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A importância de saber perder

Um dos maiores xingamentos que um americano típico pode sofrer é ser chamado de loser. Significa “perdedor” em português. A ferida profunda que essa palavra abre em seus brios mostra que a sociedade americana não está preparada para o fracasso.

Derrotas marcantes como o Crash da Bolsa de 1929, a Guerra do Vietnã em 1975, a perda do título Panamericano de basquete masculino para o Brasil de Oscar Schimidt em 1987 ou a bolha imobiliária de 2008 nunca foram devidamente digeridas.

Do lado de cá temos atitudes semelhantes.

Quem já não se sentiu devastado após receber uma péssima notícia?

A verdade é que o brasileiro foi infectado pelo vírus do otimismo exacerbado, que nos faz achar que o pensamento positivo resolve tudo. Acreditamos na tolice de que “Deus é brasileiro”. Muitos de nossos jogadores de futebol acham que serão campeões por conta de sua fervorosa devoção religiosa.

Esse filtro de positividade esconde uma perigosa armadilha: a fragilização do profissional diante dos revezes.

É praticamente proibido em algumas empresas brasileira alguém levantar a hipótese dos planos falharem. Basta que o colega diga “e se a solução não funcionar?” para logo ser interrompido por expressões como “vira essa boca para lá”, ao som de um primitivo “toc, toc, toc” na primeira superfície de madeira que houver por perto.

Estar preparado tanto para o sucesso, quanto para o fracasso, é um bom sinal de que a tão sonhada maturidade profissional está se consolidando. Traçar planos nos impele a perseguir as metas de forma incansável e comprometida, mas também ter uma bela alternativa de solução, caso dê tudo errado.

Não se assuste diante dos insucessos.

Invariavelmente, todos nós temos histórias dessas para contar. Quem disser que nunca experimentou o gosto amargo da derrota estará mentindo.

Lembra das onipresentes biografias de gente famosa?

Muitas de suas narrativas filtram apenas os fatos positivos, os acertos e conquistas do biografado. Quando terminamos de lê-las temos a sensação de que o personagem central da história é uma criatura sobre humana, enquanto nós não somos nada além de seres desgraçados e imperfeitos.

Nada mais falso! Toda trajetória de vida tem um lado obscuro. Não há carreira sem tropeços. A grande diferença entre os vitoriosos e os derrotados está na capacidade de se preparar para o pior e tirar lições dos próprios erros.

Flávio Emílio Cavalcanti
Flávio Emílio Cavalcanti
Flávio Emílio Cavalcanti é professor universitário, consultor organizacional, administrador e mestre em Gestão de Recursos Humanos.