Quando Steve Jobs e Steve Wozniak juntaram suas mentes revolucionárias e, de dentro de uma garagem em Cupertino, na Califórnia, trouxeram à vida o projeto que transformaria o mundo da computação pessoal, nenhum deles imaginaria o impacto gigantesco que suas criações trariam ao universo da tecnologia.
Na verdade, quando da oportunidade das vendas das placas-mãe do primeiro apple computer, o grande desafio de ambos era escolher um nome – e um símbolo – que conseguisse a proeza de transmitir às pessoas simplesmente tudo o que eles tinham a propor. Algo que fosse simples e ao mesmo tempo significativo.
Assim surgia o nome da mais valiosa empresa do planeta, a Apple.
Durante toda sua vida, a gigante do vale do silício seguiu o mantra da simplicidade aliada ao estado-da-arte em termos de tecnologia, e atualmente basta que o produto ostente o prosaico logo da maçã para que dispense qualquer tipo de comentário.
Com o passar dos anos a companhia soube como agregar valor à sua marca como poucas e construiu uma história de sucesso tão marcante que pode ser traduzida instantaneamente por um simples logotipo.
É um trabalho árduo, desde o início. O símbolo da empresa de Jobs e Woz pouco mudou durante os anos, mas essa é uma fórmula que não se aplica a qualquer mercado.
A indústria automobilística, por exemplo, que necessita se reinventar constantemente precisa estar atenta às mudanças sem nunca perder os traços que remetem às suas origens, notadamente contadas em seus logotipos. Repaginar de tempos em tempos suas marcas sem perder a identidade é um desafio constante das montadoras.
Neste post, vamos contar um pouco sobre a história dos logotipos de 11 marcas da indústria automotiva, suas origens e seus significados.
Mazda
A Mazda Motor Corporation foi fundada no Japão em 1920 por Jujiro Matsuda e traz em seu nome uma alusão a Ahura Mazda, o Deus zoroastra da sabedoria, inteligência e harmonia. Com sede em Hiroshima, a montadora japonesa só começou mesmo a produzir carros em 1960 quando lançou o pequeno Coupe Mazda R360 de duas portas.
Muito conhecida por tornar popular o motor rotativo (Wankel) e emplacar o famoso MX-5 como campeão de vendas na categoria esportivos de dois lugares, a Mazda teve uma breve passagem por aqui entre 1990 e 2000 até ser descontinuada pela Ford, sua acionista majoritária, por conta de questões de concorrência interna.
Desde 1998 a marca traz em seus veículos um símbolo que remete ao desenho de um par de asas que, ao mesmo tempo, lembra o “M” de seu nome. A ideia, de acordo com a Mazda, era simbolizar o “vôo da companhia em direção ao futuro” e a parte central das asas (ou do “M”) que traz o formato de uma letra “V” simboliza o espírito de criatividade, vitalidade, flexibilidade e paixão propagado pelos seus produtos.
Já o círculo desenhado em volta de toda a figura tem a função de expressar o dinamismo crescente da companhia e o seu compromisso constante de expansão para os próximos séculos.
Subaru
A Subaru é relativamente nova no ramo automobilístico. Fundada no Japão em 1953 por Kenji Kita e Chikuhei Nakajima, a pequena (mas altamente lucrativa) subsidiária do gigantesco conglomerado industrial Fuji Heavy Industries foi pioneira no campo das inovações quando em 1972 passou a incorporar sistemas de tração integral, antes reservados apenas à veículos off-road, aos modelos de passeio convencionais.
É mundialmente conhecida pela qualidade e pela competência de seus modelos em provas de rali.
Em seu logo, a Subaru traz uma reprodução das Plêiades, o conhecido aglomerado de estrelas que faz parte da constelação de Touro. Em japonês, essa mesma constelação recebe o nome de “Subaru”. Ela é facilmente identificada nos céus do Japão e por este motivo tem guiado viajantes por muitos anos.
Mitsubishi
A divisão automobilística da Mitsubishi representa apenas uma parte de um conglomerado gigantesco de empresas fundado em 1870 pelo navegador Yataro Iwasaki que atua nas áreas de mineração, telecomunicação, serviços financeiros, seguros, eletrônica, estaleiros, petróleo, gás, construção e aviação.
Com tantas áreas de abrangência é quase um milagre que eles ainda achem tempo para produzir automóveis. E se levarmos em conta que a Mitsubishi Motors só iniciou suas atividades em 1970 e mesmo assim já ocupa o sexto lugar no ranking das maiores montadoras do mundo, a história fica ainda mais surpreendente.
O logo da Mitsubishi é o resultado da mistura dos símbolos das famílias Iwasaki e Yamanouchi, donas da companhia, que são respectivamente a folha da Castanheira e a folha do Carvalho. Dispostas no formato de um “ventilador”, o logo também é conhecido pelo nome de “Os três diamantes” e é usado desde a fundação da companhia.
BMW
A Bayerische Motoren Werke (fábrica de motores da Baviera) foi fundada em 1916 pelos alemães Karl Rapp e Gustav Otto. No entanto, o objetivo deles ainda não era o de construir automóveis fantásticos, mas sim motores para aviões. Com o final da 1ª grande guerra, veio o tratado de Versalhes e a companhia foi proibida de continuar atuando nesse ramo.
Sendo assim, Karl e Gustav se voltaram primeiramente ao mercado das motocicletas e mais tarde aos automóveis. O resto, como dizem, é história.
O logotipo da marca traz uma história bem interessante.
Há muito tempo atrás, bem lá nos primórdios da empresa, a principal propaganda veiculada pela BMW trazia a figura de um avião visto de frente, com uma grande hélice central que girava formando um círculo dividido em quatro partes. O giro da hélice então permeava o azul do céu ao fundo, produzindo o desenho final.
Fazia todo o sentido, afinal, que maneira seria mais apropriada de documentar a história das origens aeronáuticas da empresa em um logo? E assim, durante muitos anos, essa foi a história propagada inclusive pela própria empresa que explicava a origem do mundialmente respeitado logotipo.
Recentemente – muito recentemente aliás – a BMW veio a público de forma inusitada dizer que pesquisas feitas internamente descobriram que o real intuito do logo era, na verdade, apenas apresentar uma alusão a uma antiga versão da bandeira da Baviera.
Detalhes à parte, o logotipo passou a ser estampado na carroceria dos automóveis da marca a partir de 1928 e, desde então, foi gradativamente se tornando um verdadeiro selo de excelência automotiva.
Ford
A companhia americana detêm nada menos do que o título de precursora mundial na fabricação de automóveis. Ao transformar os carros em produtos de consumo de massa (algo tido como impossível na época), Henry Ford não só pavimentou o caminho de todos os outros que vieram depois dele como também praticamente fundamentou os princípios da indústria automotiva.
Tecnicamente falando, a Ford foi a empresa que praticamente pôs o mundo sobre rodas.
Desta forma, não é nenhuma surpresa descobrir que o logotipo da Ford se resume a um simples losango azul porque tem como objetivo ser isso mesmo: simples e mundialmente conhecido. Assim como a maçã de Jobs. E assim tem sido, desde 1912, quando a Empresa adotou esse layout.
De acordo com a Ford, o objetivo era “produzir uma imagem objetiva que deixasse bem claro que essa seria a marca que lideraria a indústria em três pilares simples: bons produtos, uma empresa forte e um mundo melhor“.
Soa no mínimo grandioso. Assim como as aspirações que Jobs tinha em relação à Apple: não apenas fazer parte da história, mas sim, ajudar a escrevê-la.
Volvo
A gigante sueca conhecida mundialmente pelo pioneirismo na área da segurança automotiva foi fundada em 1927, pelo engenheiro Gustav Larson e o economista Assar Gabrielsson na cidade de Gotemburgo. O nome Volvo em latim significa “eu guio”. Impossível ser mais direto.
Apesar de produzir automóveis de extrema qualidade, o forte da Volvo reside mesmo é na fabricação de caminhões que respondem por 64% de toda sua produção.
O logotipo da Volvo, embora mais pareça um alvo fácil para as feministas mais exacerbadas, na verdade é uma representação ancestral usada para identificar o elemento químico “ferro”. É um dos ideogramas mais antigos da cultura ocidental, usado com o intuito de denotar modernidade, simplicidade e objetividade.
Talvez esse seja também o motivo dos modelos da Volvo trazerem tantos detalhes de metal em seus painéis.
Porsche
A marca alemã fundada por ninguém menos do que Ferdinand Porsche em 1931 dispensa maiores comentários. O ponto mais curioso da sua história talvez seja o fato de que a base utilizada para idealizar e construir um dos carros mais rápidos e exclusivos do planeta foi o singelo Fusca. O primeiro Porsche produzido, o modelo 356 lançado em 1948, praticamente usava metade das peças dele.
O logotipo da marca é uma verdadeira declaração de amor à sua terra natal e em especial à sua cidade sede. Além de utilizar as cores da bandeira germânica, pode-se ler claramente o nome da cidade de Stuttgart estampado bem em seu centro.
O cavalo que aparece logo abaixo, além de representar força e poder também homenageia a longa tradição de Stuttgart na criação de equinos (o próprio nome da cidade deriva de “Stud Farm”, ou fazenda de garanhões em tradução literal).
Os desenhos que aparecem ao fundo vêm do brasão de armas de Württemberg, um ex-estado no sudoeste da Alemanha (que tinha como sua capital Stuttgart, ora vejam só…).
Mercedes-Benz
A história dessa, que é a fábrica de automóveis e veículos comerciais mais antiga do mundo é riquíssima. A empresa foi fundada em 1871 inicialmente com o nome de Benz e Cia pelo alemão Karl Benz. Em 1924, A Benz assinou um contrato de cooperação com a sua maior rival, a Daimler, no intuito de dar um impulso à combalida economia alemã do período pós 1ª guerra mundial.
E, assim, ambas coexistiram por bastante tempo, cada qual produzindo seus próprios automóveis.
Em 1899 a Daimler viria a criar um novo modelo que foi batizado de Mercedes em homenagem à filha de Emil Jellinek, desenvolvedor do automóvel. Em 1929, com a morte do dono da Daimler, a empresa resolveu vender o nome registrado “Daimler”.
Sem muitas opções, Karl Benz teve um daqueles momentos de brilhantismo que acabam se transformando na “pedra fundamental” de toda uma história de sucesso: costurou seu sobrenome ao nome da jovem (valorizado pela boa aceitação do modelo que a homenageava) e dali criou uma das marcas mais respeitadas do planeta.
Por muito tempo ambas empresas tiveram logos distintos. O primeiro esboço da famosa estrela de 3 pontas utilizada pela Mercedes foi criado justamente por Gottllieb Daimler e não possuía ainda o círculo à sua volta, que fora acrescentado mais tarde pelo próprio Karl Benz no momento da criação da marca Mercedes em 1937.
O significado da estrela é bem simples: indica o compromisso da companhia em produzir os melhores motores possíveis para os 3 terrenos disponíveis (ar, terra e água).
Chevrolet
A Chevrolet foi fundada em 1911 pelo engenheiro e piloto de provas Louis Chevrolet e por William C. Durant que também foi o fundador da General Motors. Além da Chevrolet, a GM também é dona das marcas Cadillac, Buick, GMC, Opel, Holden e Vauxhall.
No início Louis trabalhava para Durant, pilotando Buicks em competições promocionais. A ideia de Durant era a de usar o prestígio e a experiência de Louis para construir um novo carro. Logo no primeiro mês de sua existência, a parceria já gerava o primeiro protótipo, chamado de “Six”. Pouco tempo depois a Chevrolet já era uma realidade e fazia parte do grupo GM.
Durant era muito conhecido por gostar de desenhar logotipos para seus produtos. E foi justamente ele que bolou o famoso logo da gravatinha borboleta.
Por muito tempo a história que circulava sobre a origem do emblema dizia que em 1908, numa viagem à Paris, Durant teve sua atenção desviada para o papel de parede do hotel em que estava hospedado. Instigado pela forma do desenho utilizado na padronagem do papel, Durant ainda teria comentado com sua mulher que “este seria um bom logotipo para a Chevrolet”.
Em 1973, no entanto, a viúva de Durant, Catherine, deu uma entrevista ao escritor Lawrence Gustin que na época trabalhava em um livro sobre a vida dele. Nessa entrevista, ela contou que a tal história do hotel francês era mentira e que, na verdade, Durant teria tirado a ideia para o logo da companhia de uma propaganda de carvão publicada em um jornal da Virginia no ano de 1912.
Divergências a parte, o logo passou a ser incorporado aos carros da marca a partir de 1913 e pouco mudou de lá para cá.
Toyota
A japonesa Toyota foi fundada em 1933 sobre as bases de uma sólida companhia familiar que fabricava teares automáticos e é, atualmente, a maior montadora do planeta. O Toyota Corolla, um dos seus modelos mais conhecidos, é o automóvel mais vendido do mundo desbancando o recorde de lendas como o Fusca e o Golf.
O sistema de produção utilizado em suas fábricas, totalmente focado na produtividade e na eficiência, revolucionou a indústria automobilística. E o curioso é que mesmo com todo esse sucesso, a família Toyoda (que optou por batizar a Empresa trocando a letra “d” do nome pelo “t” por questões de numerologia) ainda continua atuando no ramo de têxteis.
As formas ovais presentes em seu logo se cruzam umas com as outras propositalmente, para simbolizar a forte relação de confiança que a marca procura manter com seus clientes. As 3 elipses, que também formam uma letra “T” estilizada, significam o coração do cliente, o coração do produto e o potencial ilimitado de futuras descobertas que nos aguardam.
Particularmente, acredito que esse forte laço de respeito e parceria que a fábrica japonesa insiste em criar com seus consumidores é com certeza um dos maiores responsáveis por todo esse sucesso. Tem muita gente por aí que precisa urgentemente aprender algumas coisinhas com esses caras.
Aston Martin
Motivo de orgulho de toda a indústria automobilística britânica, a empresa fornecedora dos brinquedos preferidos de Sir James Bond foi fundada em 1913 por Robert Bamford e Lionel Martin com o nome de “Bamford e Martin Ltd.”.
Apenas em 1914 é que ela virou Aston Martin, após Lionel Martin bater o recorde do tempo de subida da colina Aston Hill em Buckinghamshire, na Inglaterra, a bordo do primeiro modelo construído pela empresa.
O logo utilizado pelos modelos da Aston ostentam um par de asas que tem como única e exclusiva função significar velocidade. Pura e simplesmente. Reflexo do passado glorioso dos tempos de competição quando a Aston brilhava nas pistas com seus modelos poderosos e de mecânica extremamente avançada para a época.
Assim como a Ford, a Aston optou por um símbolo simples mas que traduz com extrema exatidão a história da companhia.