O Brasil ocupa a 3ª posição no Ranking de Empreendedorismo, levantado entre 54 países pela Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor publicada no ano passado. Estamos atrás apenas da China e dos EUA, as duas maiores potências econômicas globais. Toda essa grandeza reforça o fato de que somos um país de livre iniciativa, altamente receptivo aos que vêem oportunidades e têm a capacidade e o capital necessário para transformá-las em negócios.
Entretanto, a realidade vem demonstrando que a porta de entrada ao empreendedorismo verde e amarelo é tão larga quanto a de saída. Muita gente tem histórias tristes para contar sobre decepções, sonhos frustrados, empresas falidas e economias evaporadas.
Para muitos desses, não resta outra alternativa senão voltar ao mercado de trabalho para procurar novamente um emprego e, assim, levar a carreira adiante após uma aventura empreendedora traumatizante.
Não há como considerar ex-empresários como candidatos iguais aos demais. Eles já estiveram no comando. Tinham autonomia de trabalhar num negócio próprio. Ditavam as próprias regras, sendo patrões de si mesmos. Conheço recrutadores que temem esse tipo de candidato, por achar que ele nunca conseguirá se readaptar a ser liderado por alguém, cumprindo normas estabelecidas por outros, além de passar a trabalhar de forma assalariada.
Concordo que esse risco existe, requerendo assim uma análise mais cuidadosa do perfil desse tipo de candidato. Entretanto, chamo atenção para um lado positivo muito promissor: ex-empresários tendem a ser pessoas mais maduras profissionalmente, ponderadas e comprometidas com o desafio de se reerguer após o fracasso. Nesse caso, a queda tem um efeito didático de ensinar, mesmo dolorosamente, a não mais cometer os mesmos erros.
Assim, recomendo a ex-empresários assumir uma atitude de humildade aliada à garra para dar a volta por cima, mostrando que o insucesso na empresa representou apenas uma página negativa de uma carreira longa e potencialmente vitoriosa.