Ontem, o Google anunciou oficialmente que o Orkut será descontinuado no dia 30 de setembro de 2014. A rede social foi criada no dia 24 de janeiro de 2004 e completou 10 anos neste ano. Agora acabou. Usuários poderão migrar suas fotos para o irmão caçula do Orkut, o Google+, preservando suas informações. O app para smartphones da rede deixará de funcionar quando a rede for tirada do ar, em setembro.
Há cinco anos, no dia 4 de agosto de 2009, eu participei de uma conferência do Facebook em São Paulo. Para minha surpresa, esteve presente até o chefão da rede social, Mark Zuckerberg. Muito se falou sobre as qualidades da rede independente do Google, considerando sua capacidade de conectar conteúdos e compartilhá-los. O Brasil, naquela época, utilizava muito mais o Orkut, com 40 milhões de contas ativas. Em 2014, o Facebook tem mais de 1 bilhão de pessoas cadastradas.
E o que eu falei naquela época, depois de ouvir o Zuckerberg em pessoa? “Acho que o Facebook nunca vai passar o Orkut. O Orkut tem um design muito mais agradável como rede social, com as informações bem espalhadas na tela”.
Uma grande besteira.
De fato, eu achava mais fácil de entender o funcionamento de uma rede social com informações bem distribuídas. Acreditava que a timeline era uma coisa mais do Twitter. Mas eu realmente não tinha entendido o poder do Facebook com recursos simples, como o “Curtir” e o “Compartilhar”. Foi naqueles botões simples que o Orkut começou a morrer.
O Orkut tinha as comunidades com muita informação circulando de maneira mais reservada. O Facebook matou isso também, ao espalhar as fanpages com milhões de fãs e uma disputa para manter seu tópico mais ao topo.
Agora o Facebook investe pesado em páginas patrocinadas e publicidade em smartphones. Ele conseguiu se monetizar de maneiras que o Orkut, por preguiça ou ineficiência, não conseguiu.
Nesta semana, a primeira rede social que conquistou o Brasil será lembrada. Comunidades como “Eu Odeio Segunda-Feira”, “Tô fazendo amor com 8 pessoas” (tirada de sarro com a música do pagodeiro Alexandre Pires) , “Pela volta do uso de mullets”, “Lênin, de três” (com a foto do filme Adeus Lênin), “Eu sou mais indie que você” e “Não fui eu, foi meu eu lírico” estão no imaginário coletivo de quem viveu a internet brasileira entre 2004 e 2009.
Mas, hombre, o Orkut é apenas uma celebração de nostalgia e de memes de internet. Redes sociais que realmente fazem sucesso são as úteis. Amigos tentam me convencer, por exemplo, a utilizar mais o Google+. A verdade é que, gostando dele ou não, o Facebook continua sendo muito mais útil para abrir tópicos de discussões. Todas as classes sociais no Brasil acessam a rede, do pobre que tem um smartphone mais simples até o rico que joga games em um PC mais robusto.
E o Twitter, por exemplo, é a minha “televisão” na internet para acompanhar a Copa do Mundo no Brasil. Se eu preciso saber de lances de jogo ou tudo o que acontece em tempo real, é para lá que eu vou.
O Orkut não conseguiu se manter como uma página interessante de discussões. Nem como uma fonte de informações em tempo real. Ficará vivo em nossos corações, mas é uma rede social que não possui mais utilidade. E, por isso, vai morrer.