Olá, senhores! Este é o quinto capítulo de uma série de 6 artigos que André Massaro, um dos maiores educadores financeiros do Brasil, está produzindo para ajudar os leitores do El Hombre a conquistarem a tão sonhada independência financeira. Fique ligado para não perder nenhum capítulo desta série.
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Por ANDRÉ MASSARO
Nas finanças pessoais, existem dois “mundos”: o primeiro mundo é o “mundo do dinheiro faltando”, onde tratamos de temas como consumo, endividamento e planejamento financeiro. O segundo mundo é o “mundo do dinheiro sobrando”, onde tratamos de temas como investimentos, empreendedorismo e aposentadoria.
Este artigo (da série “Maestria Financeira”) marca o momento em que a gente atravessa a fronteira do “mundo do dinheiro faltando” para o “mundo do dinheiro sobrando”. No artigo anterior da série (“Como planejar suas finanças”), falamos sobre o planejamento financeiro e, se tudo foi feito corretamente até aqui, você já deverá estar com dinheiro sobrando (ou, pelo menos, estará no caminho para ter dinheiro sobrando, em breve).
Obviamente, é melhor ter dinheiro sobrando do que faltando. Mas, ainda assim, ter dinheiro sobrando é uma situação angustiante, pois temos que decidir o que fazer com esse dinheiro. Uma resposta rápida e fácil é, simplesmente, “gastar tudo”. Só que direcionar o dinheiro que sobra para o consumo nos coloca em uma situação de fragilidade (e nos deixa mais afastados do sonho da independência financeira).
Então, precisamos nos preparar para ter sucesso nos investimentos e não cair nas diversas armadilhas e erros que assombram investidores iniciantes (e até mesmo alguns investidores mais experientes).
Uma definição (daquelas de dicionário) do que é investir é dizer que é “empregar capitais com o objetivo de obter lucro”. Eu gosto de definir investimento como uma troca – troca de “curto prazo” por “longo prazo”. Investir significa fazer sacrifícios no curto prazo para ter vantagens e conforto no longo prazo.
Não acredita? Então veja só: você deixa de gastar seu dinheiro hoje para investir em ações (ou algum outro ativo financeiro). Você sacrificou seu prazer de curto prazo (o gasto que ia fazer hoje) em favor do longo prazo. No longo prazo, se tiver investido consistentemente, talvez tenha uma carteira de ações que te pague dividendos que o permitam parar de trabalhar, se quiser.
Ou você se matricula na faculdade. Você vai sacrificar tempo e dinheiro (poderia se divertir e aproveitar a juventude), mas, ao investir em sua formação acadêmica, você terá (espera-se) uma vida profissional mais bem sucedida e um futuro mais confortável.
Ou, ainda, você pode abrir mão de comer aquele bolo de chocolate (ou tomar aquela cerveja com os amigos), mas vai estar em forma e saudável no futuro. Você sacrificou o prazer de curto prazo para ter um prazer maior lá na frente. Todas as situações que eu descrevi são, de alguma forma, “investimentos”. Por essa ótica, “investir” é trocar um benefício de curto prazo (fazendo um sacrifício) por um benefício ainda maior no longo prazo.
Como você já deve ter percebido, investir não é uma coisa fácil nem natural para nós, seres humanos. Temos grande dificuldade (graças ao passado evolutivo de nossa espécie) com essa coisa de “sacrificar o curto prazo em favor de um benefício de longo prazo”.
É por isso que dietas, planos profissionais e planos de investimento falham… Então, para aumentarmos nossas chances de sucesso, é importante estabelecer objetivos. E esses objetivos devem ser suficientemente fortes e motivadores para te permitirem lutar contra sua própria natureza (que é imediatista, não está nem aí para o longo prazo e só quer saber da gratificação imediata).
Defina, para si, um objetivo. Não invista apenas “por investir”, pois são grandes as chances de que você não conseguirá ter consistência nos seus investimentos se for por esse caminho. Escolha aquele objetivo que realmente faz seus olhos brilharem. Seja uma aposentadoria antecipada, adquirir um bem de alto valor (um imóvel, por exemplo) ou ter um estilo de vida invejável. Se você tiver um objetivo definido, claro e que te motive, você já venceu metade da batalha.
O próximo passo, para ter sucesso nos investimentos, é saber o seu perfil de investidor. Essa é uma das lições mais básicas e, ao mesmo tempo, mais negligenciadas do mundo dos investimentos. Existem três perfis básicos de investidor: o conservador, o moderado e o agressivo.
O investidor conservador é aquele que prioriza a segurança e a disponibilidade dos recursos (a liquidez). O agressivo é aquele que prioriza retornos e se dispõe a correr riscos maiores. O moderado é o que fica “no meio do caminho”.
No mundo dos investimentos, existe uma relação direta entre retorno e risco. Quanto maior o retorno potencial, maior será o risco. A correta definição do perfil de investidor ajuda a determinar os níveis de risco adequados para nós.
Quando você abre conta em uma instituição que distribua ativos financeiros para investimento, você é obrigado a fazer um teste chamado “Análise do Perfil de Investidor” (ou API). É um teste de múltiplas escolhas que vai ajudar a determinar qual é o seu perfil.
Esse teste ajuda (e muito), mas não é o suficiente. É importante que você faça uma autoanálise profunda para saber qual é realmente o seu perfil. Até mesmo porque muitas pessoas têm uma visão distorcida de si próprias, e se acham muito mais “ousadas” do que realmente são.
Por isso, um trabalho mais aprofundado para entender o próprio perfil de investir é, antes de tudo, um exercício de autoconhecimento, que pode te beneficiar não só nos investimentos, mas em todas as áreas de sua vida. Então, após definir seus objetivos, o próximo passo é saber seu perfil de investidor.
Uma vez que você já tenha objetivos e já saiba seu perfil de investidor, você já pode começar a definir como será sua carteira de investimentos (sim, “carteira” – é importante diversificar entre vários investimentos para diluir os riscos). Existem duas grandes famílias de ativos financeiros: os ativos de renda fixa e de renda variável.
➤ ATIVOS DE RENDA FIXA: Os ativos de renda fixa são aqueles que representam empréstimos e têm, como remuneração, juros. São ativos de renda fixa a popular Caderneta de Poupança, CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e os títulos públicos do Governo Federal, negociados através do Tesouro Direto.
Quando investimos em caderneta de Poupança, CDBs ou quaisquer outros títulos bancários, estamos emprestando nosso dinheiro para o banco e ele nos paga juros. O banco vai pegar nosso dinheiro e emprestar para outras pessoas (por uma taxa bem maior, naturalmente). Só que o banco assume o risco dessa operação.
Por isso, para nós, investidores, é muito mais seguro emprestar para o banco do que, diretamente, para quem vai usar o dinheiro (ainda que a gente receba menos).
Já quando investimos em títulos públicos (Tesouro Direto), estamos emprestando para o Governo, que usa nosso dinheiro para controle da inflação (aquilo que se chama, no jargão, de “política monetária”) ou para financiar o déficit público.
Emprestar para bancos ou para o Governo é algo que, como regra geral, é muito seguro. Só que os retornos são limitados à taxa de juros da operação.
Isso significa que investimentos em renda fixa (pelo menos os mais populares, que são títulos bancários e do Governo) são investimentos com potencial de retorno baixo, mas com risco igualmente baixo. Por esta razão, os investimentos em renda fixa são, tipicamente, associados com perfis de investidor mais conservadores.
➤ ATIVOS DE RENDA VARIÁVEL: Ativos de renda variável são aqueles que representam a propriedade de algo. Os mais conhecidos investimentos em renda variável são as ações de empresas (negociadas na bolsa de valores) e os imóveis.
Uma das características dos ativos de renda variável é que o retorno não está limitado à taxa de juros. Uma ação, por exemplo, pode (ao menos potencialmente) se valorizar rumo ao infinito.
O mesmo vale para um imóvel. Não há nenhuma lei ou contrato que “impeça” um imóvel de se valorizar acima de determinado nível de preços. Porém, do mesmo jeito que valoriza, pode desvalorizar…
Na renda fixa, por se tratar de um empréstimo, o risco de perda é bastante diminuído (só acontece se você levar um calote, o que é algo remoto no caso do Governo e pouco comum no caso dos bancos). Mas, na renda variável, por conta das flutuações de preços dos ativos (daí o nome “variável”), o risco de perda financeira é bem maior.
Enfim, na renda variável as possibilidades de ganho são grandes, mas os riscos são igualmente grandes. Por isso, os investimentos em renda variável são, tipicamente, associados com perfis mais agressivos.
Então, para finalizar, assumindo que você já tenha feito seu planejamento financeiro, já tenha definido seus objetivos e já tenha determinado seu perfil de investidor, seu próximo passo é conhecer melhor os ativos financeiros (tanto de renda fixa quanto de renda variável), determinar qual é a melhor composição de carteira para o seu perfil e “mãos à obra”!
E, para te ajudar nessa missão, eu preparei um guia de estudos, especialmente para quem está iniciando na jornada dos investimentos.
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André Massaro é autor, consultor, professor e palestrante especializado em Finanças, Investimentos, Economia e Tomada de Decisões. É um dos mais conhecidos e experientes educadores financeiros do Brasil e, mais que isso, é alguém que acredita que o dinheiro não é tudo, mas a liberdade financeira é o caminho para a liberdade pessoal. Site: www.andremassaro.com.br
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