. Com passagens pela Rádio Bandeirantes e pelo jornal Marca Brasil, hoje ele é coordenador de reportagem da Band.

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