Quando somos forçados a lidar com eventos passados, o arrependimento é inevitável. É completamente razoável pensar que cada um de nós carrega o desejo de ter feito algo de diferente na vida. Como seres humanos, é comum lamentarmos pelas coisas que fizemos, assim como por aquelas que desejávamos ter feito.
Não é que sejamos consumidos pelo arrependimento o tempo todo – mas, quando ele aparece, pode pesar em nossa mente fortemente. Ele pode nos paralisar no cotidiano e retardar nosso processo decisório. E é justamente a fim de evitar tal coisa que, nesse artigo, abordaremos qual a melhor maneira de encarar o arrependimento.
Vale destacar que a filosofia estoica enfatiza que a vida real e atual está contida na brevidade do momento presente – no Agora.
Adicionalmente, o futuro e o passado não estão sob nosso controle. Seguindo a dicotomia do controle, o homem sábio diferencia entre o que pode controlar e o que está além de seu alcance. No entanto, o passado e o futuro encontram-se inseparavelmente conectados ao nosso pensamento e emoções no momento dado.
Em suma, pensar no presente pode evocar memórias de eventos passados, os quais estão fortemente tingidos por uma série de emoções. Para lidar com o arrependimento, deve-se tomar uma posição firme de, antes de mais nada, separar o presente real do passado.
Permitir que o passado influencie o presente, segundo Sêneca, é habitar na imaginação. Devemos lembrar que eventos passados não existem de fato.
Além disso, frequentemente exageramos e reagimos demais aos eventos passados, pois nossas capacidades perceptivas são influenciadas por emoções fortes. Neste cenário, lidamos, em parte, com algo imaginário. Para citar Sêneca:
“Nós sofremos mais na imaginação do que na realidade.” – Sêneca
O que, portanto, deveríamos fazer com o passado onde nossos arrependimentos residem? Devemos tentar esquecê-lo, mesmo sendo incontrolável e potencialmente prejudicial? A próxima citação de Sêneca lida bem com esta questão:
“A vida é muito curta e ansiosa para aqueles que esquecem o passado, negligenciam o presente e temem o futuro” – Sêneca
Muitos podem interpretar erroneamente a natureza do presente, do passado e do futuro na filosofia estoica. Os estoicos nos instam a focar no momento presente, não negligenciando o passado nem o futuro. Contudo, é prejudicial focarmos no que reside no passado ou no que possivelmente acontecerá no futuro.
“A vida de todo homem está no presente; pois o passado já foi consumido e feito, e o futuro é incerto.” – Marco Aurélio
Portanto, cabe a nós sermos capazes de permanecer impassíveis quanto ao passado e ao futuro, em vez de denunciá-los. Denunciar o passado é o mesmo que fugir dele. Permanecer impassível diante do passado significa que você não esqueceu-o, mas se reconciliou com ele. Não é possível mudá-lo, mas é possível deixar de sentir-se incomodado com ele. É somente após atingirmos esse estado de espírito que conquistamos a nossa liberdade.
Arrependimentos passados frequentemente brotam de pensamentos nos quais imaginamos uma situação que talvez pudéssemos ter evitado, se tivéssemos agido diferentemente. Seguindo esse caminho, uma pessoa jamais pode estar satisfeita, porque não existem maneiras possíveis de mudar o que já aconteceu. No entanto, se você se conectar com o momento presente e sentir-se satisfeito e contente em meio a ele, poderá influenciar o futuro sem arrependimentos.
“É um homem sábio aquele que não se entristece pelo que não tem, mas se alegra pelo que tem.” – Epicteto
Artigo escrito por Igor Jankovic no site The Wise Mind, traduzido ao português pelo El Hombre.
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