A falta que Ronaldinho Gaúcho faz à Seleção

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Falta um maestro ao time do Brasil. Um Pirlo, ou alguém do gênero.

Tenho para mim que Ronaldinho Gaúcho poderia desempenhar este papel, se o deixassem jogar em paz.

Ninguém cobra de Pirlo que fique marcando os adversários, e nem o chamam de velho, embora ele já tenha 34 anos.

O que esperam dele é que dê ordem ao time. Cadencie, distribua, organize. Adicionalmente, como toca bem na bola, que leve perigo aos adversários em faltas.

Tudo isso RG poderia fazer.

Mas lhe cobraram que corresse como Oscar, que tivesse a idade de Paulinho, que marcasse como Luís Gustavo – e então ele assistindo à Copa como nós.

Então a solução é pegar o jogador que mais se aproxima disso: Willian. Willian disse que vê vídeos de RG para aprender a jogar. É uma atitude sábia.

Big Phil pareceu não enxergar as coisas com a devida profundidade no decorrer da partida de terça contra o México.

O problema brasileiro estava, como eu disse, na organização, e ele colocou no segundo tempo dois atacantes. Willian entrou apenas nos minutos finais, numa troca tardia e, mais que isso, inútil.

Outra coisa: como manter no banco um jogador como Fernandinho, campeão inglês pelo meu City, quando na sua posição um jogador repete atuações medíocres, como é o caso de Paulinho?

Fernandinho faz, muito melhor que Paulinho, a transição entre defesa e ataque.

Até Chrissie, minha neurastênica e azeda mulher que vive de me contrariar, concorda nisso.

As coisas evidentemente não estão perdidas para o Brasil, embora o empate seja desapontador.

O Brasil pode perfeitamente ser campeão – mas, se isso ocorrer, será uma reedição da campanha de 1994, muito mais à base de entusiasmo e dedicação do que de talento.

Quem achava que Big Phil poderia repetir 2002 se iludiu. O time está muito mais para o Parreira de 1994.

Verdade que o time de 2002 tinha Fenômeno, Rivaldo, Roberto Carlos e Gaúcho e esta, a rigor, tem apenas Neymar entre os excepcionais.

Mas em 2002 não se cometeu um erro tão grosseiro quanto abandonar um craque que, veterano embora, poderia ser o maestro do hexa.

Torço, daqui do pub de Parsons Green, entre pints de Peroni, para que a alegria dos brasileiros com a Copa não naufrague numa eliminação precoce – não nesta fase, que está quase garantida, mas para uma das seguintes, antes da grande final.

Mas, ladies and gentlemen, preparem-se para sofrer a cada partida.

O espírito de Parreira é que está nas chuteiras coloridas, e vocês sabem muito bem o que isso significa.

Scott Moore

Scott moore é um jornalista inglês de 53 anos. Ele passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Revigorado com a vitória dos Blues na temporada 2011/12, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do El Hombre.

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