Vagando pela internet, topei com uma matéria sobre os benefícios de jogar xadrez para as crianças que a Folha publicou algum tempo atrás. “Pesquisas mostram que a prática desenvolve o raciocínio matemático e o pensamento crítico, além de melhorar a imaginação, criatividade e comunicação”, disse ao jornal Antonio Carlos Duarte de Carvalho, coordenador do Núcleo de Xadrez da USP.
Ele também observou: “Para crianças, é um bom apoio ao desenvolvimento na escola.” Como amante do xadrez, gostei de ler isso. Não posso dizer que sou um grande jogador, mas é um hobbie que cultivo com carinho – e me interesso, sobretudo, pela história do esporte, assim como de seus atletas.
Aqui no El Hombre, por exemplo, já escrevi sobre lições de vida que Bobby Fischer e Garry Kasparov, que estão entre os maiores enxadristas da história, nos ensinam. Além disso, entrevistei Rafael Leitão, o melhor jogador do Brasil na atualidade, que falou sobre as dificuldades de jogar xadrez profissionalmente no Brasil. “Pela falta de apoio do governo ao esporte, o enxadrista profissional no Brasil não tem estabilidade financeira alguma”, ele me contou.
Essa é uma realidade que me incomoda, assim como o preconceito que existe em relação ao jogo. Por muitas pessoas ele é visto como um passatempo de “excêntrico”. Mas sabe quem gosta (ou gostava) de jogar xadrez, para ficar apenas em alguns exemplos?
Raios, se eles se enquadram na categoria “nerd”, então realmente não compreendo o seu significado. Isso sem contar que praticamente todos os reis medievais, além de vários presidentes ao redor do planeta, também são praticantes do jogo. O fato é que sempre que a grande mídia dá destaque para o xadrez, isso me traz satisfação. Então aproveitando o gancho da Folha, decidi pesquisar com um pouco mais de profundidade sobre os benefícios do xadrez para a nossa mente.
Na década de 1980, pesquisadores da Venezuela fizeram um experimento com 4 mil crianças. Elas tiveram aulas de xadrez durante 4 meses e, após essa experiência, relataram um aumento no QI. Outro estudo australiano, da Flinders University em 2003, chegou à mesma conclusão.
“Treinar o cérebro é tão importante quando treinar o corpo”, diz o campeão mundial de xadrez Magnus Carlsen. “Ele é como um músculo. Se você não usá-lo, pode perdê-lo.”
Sabe essa história de “treinar o cérebro” que Carlsen falou? Pois é, isso também ajuda a prevenir Alzheimer e demência, segundo um estudo publicado no The New England Journal of Medicine.
No final dos anos 1979, um estudo dividiu jovens de uma escola americana em vários grupos. Um deles jogava xadrez regularmente, o outro mexia no computado — e várias outras atividades participaram da pesquisa. Ao final de 32 semanas, os enxadristas foram o que se saíram melhor em todos os testes de criatividade.
Esta foi a conclusão de um estudo chinês, que comparou a potência cerebral de jogadores experientes e os novatos. O primeiro time, por ter passado mais tempo no tabuleiro, tem uma memória superior e aprende as coisas com mais facilidade.
Este item já foi provado por várias pesquisas nos Estados Unidos, Rússia e por todo o mundo: o xadrez aumenta a nossa capacidade de concentração, algo que é essencial para ter sucesso no jogo — e na carreira, também.
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Note-se que estes são os benefícios do xadrez em nosso poder cerebral. Mas há, além deles, diversas vantagens em praticar o jogo também pelas lições de vida (neste outro texto enumero 10 delas) que ele nos ensina. Convencido a jogar? Você estará em boa companhia!
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