Apesar da turnê 20/20 Experience World Tour, que lançou o quinto álbum de Justin Timberlake, ter embalado o público por onde passasse, o americano ultimamente tem sido mais impulsionado ao cinema do que à música.
Em outubro Timberlake estrelou o filme “Aposta Máxima”, que conta a história de Richie Furst, um estudante da Prince University que se envolve com o mundo do poker. “Provavelmente foi a performance mais completa que eu já fiz como ator”, disse Justin. Ele também participou do próximo filme dos irmãos Coen, “Inside Llewyn David: Balada de um Homem Comum”, que estrela Oscar Isaac e Carey Mulligan. O filme foi selecionado para a competição oficial do Festival de Cannes do ano passado e deve ser lançado em fevereiro no Brasil.
Justin, como foi a turnê?
Foi incrível. Eu me senti revigorado como cantor e dançarino e trabalhar com caras maravilhosos como Jay-Z foi uma das melhores experiências que eu poderia imaginar. Eu fiquei um bom tempo somente nos álbuns e voltar aos palcos foi uma emoção muito grande, embora às vezes eu sentisse uma dor nas pernas que você não experiencia aos 22 anos, ao contrário de quando tem 32. (risos)
Algum sinal da vida de homem casado?
Minha vida não mudou da noite para o dia. Eu sinto que estive envolvido durante os últimos anos. Casamento, família – é tudo parte dos passos normais que você dá quando alcança os trinta, não acha?
Você disse que Jessica te fez mais forte?
Ela me trouxe estabilidade e uma força interior. A coisa mais importante para mim é nós sermos capazes de nos comunicar bem e conversar sobre qualquer coisa. É lindo poder ter esse tipo de proximidade e compreensão.
O filme que você estrelou, “Aposta Máxima”, trata de jogos de azar. Por que você acha que apostar é tão atrativo ou mesmo viciante para tantas pessoas?
Eu não sou a melhor pessoa para responder essa pergunta. Minha experiência com apostas é limitada aos poucos momentos que joguei blackjack. E mesmo ali, eu me lembro de ter gasto quatro horas e ganhado algum dinheiro que, depois, eu perdi em cinco minutos na roleta.
Eu não tenho uma impressão muito boa de apostas. A atração das pessoas é por ganhar dinheiro rápido sem ter que trabalhar para isso. Claro, o dinheiro vem com grande risco. Eu não sou tão irresponsável quanto Richie e eu nunca seria tão impulsivo quanto ele quando se trata de tomar decisões. Eu sou o tipo de cara que mede cuidadosamente as opções em tudo o que faço. Eu gosto de estar preparado na vida.
Você nunca foi imprudente na vida?
Às vezes. Em algumas ocasiões eu posso fazer algo ou dizer algo sem pensar direito. Como dizer que eu iria atuar num filme de super-herói. (risos) Eu definitivamente não estou interessado nisso.
Existe um lado meu viciado em adrenalina, mas que eu guardo para os esportes. Eu faço algumas coisas malucas quando faço snowboard ou surfo que, por alguma razão, eu não tenho medo algum, o que é algo ruim provavelmente. Mas eu calculo os riscos quando se trata de fazer coisas diferentes na música ou escolher um papel que as pessoas talvez não esperem que eu faça.
Um dos temas subjacentes do filme foi o reconhecimento que seu personagem teve de suas próprias fraquezas e como isso o rebaixou de uma boa maneira. Você já passou por um período de arrogância?
Eu acho que fui muito feliz de ter crescido numa família que me ensinou a ter respeito pelos outros. Quando se trata de lidar com mulheres ou ser educado com as pessoas que trabalham duro e talvez num emprego não muito reconhecido… Eu sempre tive como objetivo na vida tratar as pessoas com cortesia e gentileza.
Eu não sou perfeito e às vezes posso perder meu bom temperamento, mas eu odeio quando isso acontece. Sou muito grato por tudo que tenho conquistado na vida, mas eu quero manter tudo em perspectiva. É muito fácil ser seduzido pelo sucesso e eu tento resistir a esse impulso. Tudo que é exagerado é prejudicial, mesmo se o exagero for de algo bom.
Você esperou um bom tempo antes de trabalhar em seu novo álbum e na turnê. A música é algo que te toca mais profundamente do que atuar?
A música é algo que é muito visceral para mim. Eu ainda amo a música tanto quanto quando comecei. Mas eu preciso sentir uma urgência e uma inspiração criativa para fazer isso. Eu não posso simplesmente tratar como um trabalho em que a cada ano eu faço um álbum novo. Atuar é diferente. Você recebe um roteiro e tem um diretor que lhe diz o que fazer e então você se adapta às orientações. Quando eu estou fazendo um álbum eu sou basicamente o responsável pelo produto e quando estou no palco é uma sensação incrível e única. O verão que se passou me trouxe algumas das melhores experiências da minha vida.
Você está feliz de ter retornado à música?
Tem sido incrível para mim voltar à música e esse álbum, para mim, é definitivamente o melhor álbum que eu já fiz. Para mim, trabalhar num álbum novo requer comprometimento total. Quando eu me sento e decido por fazer, é algo especial. Eu não sei se posso criar isso todo ano. Mas o estúdio de gravação é um dos lugares em que me sinto totalmente livre – você se fecha em si mesmo e cria um outro mundo para você.
Quando vemos sua performance no palco, é um personagem que você está interpretando como se estivesse atuando em um filme?
Sim. É uma extensão de quem eu sou, mas é uma performance. Você está tentando criar uma personalidade e usa essa energia e imaginação para fazer uma conexão com o público. Tem muito da atuação que entra na música e na performance para o público.
Uma das coisas mais incríveis que eu vi enquanto trabalhava com Jay-Z no álbum e depois no palco, foi perceber como ele era diferente durante os shows. É uma transformação total. Então quando eu tomei a decisão de atuar eu usei todas as habilidade que conquistei em minha vida performática em cima dos palcos. Foi uma transição natural.
Você tem uma reputação de ser uma pessoa muito sólida, pragmática no que se trata da vida pessoal. Existe alguma coisa em você que gostaria de mudar, alguma falha que gostaria de corrigir?
(risos) Eu tenho dito às pessoas da minha família que eu sou viciado em trabalho. Isso provavelmente é justo de se dizer. Para ser honesto, eu sou mais viciado no processo – porque foi assim que eu cresci. Eu gosto do processo de fazer um álbum, de fazer um filme. Eu não me boto pressão nenhuma para atender as expectativas dos outros. Eu me boto muita pressão para superar as minhas próprias expectativas.
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