Ganhar é importante. Mas não apenas as vitórias e os títulos definem o legado de um atleta. É a sua atitude também.
E o zagueiro são-paulino Rodrigo Caio deu um grande exemplo de caráter no clássico contra o Corinthians, pela semifinal do Paulistão 2017, que não será esquecido tão cedo.
Depois do juiz dar um cartão amarelo ao atacante corintiano Jô por um pisão no goleiro tricolor Renan Ribeiro, ele foi avisado por Rodrigo Caio que, na verdade, ele que havia se chocado acidentalmente com Renan.
O juiz, então, cancelou o cartão de Jô, que estava pendurado e ficaria de fora do próximo jogo, e agradeceu a Rodrigo Caio pela honestidade.
O gesto nobre de Rodrigo Caio não foi bem aceito por todos seus colegas de time. Segundo uma reportagem do GloboEsporte, o técnico Rogério Ceni deu uma bronca nele durante o intervalo pelo fair play.
E Maicon, o capitão do time, afirmou numa coletiva pós-jogo que “prefiro a mãe do adversário chorando do que a minha.”
Essa polêmica toda mostra a grandiosidade do gesto de Rodrigo Caio. O seu fair play não aconteceu numa situação qualquer, mas numa semifinal tensa contra o maior rival do seu time, com os nervos à flor da pele.
Foi uma decisão corajosa num momento difícil. E, assim, Rodrigo Caio virou um símbolo de nobreza não apenas dentro do esporte, mas na vida como um todo.
O gesto de Rodrigo me lembrou – guardadas as proporções – de um filme que vi recentemente. Chama-se “Race”. Ele conta a história de Jesse Owens, um atleta afro-americano durante as Olimpíadas de Berlim 1936, em plena Alemanha nazista. Vale a pena assistir.
Hitler queria demonstrar ao mundo a “superioridade” ariana em relação aos demais povos. O que ele não esperava é que Owens ganhasse quatro medalhes de ouro e virasse a grande estrela das suas Olimpíadas.
O ápice do filme é a prova de salto em distância, na qual Owens quase foi desclassificado durante a fase preliminar. Quando ele estava indo para o último salto, o alemão Luz Long, que era campeão europeu e seu principal rival, foi até Owens para dar a ele alguns conselhos.
Owens o ouviu, se classificou e, na final, derrotou o próprio Long, que ficou com a medalha de prata.
A atitude de Long entrou para a história do esporte. Depois da sua morte, ele foi homenageado em 1964 com a primeira medalha Pierre de Coubertin oferecida pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).
Até hoje ela é presenteada a atletas que valorizam mais o espírito esportivo do que a vitória em si.
Como o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, que foi empurrado por um fanático na maratona de Atenas 2004, quando estava prestes a ganhar, e mesmo assim completou a prova em 3o lugar com um sorriso no rosto.
São gestos como o de Luz Long, de Vanderlei Cordeiro de Lima e, agora, de Rodrigo Caio que fazem o esporte valor a pena. Isso é maior do que qualquer título.
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