“Eu não pipocaria para o Hulk no braço-de-ferro!”

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Diz uma teoria conspiratória que Pelé, ainda garoto, foi reprovado na peneira do Corinthians. O próprio jogador já negou o episódio, mas há pessoas que insistem em acreditar nisso. Se essa história é recheada de mistério, há outra que não deixa margem para dúvidas: em 2005 o Corinthians deixou escapar de suas mãos o meia Lucas Moura, vendido pelo São Paulo por R$ 108 milhões para o PSG no final do ano passado. Sim, estes nove dígitos que foram parar na conta do Tricolor poderiam estar hoje nos cofres do Timão.

Lucas treinou dos 10 aos 13 anos no Parque São Jorge. Mas quando seu pai, preocupado com o desempenho escolar e o acompanhamento nutricional do filho, procurou os dirigentes do clube para falar sobre o assunto, foi ignorado. Resultado? Cruzou a cidade rumo ao Morumbi. Impressionado com o método de trabalho nas categorias de base do São Paulo, que exigia de seus jogadores boas notas na sala de aula, o sr. Moura trocou a camisa alvinegra do seu filho por uma tricolor.

Por isso, quando encontrei Lucas na minha frente, num evento promovido pela Gillette no hotel Unique, na capital paulista, a primeira coisa que tive que dizer a ele foi: “Cara, se o Corinthians não tivesse feito a besteira de te perder para o São Paulo, eu não teria passado os últimos três anos torcendo para suas bolas baterem na trave e seus passes saírem pela lateral… Para a minha decepção, isso acontecia muito pouco!” Ele deu risada.

A boa notícia para mim (que como você já deve ter notado sou corintiano) é que agora que ele está no PSG e na Seleção, posso deixar de lado esta indigesta tarefa de secar Lucas e, finalmente, torcer por ele – ainda mais depois de conhecê-lo pessoalmente e descobrir que é extremamente simpático. A conversa foi muito boa.

Algo no futebol que sempre me despertou a curiosidade é como funciona a comunicação entre jogadores de diferentes nacionalidades num clube. No PSG, por exemplo, há atletas de 9 países. Seria muito complicado pedir a bola durante a partida? “Dentro do campo é tranquilo”, respondeu Lucas, “porque a gente fala a linguagem da bola, então todo mundo se entende. Mas fora é um pouco mais complicado. Tem muito estrangeiro no PSG e o que a gente menos fala é francês. Isso está me dificultando um pouco para aprender a língua. Mas o ambiente é legal e a turma é muito bacana, eles têm me ajudado bastante desde que cheguei a Paris.”

Em relação à saudade do Brasil, Lucas diz que sente falta principalmente de uma coisa: a alegria do povo brasileiro. “Sou um cara de bem com a vida, muito para frente”, ele contou ao El Hombre. “Então no Brasil eu estava sempre ali, reunido com a família e os amigos, fazendo churrasco e pagode. Em Paris ficou mais difícil, só tem minha mãe e meu padrasto, que moram comigo, para dividir a carne… E isso tudo num frio de menos sete graus! [rs] Mas essas coisas a gente tem que superar. Se você quer vencer na vida, precisa passar por isso.”

Se ele se arrisca na culinária francesa, que apesar de ser considerada a melhor do mundo, tem pratos estranhos como escargot, vulgo caramujo, e foie gras, feito a partir de fígado de ganso? “Não, não, não!”, ele dá risada. “Dessas receitas mais diferentes, só rã. Um defeito que tenho é que sou enjoado para comer, então gosto do básico. Um arroz, uma carne, um frango… Graças a Deus tenho a minha mãe lá perto, que mora comigo, e ela pode me salvar na cozinha.”

Antes que Lucas fosse embora, pois ele estava muito requisitado pelas pessoas em volta, eu quis fazer uma pergunta de saideira. Como ele assinou um novo contrato de patrocínio com a Gillette e a campanha da marca tem como mote “nervos de aço”, teria Lucas nervos de aço para encarar Hulk, com seu porte de boxeador, num braço-de-ferro? “Eita!”, ele respondeu rindo. “Não dava para ser outro adversário, não? Assim é complicado, mas não vou pipocar… Se ele quiser, pode marcar que eu encaro! [rs]”

Nosso editor-chefe Pedro Nogueira na entrevista com Lucas
Pedro Nogueira

Fundador e editor-chefe do "El Hombre" e do "Moda Masculina". Adora jogar tênis, ler livros e passear com seus pets.

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