Jogar mal deixa gamers mais agressivos do que conteúdo violento

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“Está ficando preocupado com aquele seu amigo que fica jogando GTA V o dia inteiro? Acha que ele pode se tornar violento por conta do estímulo que o game oferece? Ok, é justo. Mas faria mais sentido se preocupar com sua namorada que vira o corpo inteiro para tentar fazer uma curva com o boneco do Mario Kart e mesmo assim não consegue. Ela sim corre perigo de se tornar violenta.”

Quem nos diz isso é uma pesquisa realizada na Universidade de Oxford e publicada no mês passado na Journal of Personality and Social Psychology. A conclusão do estudo foi de que a falta de prática, controles complicados e jogos que são desnecessariamente difíceis causam frustração nos players e que essa frustração os tornam agressivos. Ou seja, o conteúdo dos jogos tem pouca influência sobre as pessoas se tornarem ou não violentas.

Os pesquisadores fizeram diversos experimentos em que colocaram estudantes para jogar video game e depois realizaram testes de agressividade. Os testes eram simples: foi perguntado aos estudantes o quanto de raiva eles estavam sentindo e posteriormente os pesquisadores notaram como eles reagiram quando tinham a oportunidade de causar dor a um voluntário desconhecido.

O interessante é que os caras modificaram alguns jogos para fazer o teste, possibilitando que houvesse uma versão mais violenta e outra menos violenta do mesmo game. Isso deu uma credibilidade maior a esse estudo em relação a outros com a mesma temática.

O game Half-Life 2 fez parte do experimento. Famoso pela violência, o jogo sofreu alterações pelos cientistas para que se tornasse menos agressivo. Quando essa nova versão foi colocada para os estudantes jogarem, somente alguns tiveram acesso ao tutorial que tinha a intenção de familiariza-los com os controles e jogabilidade da novidade.

A descoberta foi surpreendente: aqueles que não tiveram acesso ao tutorial e que se sentiram mais incompetentes diante da jogabilidade, se mostraram mais agressivos do que aqueles que jogaram a versão normal e dominavam os controles.

“Nós nos focamos nos motivos pelos quais as pessoas jogam video game e descobrimos que elas têm uma necessidade psicológica de se dar bem quando jogam”, é o que diz o Dr. Andrew Przybylski, um dos pesquisadores, segundo essa matéria da BBC. “Essa necessidade de dominar o jogo é um fator muito mais significante do que o conteúdo violento”, completou ele.

O professor Richard Ryan, co-autor do estudo, deixou claro que eles não estão dizendo que a violência nos games não influenciam os jogadores, “mas nossa pesquisa sugere que as pessoas não procuram os jogos violentos para se sentirem agressivas”.

O problema não está também apenas na dificuldade do jogo. Um game que apresenta uma dificuldade “justa”, com desafios possíveis de serem superados, não frustam os jogadores. E por isso o grande objetivo dos desenvolvedores é criar um jogo que seja desafiador, mas que não seja frustrante ou injusto.

Para mim, particularmente, faz todo o sentido. Eu realmente quero quebrar tudo quando não consigo me sentir no controle de um jogo. E o que não falta é vídeo na internet mostrando neguinho destruindo um apartamento inteiro por conta de uma frustração que um game lhe causou.

Por isso, hombre, cuidado. Domine a tabelinha da sua namorada e mantenha o video game trancado no armário quando ela estiver de TPM. Essa pode ser uma combinação mortal.

Thiago Sievers

Co-fundador do El Hombre, é responsável pelo canal do YouTube e pelas parcerias comerciais. Vem trabalhar todo dia de bicicleta e tem um condicionamento de atleta olímpico. É editor também do "Moda Masculina Journal".

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