Henry Miller // Escritores que todo homem deveria ler #3

Compartilhe

Sempre que estou em Paris, lembro de Henry Miller.

Foi em Paris que ele construiu a maior parte de sua obra grandiosa, em que o sexo se mistura com o lirismo e daí nascem parágrafos soberbos.

Penso numa passagem específica: uma declaração de amor a Germaine, uma prostituta barata, em Trópico de Câncer. Talvez não exatamente a ela, mas à “coisa rosa” que ela levava entre as pernas, “um tesouro”, “um presente de Deus”.

Ele admirava aquele “matagal” e os lábios que o separavam tanto quando estavam unidos como quando estavam separados.

Não me lembro de um outro escritor que tenha transmitido em sua prosa tanta adoração pelas mulheres quanto Henry Miller. A mais comoventa forma de amor: incondicional. A mulher não tinha que ser linda, elegante, rica para Miller encontrar magia, encanto, beleza nela.

É o caso de Germaine.

E, no entanto, as mulheres não lêem Henry Miller, de uma forma geral. E as que rompem com a regra o desprezam como machista. Ou mesmo careca. Piada. (Miller foi vencido cedo pela calvície, conforme se pode ver no ótimo filme “Henry & June”.)

Eu protesto, aqui diante de cada um de vocês – eu protesto, como se fosse um advogado póstumo do grande, incomparável, insubstituível celebrador de mulheres que foi Henry Miller.

Paulo Nogueira

Paulo Nogueira (1956-2017) é o pai de Pedro Nogueira, editor-chefe do El Hombre. "Ele foi meu herói", diz Pedro. "E continua sendo." Ao longo da carreira, dirigiu várias revistas da Abril e da Globo. Também escreveu artigos para o El Hombre que, frequentemente, reeditamos e republicamos no site.

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.

Saiba Mais