Eumakh significa música em coreano. Seguido de “.com”, significa um site cuja intenção é promover artistas do K-Pop, ou pop coreano, àqueles que não compreendem a língua asiática.
O site, que funciona como um plugin no Facebook, ainda não está em pleno funcionamento. Nós nos tornamos usuários (a versão “beta” está sendo utilizada por pouco mais de 5 mil pessoas, que têm que passar por uma lista de espera). Sua interface é extremamente fácil, e é o grande diferencial entre a Eumakh e qualquer outro canal do Youtube. Mas também a interatividade é limitada.
O que determinará o sucesso ou fracasso do Eumakh não é sua funcionalidade, mas sua utilidade. Será que há tantos fãs de pop coreano por aí? Ou o Psy foi um estouro à parte?
A história pode nos ajudar: mil novecentos e sessenta e poucos, Invasão Britânica nos EUA. Vários artistas foram à América na cola dos Beatles. Logo, a tendência é que o mesmo aconteça com o Psy, certo?
Errado. As condições eram diferentes. Primeiro, falávamos de um mercado local (americano), com TV e rádio dominando a comunicação (pelo menos no que diz respeito à música), em um país que precisava de ídolos. Este país era politica, financeira e culturalmente dominante no mundo. Quem fizesse sucesso lá, faria em qualquer lugar.
Hoje, falamos de um mercado global. O que determinou o sucesso do Psy foram pessoas que vivem da Sibéria à Argentina. Ainda há influência americana, e é grande, mas não é a mesma daquele momento.
Os EUA também já não precisam de ídolos como naquele momento. A disputa por espaço no mercado americano é enorme. Eles sobram. E sobram em todo lugar. No Brasil, mais ainda.
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A presença da internet como mídia central para a divulgação artística também muda o jogo um bocado. Quando um programador escolhe o sua estação de rádio toca, é mais seguro ir com algo semelhante ao que faz sucesso. Hoje, com a interatividade, o “ouvinte” simplesmente ouve o que bem lhe entende, de forma que, na minha opinião, é muito mais provável que a próxima “ultima bolachinha do pacote” seja de uma outra cultura do que novamente coreana.
Em suma, acho que a ideia do Eumakh é legal, mas não acho que vai pegar – pelo menos, não assim, no mainstream. O Eumakh pode ser um canal direcionado e ter muito sucesso se essa for a intenção. Mas não é o YouTube.
Fiz, de toda forma, uma imersão nele que me deu acesso ao melhor e o pior do pop local.
Uma imensidão de chatices fica no caminho do que há de legal, como acontece em todo lugar. Alguns padrões se destacam: aqueles caras gostam de cores; aqueles caras gostam de tudo que tem forma de balinha; aqueles caras gostam de tudo que parece pelúcia.
Enfim, a grande maioria dos artistas ali parece não ter muita chance no mercado internacional. Não serão novos Psys. Mas uma música me chamou atenção.
A artista se chama Son Ga-In e a música, Bloom. Este trabalho tem os ingredientes necessários. Não quer dizer que vá chegar lá, mas tem os ingredientes para chegar.
Primeiro de tudo: a música é muito bonita. Composição boa, melodiosa, harmoniosa. O arranjo é dance music, mas passeia com classe pela disco e pelo funk. É muito bem cantada e interpretada a música. Me lembra Madonna dos anos 90/00.
O vídeo também é muito bonitinho (exceto por um trecho cafona com um projetor, mas tudo bem). E a dança é muito boa. Muito diferente, como tem sido, por padrão, os últimos grandes sucessos pop internacionais.
Vale a pena assistir. (O vídeo está abaixo deste texto.) Se alguém tem chance de ser um novo fenômeno do K-Pop, é Son Ga-In, aos 25 anos. Os outros, nem mais do mesmo são – são genéricos piores que o original.