Fugir do trânsito, fazer o próprio horário, decidir a sua rotina de trabalho, enfim, curtir a liberdade e a plena autonomia. Para muitos, esse é o conceito de home office. E, de fato, pode ser assim, mas enfatizo: home office é para poucos! Para continuar essa conversa, vamos analisar juntos alguns dados sobre o tema.
De acordo com o Top Employers Institute, empresa que pesquisa e certifica as práticas de RH de maior relevância em todo o mundo, 15% das companhias brasileiras instituíram o home office para os seus colaboradores; em 2013 esse índice era de 6%.
O número ainda é baixo se comparamos com outros países. O Reino Unido, por exemplo, tem um dos mais elevados índices, com 65%, seguido pela Holanda, com 60% e de 58% na Alemanha, segundo o mesmo estudo.
Veja que no Brasil, mesmo crescendo em mais de 100% o número de empresas adotando o sistema home office, ainda está muito longe de outros países. Esse baixo índice tem explicação. Ao mesmo tempo em que algumas organizações aderem ao home office, outras desistem de trabalhar nesse sistema. Credito isso a dois fatores cruciais:
1# Cultura organizacional e leis trabalhistas
Muitas empresas não estão preparadas para medir a performance dos profissionais, muito menos daqueles que atuam remotamente. E esse problema se agrava quando constatamos que a legislação vigente não protege o empregador nesse sentido e tem ocasionado problemas trabalhistas, pois alguns profissionais justificam horas extras por enviarem e-mails fora do horário comercial, entre outras pérolas.
2# Imaturidade profissional
Esse é o fator mais preocupante. Infelizmente, muitas pessoas não lidam bem com a liberdade. E nesse momento, a flexibilidade de horário e a livre rotina de trabalho torna-se um grande sabotador. Um profissional indisciplinado e com dificuldade para manter o foco em suas atividades, certamente terá a sua produtividade prejudicada. Flexibilidade necessita de responsabilidade para funcionar.
Além disso, outro fator vem tornando-se cada vez mais evidente no mundo corporativo. As pessoas descobriram que podem empreender com poucos recursos. Basta ter uma especialidade, um computador, um website, um cartão de visita e pronto – surgiu uma nova empresa. E para diminuir os custos iniciais do negócio, o home office mostra a melhor solução.
Mas, o problema apresentado acima – imaturidade profissional – aplica-se nesse caso também. Se você é indisciplinado, não será produtivo, independente se é funcionário ou dono do próprio negócio. Portanto, se você deseja desfrutar de todos os benefícios que o home office traz e ainda assim, obter grandes resultados, algumas dicas podem lhe ajudar:
1# Prioridade é prioridade
Tenha uma agenda diária muito bem definida, elencando as prioridades e mantendo o foco no que precisa ser feito. Você não precisa ter horários inflexíveis, mas as suas tarefas não podem ser flexibilizadas. Se pintar uma vontade de terminar o expediente mais cedo, certifique-se de que não está desprezando as suas prioridades. O “amanhã eu faço” é perigo, fuja disso.
2# Não adianta trabalhar, tem que parecer trabalho
Nada de pijama o dia todo. Ou trabalhar na cama até as 11:00. É home office, é trabalho. Manter um ar de preguiça, naturalmente fará com que o seu desempenho diminua. Arrume-se para trabalhar. Seja profissional!
3# Discipline a sua família e amigos
Não é porque você está em casa que a sua esposa pode lhe chamar para fazer compras as 11:00 e muito menos o seu amigo desempregado pode visita-lo às 15:00 para tomar um cerveja. A vantagem de trabalhar home office é poder almoçar com a família, buscar os filhos na escola. Até ai, tudo bem. Mas, a sua família e amigos precisam saber que naquele determinado horário você está trabalhando. Se você não deixar isso claro, as pessoas invadirão o seu espaço.
Jamais permita que a liberdade seja um tiro no próprio pé. Ser dono da própria rotina é incrível, mas seja sincero consigo mesmo: você pronto para ser livre?