João Braga: “Atualmente o homem voltou a se enfeitar”

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João Braga é um dos maiores entendedores brasileiros de moda. Profissionalmente, ele trabalha na área desde 1985 e já tem diversos livros publicados sobre o assunto.

Ele é graduado em Artes Plásticas e Educação Artística, pós-graduado em História de Indumentária, mestre em História da Ciência e especialista em História da Moda.

Com todo esse conhecimento, obviamente que ele também é professor e já ministrou cursos como “A Cultura da Moda”, “História da Moda” e “Variedades da Moda”.

Então não hesitamos em abordá-lo no São Paulo Fashion Week para conseguir umas dicas de estilo para você, leitor. Eis o que João nos disse:

João, quais são as tendências da moda masculina para os próximos meses?

Falar de moda masculina é falar dos princípios da moda. Nunca foi demérito algum homens se enfeitarem com laços, cores, perucas, salto alto ou qualquer outra parte do universo da moda que o caracterizasse como não só o macho da espécie. Mas essa postura também mira exatamente nos machos das espécies animais, que são muito mais vistosos do que suas respectivas fêmeas.

Como ocorreu esta mudança, então?

Só depois da revolução industrial que o homem deixou de se enfeitar, em meados do século XIX, voltando a se enfeitar novamente a partir dos anos 60. E hoje em dia o homem resgata esta realidade da própria história da moda. Então hoje a subjetividade é uma das grandes características da moda, seja ela feminina ou especialmente masculina.

Você pode nos dar alguns exemplos práticos?

No que diz respeito a algumas possibilidades do uso, eu creio que as calças mais justas, skinny, que o brasileiro se identificou maravilhosamente bem, continue na moda. A estamparia, especialmente para camisas, está muito em alta na atualidade. Meias com botas está sendo super usado também e há uma liberdade muito grande em sandálias. Ou seja, o homem está completamente despojado, inusitado em variações de volume, cores e estampa.

Qual é sua peça ou acessório preferidos?

Sem ser pretensioso, são as minhas camisas João Braga, que sou em quem faz! [rs] Fazer minhas roupas é uma forma de eu tentar ser subjetivo, apesar de eu gostar de outras coisas diversas.

O que não pode faltar no armário de um homem?

Uma bela gravata e um belo par de calçados. É claro que não é só uma gravata ou os sapatos que vão vestir o homem, eles vão complementar. Mas são itens que não podem faltar.

E qual você diria que é o maior erro que os homens cometem ao tentar se vestir?

Ao mesmo tempo que eu gosto das minhas camisas, tem horas que me acho um erro! [rs] Bom, eu acho que o erro é a informalidade levada às ultimas consequências em determinados locais que requer um certo posicionamento social. Então eu acho que esse excesso de informalidade acaba sendo um erro de comportamento e, por extensão, da própria moda. É como diz aquele ditado: “O hábito faz o monstro”. Não que a pessoa não deva ter estilo, mas há determinados locais que requer um roupa apropriada.

Diego Marques

Diego Marques é formado em Rádio & TV pela FAAP; fez um curso de televisão na National Film and Television School, em Londres; e estudou cinema na New York Film Academy.

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