Robin William, um dos mais importantes astros do cinema mundial, conhecido por seus papéis cômicos e tocantes, suicidou-se aos 63 anos. O real motivo que o levou a essa ação? Talvez nunca saibamos. Porém, indícios apontam que a causa seja a depressão aliada à dependência química da qual sofria o ator.
Pois é. O gênio que nos fez tanto rir com sua “Babá Quase Perfeita”, o cientista maluco de “Flubber”, o sonhador Peter Pan de “Hook” e o padre bastante improvável de “Licença para Casar”, sofria de depressão. Não apenas uma tristeza profunda, mas sim uma doença.
Uma pesquisa realizada com base nos dados do sistema de mortalidade do Datasus mostrou que, em 16 anos, o número de mortes relacionadas a depressão cresceu 705% no Brasil. Os dados apontam que, em 1996, 58 pessoas morreram por uma causa associada à depressão. Em 2012, último ano que se tem registro, foram 467 pessoas. Um aumento bastante alarmante.
É preciso pontuar que estão incluídos nas estatísticas casos de suicídio e outras mortes motivadas por problemas de saúde decorrentes de episódios depressivos.
Porém deve-se ficar atento, pois o termo depressão, na linguagem de nosso dia-a-dia, tem sido empregado para designar tanto um estado afetivo normal (a tristeza), quanto um sintoma, uma síndrome e uma doença.
Então, quando é que estamos apenas tristes e quando realmente estamos deprimidos? Os sentimentos de tristeza e alegria dão cor às nossas experiências, e com isso fazem parte do mundo afetivo da vida de qualquer ser humano.
A tristeza constitui-se na resposta humana universal às situações de perda, derrota, desapontamento e outras adversidades. Cumpre lembrar que essa resposta tem valor adaptativo do ponto de vista evolucionário, uma vez que, por meio do retraimento, poupa-se energia e recursos para o futuro. Por outro lado, constitui um sinal de alerta para os demais de que a pessoa está precisando de companhia e ajuda.
Já a depressão é uma doença em que a atenção e o acompanhamento profissional são necessários. O estado depressivo diferencia-se do comportamento “triste” ou melancólico que afeta a maioria das pessoas por se tratar de uma condição duradoura de origem neurológica acompanhada de vários sintomas específicos.
As causas da depressão (também chamada de depressão maior) são inúmeras. Acredita-se que a genética, alimentação, estresse, estilo de vida, vivências como separação dos pais e rejeição, drogas, problemas na escola e outros fatores estão relacionados com o surgimento ou agravamento da doença.
Pesquisas mais recentes têm demonstrado que a depressão é caracterizada por áreas específicas cerebrais que estão em baixa atividade (hipoativas). A hipoatividade cerebral em áreas específicas do cérebro leva aos sintomas próprios da depressão como tristeza, desânimo, sentimento de culpa, pessimismo, dor no corpo, entre outros.
As características mais comuns encontradas neste quadro clínico são:
Para pessoas depressivas, é comum que tudo pareça fútil ou sem real importância. Elas acreditam que perderam, de forma irreversível, a capacidade de sentir alegria ou prazer na vida. Tudo lhes parece vazio e sem graça, e o mundo é visto “sem cores”. Muitos mostram-se “apáticos”, referindo-se ao “sentimento da falta de sentimentos”.
O deprimido, com frequência, julga-se um peso para os familiares e amigos, muitas vezes invocando a morte para aliviar os que o assistem na doença.
Os pensamentos de suicídio variam desde o remoto desejo de estar simplesmente morto, até planos minuciosos de se matar (estabelecendo o modo, o momento e o lugar para o ato). As considerações relativas à morte devem ser sistematicamente investigadas, uma vez que essa conduta poderá prevenir atos suicidas, dando ensejo ao doente de se expressar a respeito.
Pessoas nessa condição têm reduzida a capacidade de experimentar prazer na maior parte das atividades antes consideradas como agradáveis. As pessoas deprimidas podem relatar que já não se interessam pelos seus passatempos prediletos. As atividades sociais são freqüentemente negligenciadas e tudo lhes parece agora ter o peso de terríveis “obrigações”.
Devido à falta de prazer nas atividades que antes eram de vital importância, é comum que pessoas deprimidas escolham por retrair-se em casa e sozinhas em vez de encontrar com amigos em ambientes abertos e agitados.
Forte sensação de fadiga ou perda de energia, caracterizada pela queixa de cansaço exagerado, acomete os depressivos. Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar decisões Decisões antes quase automáticas parecem agora custar esforços intransponíveis. O curso do pensamento pode estar notavelmente lentificado.
É, aí lascou.
A insônia é, mais tipicamente, intermediária (acordar no meio da noite, com dificuldades para voltar a conciliar o sono) ou terminal (acordar mais precocemente pela manhã). Pode também ocorrer insônia inicial. Com menor frequência, mas não raramente, os indivíduos podem se queixar de sonolência excessiva, mesmo durante as horas do dia.
É mais comum ocorrer a perda do apetite. Mas o oposto, aumento do apetite, também pode se manifestar em pessoas depressivas.
Muitas vezes a pessoa precisa esforçar-se para comer ou ser ajudada por terceiros a se alimentar. As crianças podem, pela inapetência, não ter o esperado ganho de peso no tempo correspondente. Algumas formas específicas de depressão são acompanhadas de aumento do apetite, que se caracteriza principalmente pelo desejo aguçado por carboidratos e doces.
Muitas, muitas lágrimas!
Para o tratamento da depressão são necessários diferentes profissionais. O médico, mais comumente um psiquiatra, irá diagnosticar a doença e medicar o paciente. Antidepressivos e ansiolíticos são de vital importância para melhora do quadro e sintomas como o cansaço, a falta de prazer nos afazeres.
Sentindo-se mais animado o paciente deve então aliar os medicamentos às atividades que lhe tragam bem-estar físico e emocional. Segundo estudos, a prática de exercícios ajuda bastante a combater os sintomas da depressão.
A psicoterapia também é de vital importância para juntos, analista-paciente, descobrirem as causas emocionais e psíquicas que o levaram ao agravamento da depressão e com isso combatê-las.
É comum que tenhamos a impressão de que atualmente não há espaço para o cansaço, o luto, e as lágrimas. Na comunidade Faceebokiana somos todos viajantes, bronzeados e sorridentes. É preciso cuidado e atenção. Se algum colega ou parente lhe parecer deprimido, interesse-se, acolha-o e o encaminhe a um profissional. A depressão é uma doença que tem cura.
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